Assunto: Re: A rodar XLVIII Sex Fev 18 2022, 15:31
Entrou agora um álbum que queria á bastante, foi uma das últimas aquisições.
Tankado Membro AAP
Mensagens : 806 Data de inscrição : 29/01/2016 Idade : 32 Localização : Leiria
Assunto: Re: A rodar XLVIII Sáb Fev 19 2022, 22:01
anibalpmm Membro AAP
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Assunto: Re: A rodar XLVIII Dom Fev 20 2022, 01:10
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TD124 Membro AAP
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Assunto: Re: A rodar XLVIII Dom Fev 20 2022, 09:57
anibalpmm escreveu:
Quando vi a capa desse album, que não conhecia de todo, não pude deixar de pensar ao album do Wayne Shorter (Juju) e ao mesmo tempo que se tratava de um grupo moçambicano. Coscuvilhei um pouco e aprendi que o album era de 1972/73 correspondendo aos finais da guerra colonial portuguesa... alguns musicos sul-africanos jà tinham abordado esse tema e fiquei ainda mais curioso. Aprendi que Juju quer dizer vàrias coisas e isto consoante o idioma... aprendi também que o grupo é americano mas com um percussionista sul-africano exilado, talvez dai essa sensibilidade especifica ao destino do Moçambique. Gostei do que ouvi que nmho se engloba num free post-Ayler e que ao mesmo tempo é demonstrativo de uma época aonde os ultimos valores do colonialismo ocidental estão a desaparecer uns apòs os outros. Obrigado amigo Anibal por esta descoberta...
PS: Para os que gostam do periodo dourado do Jazz deixo a trilogia Next Stop Soweto que engloba alguns dos musicos sul-africanos, na maioria desconhecidos, que produziram peças magnificas durante esses periodos sombrios, para lembrar ou não esqueçer...
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TD124 Membro AAP
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Assunto: Re: A rodar XLVIII Dom Fev 20 2022, 10:29
Este album profundamente e simbolicamente antimilitarista foi criado como resposta à guerra das Malvinas, ela mesma contemporânea da primeira guerra do Afeganistão. Devia ser mais uma reflexão entre a eterna dicotomia sobre a guerra e a paz e a cristalisação do velho sonho europeu de pacificação. Quarenta anos apòs a sua saida este album jà saltou vàrias vezes, demasiadas na verdade, da sua estante para lembrar que aqui e acolà a guerra continua a ser uma realidade e a paz uma utopia. Como um simbolo da nossa loucura, ou impotência, hoje roda de novo e não pelo prazer de escutar apazigaduamente esta bela obra mas pela angustiante lucidez alegórica que a torna ainda e sempre actual, mas até quando ca%$lho?...
Pink Floyd_The Final Cut
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TD124 Membro AAP
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Assunto: Re: A rodar XLVIII Dom Fev 20 2022, 11:06
Tankado escreveu:
Amigo Tankado, não conheço o grupo mas fez-me pensar assim de repente à urgência ritmica dalgumas faixas dos Clash mas com uma voz mais fm e arranjos pop... para começar o dia vém a calhar! Não pude deixar de ver no travelling da câmera todos os simbolos pregados na parede aonde me sobressaiu o gosto pelos Beatles e Iron Maiden. Também não pude me impedir de pensar ao meu quarto na faculdade... muitissimo menos arrumado e estético é verdade, mas aonde os simbolos eram comparàveis pois havia ao menos o Boss, Joy Division e Clash, do que me lembro é claro pois não são lembranças de ontém. Digo-lhe jà, no caso em que não saiba, que a musica é um virus que não tém cura e não hà outro remédio que de alimentà-lo quotidianamente e isto até ao fim! Espero que muitos outros simbolos venham a revestir as suas paredes e estofar a sua alma... serà bom sinal
Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: A rodar XLVIII Dom Fev 20 2022, 14:13
Para mim o melhor de 2022 até ao momento, parece-me que vai fazer escola. Difícil de qualificar "em caixas" mas absolutamente viciante.
Anexos
R-21933142-1643411646-7288.jpg
Black Country New Road - Ants from up There
Você não tem permissão para fazer download dos arquivos anexados.
(110 Kb) Baixado 11 vez(es)
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TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 58 Localização : França
Assunto: Re: A rodar XLVIII Dom Fev 20 2022, 14:59
Muitos albuns apareçem como manifestos das direções que toma o mundo... são uma visão interior do artista e por isso sempre subjectiva. Este disco vém de saltar da estante pois o Brendan Perry foi citado por aqui recentemente e também porque é uma obra que paralelamente possui uma reflexão social. Os temas sobre a ecologia, guerra, corrupção, fractura social e identidade são actuais e vão encontrar resposta(s) em cada ouvinte. Album solitario e integralmente esculpido pelo senhor Dead Can Dance o Ark erige a electronica como instrumento e alicerce musical da obra. Não é uma atmosfera serena mas aqui e acolà, sobretudo nas entrelinhas, apareçe um raio de luz, mais induzido do que explicito diga-se. Fica no ouvinte o sentimento de uma obra de autor madura e algo hermética que exige uma escuta atenta afim de aceder aos multiplos simbolos...
Brendan Perry_Ark
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TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 58 Localização : França
Assunto: Re: A rodar XLVIII Dom Fev 20 2022, 15:31
Alexandre Vieira escreveu:
Para mim o melhor de 2022 até ao momento, parece-me que vai fazer escola. Difícil de qualificar "em caixas" mas absolutamente viciante.
Estou a escutar essa doce maluquiçe que me leva para vàrios horizontes que me fazém pensar em diferentes colectivos como os Pogues, Arcade Fire, Yndi Halda, Laura ou Neutral Milk Hotel com uma voz gémea do David Martin (iLikeTrains)... tudo isto com um saxofone e piano que muitas vezes me faz pensar ao E Street Band da época Roy Bittan e Clarence Clemons! Fogo, é verdadeiramente uma gerigonça genial e por instantes altamente sedutora e adictiva, grande baterista! Obrigado pela descoberta que vai jà para a wish list ou directamente para o cesto da Amazon...
Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: A rodar XLVIII Dom Fev 20 2022, 19:49
Obrigado Paulo,
Eu não oiço quase mais nada faz uma semana
Vamos ver se consigo entrar normalmente no fórum, porque o sistema anti vírus não deixa em outros computadores
anibalpmm Membro AAP
Mensagens : 9728 Data de inscrição : 05/03/2012
Assunto: Re: A rodar XLVIII Seg Fev 21 2022, 16:42
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Ghost4u Membro AAP
Mensagens : 14065 Data de inscrição : 13/07/2010 Localização : Ilhéu Chão
Assunto: Re: A rodar XLVIII Seg Fev 21 2022, 20:17
Tankado escreveu:
Bonita mesa acolhedora de equipamento hi-fi
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Ghost4u Membro AAP
Mensagens : 14065 Data de inscrição : 13/07/2010 Localização : Ilhéu Chão
Assunto: Re: A rodar XLVIII Seg Fev 21 2022, 20:20
TD124 escreveu:
Brendan Perry_Ark
Esse bom registo roda com frequência no Auditório Fantasma.
Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: A rodar XLVIII Sex Fev 25 2022, 09:29
Ghost4u escreveu:
TD124 escreveu:
Brendan Perry_Ark
Esse bom registo roda com frequência no Auditório Fantasma.
Normalmente usa-se esse registo para impressionar as visitas. Está muito bem editado!
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 58 Localização : França
Assunto: Re: A rodar XLVIII Sex Fev 25 2022, 14:42
Vivi vàrios anos na Ucrânia então... toca Spanish Bombs hoje!...
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anibalpmm Membro AAP
Mensagens : 9728 Data de inscrição : 05/03/2012
Assunto: Re: A rodar XLVIII Sex Fev 25 2022, 15:54
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 42 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: A rodar XLVIII Sex Fev 25 2022, 19:15
Há algum tempo que este álbum não rodava por aqui, mas o final de tarde/princípio de noite "pedia" algo assim:
A primeira faixa lembra o mundo de Jaco Pastorius, ainda que a composição seja de Mangelsdorff... é algo pesada... Na segunda faixa a animação no palco faz-se sentir, a linha de baixo tem sempre o peso característico de quem toca, mas do outro lado há quem "dialogue" de outra forma. Para quem nunca ouviu e gosta de um grande trabalho de bateria, aconselho - Alphonse Mouzon tem uma noção de ritmo incrível, os toques nos pratos parecem reais na sala... a bateria está bem gravada.
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 58 Localização : França
Assunto: Re: A rodar XLVIII Dom Fev 27 2022, 13:57
Este topico é deveras interessante pois é simultaneamente um espaço de descoberta assim que um revelador das nossas sensibilidades. Ném sempre existe comunhão com o que é partilhado e é perfeitamente normal mas... algo subsiste sempre que pode nos ajudar mais tarde pois a porta da musica ném sempre é facil de abrir. Doutras vezes apareçe algo que como uma cometa nos atravessa e sabemos imediatamente que vai ficar muito tempo na nossa orbita... foi o caso comigo e este album! Apresentado pelo amigo Alexandre ele fez-me o mesmo efeito do que o Tranquility Base hà anos atràs... uma bofetada intelectual e uma lufada de ar fresco num mundo musical que me cheira a bolor por vezes. Ném sempre é facil compreender porque razão algumas obras nos entusiasmam desde a primeira escuta e outras não... por vezes mesmo apòs vàrias tentativas. Aqui é-me facil de compreender pois nesta musica de uma riqueza superlativa està subentendido muito do que me toca... minimalismo poético, ardor teatral, paixão, contradição, complexidade, monumentalismo épico, exigência artistica e honestidade intelectual! Esta malta escutou Glass, Nyman, Reich e Riley é certo e mesmo evidente quando nos debruçamos sobre a extraordinaria faixa Snow Globes! O Alexandre achou esta obra aditiva... eu acho-a magnética e hipnotica e por momentos complétamente alucinada e alucinante. Ele achou-a inclassàvel e é o unico ponto aonde não estou de acordo pois isto é post-rock e do puro... ponham isto urgentemente nas prioridades de escuta e no formato que quizerem, mesmo em MP3!!!...
Black Country New Road_Ants from Up There
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Alexandre Vieira Membro AAP
Mensagens : 8560 Data de inscrição : 11/01/2013 Idade : 54 Localização : The Other Band
Assunto: Re: A rodar XLVIII Seg Fev 28 2022, 10:10
TD124 escreveu:
Este topico é deveras interessante pois é simultaneamente um espaço de descoberta assim que um revelador das nossas sensibilidades. Ném sempre existe comunhão com o que é partilhado e é perfeitamente normal mas... algo subsiste sempre que pode nos ajudar mais tarde pois a porta da musica ném sempre é facil de abrir. Doutras vezes apareçe algo que como uma cometa nos atravessa e sabemos imediatamente que vai ficar muito tempo na nossa orbita... foi o caso comigo e este album! Apresentado pelo amigo Alexandre ele fez-me o mesmo efeito do que o Tranquility Base hà anos atràs... uma bofetada intelectual e uma lufada de ar fresco num mundo musical que me cheira a bolor por vezes. Ném sempre é facil compreender porque razão algumas obras nos entusiasmam desde a primeira escuta e outras não... por vezes mesmo apòs vàrias tentativas. Aqui é-me facil de compreender pois nesta musica de uma riqueza superlativa està subentendido muito do que me toca... minimalismo poético, ardor teatral, paixão, contradição, complexidade, monumentalismo épico, exigência artistica e honestidade intelectual! Esta malta escutou Glass, Nyman, Reich e Riley é certo e mesmo evidente quando nos debruçamos sobre a extraordinaria faixa Snow Globes! O Alexandre achou esta obra aditiva... eu acho-a magnética e hipnotica e por momentos complétamente alucinada e alucinante. Ele achou-a inclassàvel e é o unico ponto aonde não estou de acordo pois isto é post-rock e do puro... ponham isto urgentemente nas prioridades de escuta e no formato que quizerem, mesmo em MP3!!!...
Black Country New Road_Ants from Up There
Eu diria que é inqualificável! Acho-o um disco de charneira de algo diferente que aí vem. Mas que é viciante é.
tomaz Membro AAP
Mensagens : 355 Data de inscrição : 21/10/2010 Idade : 51 Localização : Vila Nogueira de Azeitão
Assunto: Re: A rodar XLVIII Ter Mar 01 2022, 14:22
Desde o tempo de Spacek que o sigo. Agora entranhou-se nalguma, muitas, estéticas que por aí polulam, mas Steve Spacek tem um desígnio e um universo muito singulares. E prossegue o seu caminho.
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anibalpmm Membro AAP
Mensagens : 9728 Data de inscrição : 05/03/2012
Assunto: Re: A rodar XLVIII Ter Mar 01 2022, 15:11
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José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 42 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: A rodar XLVIII Ter Mar 01 2022, 17:56
Alexandre Vieira escreveu:
TD124 escreveu:
(...) Ele achou-a inclassàvel e é o unico ponto aonde não estou de acordo pois isto é post-rock e do puro... ponham isto urgentemente nas prioridades de escuta e no formato que quizerem, mesmo em MP3!!!...
Black Country New Road_Ants from Up There
Eu diria que é inqualificável! Acho-o um disco de charneira de algo diferente que aí vem. Mas que é viciante é.
É um gosto ver este álbum por aqui, ele já havia sido tema de conversa com o Tomaz, mas é sempre bom ser lembrado.
O primeiro álbum da banda é uma espécie de homenagem aos Slint (gosto mais, é mais cru), este segundo está no caminho para se encontrar com os Van der Graaf Generator (convido a ouvirem uma e outra banda, a relaçãp e tom da voz com o saxofone...).
Os Black Country, New Road são jovens e estão a criar as bases para algo sustentável.
tomaz escreveu:
Desde o tempo de Spacek que o sigo. Agora entranhou-se nalguma, muitas, estéticas que por aí polulam, mas Steve Spacek tem um desígnio e um universo muito singulares. E prossegue o seu caminho.
(...)
O Tomaz com pezinhos de lã vai apresentando propostas muito boas e actuais. Ouvi a faixa do vídeo e gostei, esse R&B com a frescura da electrónica serve muito bem a voz do senhor. A explorar via Tidal.
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José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 42 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: A rodar XLVIII Ter Mar 01 2022, 17:58
anibalpmm escreveu:
Conte Aníbal, conte como é a experiência de escutar esse álbum via fita. (Tem o vinil, certo? Fica melhor assin?)
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José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 42 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: A rodar XLVIII Ter Mar 01 2022, 18:26
Não sou dado a sinalizar o final da vida de alguém, ouvir o álbum que se segue não pertence a nenhum ritual de homenagem. Mark Lanegan faz-me companhia desde que o conheci, a voz dele tocou-me como muito poucas. Senti como sinto ainda hoje uma capacidade singular de entregar as palavras, os significados e as referências das palavras, o Mundo! Ando numa fase de o ouvir com alguma insistência, as recentes notícias não mudaram a vontade.
Mark Lanegan - The Winding Sheet (1990).
Para quem não conhece, permita-se a escutar o primeiro álbum da carreira a solo... já tinha muita vida e experiências, apesar de jovem ele já tinha muito para contar.
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anibalpmm Membro AAP
Mensagens : 9728 Data de inscrição : 05/03/2012
Assunto: Re: A rodar XLVIII Ter Mar 01 2022, 18:59
José Miguel escreveu:
anibalpmm escreveu:
Conte Aníbal, conte como é a experiência de escutar esse álbum via fita. (Tem o vinil, certo? Fica melhor assin?)
Não tenho o vinil Mas o que é certo é que o RtR tem uma energia muito própria, facilmente a música dança à minha frente
tomaz Membro AAP
Mensagens : 355 Data de inscrição : 21/10/2010 Idade : 51 Localização : Vila Nogueira de Azeitão
Assunto: Re: A rodar XLVIII Ter Mar 01 2022, 19:03
José Miguel escreveu:
Não sou dado a sinalizar o final da vida de alguém, ouvir o álbum que se segue não pertence a nenhum ritual de homenagem. Mark Lanegan faz-me companhia desde que o conheci, a voz dele tocou-me como muito poucas. Senti como sinto ainda hoje uma capacidade singular de entregar as palavras, os significados e as referências das palavras, o Mundo! Ando numa fase de o ouvir com alguma insistência, as recentes notícias não mudaram a vontade.
Mark Lanegan - The Winding Sheet (1990).
Para quem não conhece, permita-se a escutar o primeiro álbum da carreira a solo... já tinha muita vida e experiências, apesar de jovem ele já tinha muito para contar.
Justamente o meu ponto. No dia da notícia tinha estado a ouvir as colaborações com a Isobel Campbell e descobrir outras. Tem uma obra a solo e colaborações que para mim são obrigatórias, dado o carácter único da sua voz e da forma como através dela entregava toda uma míriada de profundas emoções humanas. A questão do final de vida neste caso como noutros, para mim o que trazem é a perda da possibilidade de desenvolverem mais arte. Este homem tudo o que assinava é top. Fiquei chocado com a sua perda. Lamentei também muito a ida de Johann Johansson pelas mesmas razões, só para lembrar outro que também adoro a música.
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 42 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: A rodar XLVIII Ter Mar 01 2022, 19:33
O que o Tomaz veio lembrar...
Não é Mark Lanegan e Isobel Campbell, mas o registo deste Tom Waits and Crystal Gayle que está a rodar lembra esse outro duo. Gosto muito do contraste das vozes e do que é possível transmitir com cada uma das densidades que essas vozes conseguem dar ao que dizem (até uma palavra pequena pode ter muita densidade e por isso peso).
Enquanto há memória, há vida. Acredito que a obra do Mark Lanegan ainda vá ter a visibilidade que merece.
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José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 42 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: A rodar XLVIII Ter Mar 01 2022, 19:36
anibalpmm escreveu:
Não tenho o vinil Mas o que é certo é que o RtR tem uma energia muito própria, facilmente a música dança à minha frente
Faz muito tempo que não ouço nada pela via de fita, mas a experiência tem algo de especial - há uma (quase) materialização do som (por vezes falamos aqui em casa, por melhor que toque o DAC com ficheiros, depois colocamos um disco no Lenco e o som ganha outro corpo... há dias e discos que pedem isso).
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TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 58 Localização : França
Assunto: Re: A rodar XLVIII Qua Mar 02 2022, 21:43
Hà trinta e dois anos atràs quando parti de Kiev prometi(me) que nunca mais voltaria... respeitei essa promessa! Voltei revisitar varias das ex-republicas da URSS mas nunca mais a Ucrânia, sou um sentimentalista radical! Hoje de regresso da Catalunha passei na casa da minha ex-esposa que viveu comigo em Kiev e que ainda tém na sua cave vàrias caixas de vinis dessa época, escolhi um muito especial. Disse hà pouco tempo noutro topico que quando se esqueçe a historia ela apressa-se de nos lembrar... isto é tão valido para os paises quanto para as pessoas! Venho de meter no prato um "poeta classico" da musica russa anti-soviética cantada em françês... que ironia deliciosa. Quando o passado ressoa com a força do presente e nos apareçe como uma forma de premeditação ignorada, tomamos consciência da fragilidade do amanhã. Escuto Vladimir Vyssotski cantar na lingua do Moliére e digo-me que ao menos hà algo de universal nesta terra, a Arte! Evidentemente, sempre disse que para mim a musica cantada é um exercicio artistico menor... não é ném musica ném literatura e não valorisa nenhuma em particular, mas funciona pela facilidade nmho! Fico-me simplesmente pelas palavras encantatorias e simbolicas e por isso o fui buscar:
... Porquê, gostaria de saber porquê, porquê Ele chega demasiado cedo o fim do baile São sempre os pássaros e não as balas que paramos no meio do vôo...
Ghost4u Membro AAP
Mensagens : 14065 Data de inscrição : 13/07/2010 Localização : Ilhéu Chão
Assunto: Re: A rodar XLVIII Qua Mar 02 2022, 22:32
Em Janeiro de 2019, Patrik Mulcahy (contrabaixo), Jon Deitemyer (bateria), Neal Alger (guitarra) e Jim Gailloreto (saxofone tenor), partilharam um estúdio de Chicago com Patricia Barber. Desse encontro, resultou a gravação de nove temas, dos quais um é original e outro - «Samba de uma nota só» - é cantado em português. Editado em 2021, «Clique!» representa o regresso da pianista aos registos discográficos, cujo primeiro álbum viu a luz do dia em 1989.
(Impex Records, IMP3303)
tomaz Membro AAP
Mensagens : 355 Data de inscrição : 21/10/2010 Idade : 51 Localização : Vila Nogueira de Azeitão
Assunto: Re: A rodar XLVIII Qui Mar 03 2022, 10:06
Legss - Doomswayers
Mais um nome a reter na cena designada como post-bréxit. Doomswayers tem de ser escutado integralmente para se poder aferir o disco e o conjunto dos seus temas.
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 58 Localização : França
Assunto: Re: A rodar XLVIII Sex Mar 04 2022, 20:45
Em busca de lirismo roda isto... rock de camara acustico e sensivel! Faz bem o trabalho esperado... Anathema_Hindsight
DSales Membro AAP
Mensagens : 234 Data de inscrição : 21/02/2013 Idade : 42 Localização : Porto Judeu A.Heroismo
Assunto: Re: A rodar XLVIII Sex Mar 04 2022, 22:11
Hoje vai rodar Zoot Sims... [/url]
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 58 Localização : França
Assunto: Re: A rodar XLVIII Dom Mar 06 2022, 15:57
Este album de 2021 é na realidade uma compilação de momentos musicais que foram feitos durante os ultimos quinze anos e regrupados aqui. A Liz Harris (Grouper) faz-nos compreender, e acompanhar, como o seu estilo foi afinado com o tempo até desaguar na aquarela sonora que é hoje. A ausência de contornos e de dinâmica criam uma atmosfera sém contraste que é acentuada pela distorção electronica... uma forma de nevoeiro pesado e portanto diafano recobre a sua musica e cria um mistério opaco. Se alguns albums são associados à ambient na realidade a sua musica seria algo como um post-folk. Apesar de muito mais simples harmonicamente e nas melodias do que a sua compatriota Joanna Newsom a Grouper consegue criar momentos tão catarticos e hipnoticos quanto esta... é a força da simplicidade puxada até ao essencial, nada mais! Uma obra para degustar na penumbra e para voltar regularmente, como voltamos aos sitios aonde estamos bem, apaziguados e proximo da felicidade. Album feminino, delicado, sensivel e simplesmente màgico...
Grouper_Shade
fredy Membro AAP
Mensagens : 5130 Data de inscrição : 08/02/2011 Idade : 62 Localização : Casal do Marco - Seixal
Assunto: Re: A rodar XLVIII Dom Mar 13 2022, 17:33
Olá
Hoje por aqui já rodou...
Fredie
anibalpmm Membro AAP
Mensagens : 9728 Data de inscrição : 05/03/2012
Assunto: Re: A rodar XLVIII Dom Mar 13 2022, 19:47
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anibalpmm Membro AAP
Mensagens : 9728 Data de inscrição : 05/03/2012
Assunto: Re: A rodar XLVIII Seg Mar 14 2022, 09:12
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 42 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: A rodar XLVIII Seg Mar 14 2022, 18:40
anibalpmm escreveu:
Que bela surpresa o Aníbal nos deixou aqui!
É o que está a tocar neste momento (via Tidal), há uma atmosfera pesada no ar, o que vai bem com esta hora (talvez melhor ainda mais tarde). O álbum lembra algo de Nick Cave e Bauhaus, mas sempre que escuto os sopros lembro-me dos Talk Talk... funciona.
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anibalpmm Membro AAP
Mensagens : 9728 Data de inscrição : 05/03/2012
Assunto: Re: A rodar XLVIII Seg Mar 14 2022, 21:47
José Miguel escreveu:
anibalpmm escreveu:
Que bela surpresa o Aníbal nos deixou aqui!
É o que está a tocar neste momento (via Tidal), há uma atmosfera pesada no ar, o que vai bem com esta hora (talvez melhor ainda mais tarde). O álbum lembra algo de Nick Cave e Bauhaus, mas sempre que escuto os sopros lembro-me dos Talk Talk... funciona.
Ainda não conhecias? Já o mostrei várias vez por aqui. É o disco gémeo dos Anywhen. Thomas Feiner, Steve Jansen, Charles Storm e Ulf Jansson. Eu diria mais, concordando em absoluto com o JLisboa: “O melhor disco de Jeff Buckley. O melhor disco de David Sylvian. O melhor disco de John Cale. O melhor disco dos Tindersticks. O melhor disco de Scott Walker. O melhor disco dos Blue Nile. O melhor disco dos Divine Comedy. O melhor disco dos Triffids.”
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 42 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: A rodar XLVIII Ter Mar 15 2022, 08:56
anibalpmm escreveu:
Ainda não conhecias? Já o mostrei várias vez por aqui. É o disco gémeo dos Anywhen. Thomas Feiner, Steve Jansen, Charles Storm e Ulf Jansson. Eu diria mais, concordando em absoluto com o JLisboa: “O melhor disco de Jeff Buckley. O melhor disco de David Sylvian. O melhor disco de John Cale. O melhor disco dos Tindersticks. O melhor disco de Scott Walker. O melhor disco dos Blue Nile. O melhor disco dos Divine Comedy. O melhor disco dos Triffids.”
Essas outras partilhas escaparam-me...
Eu sou curioso e costumo espreitar o que não conheço, ontem no trabalho procurei no telefone e em casa ouvi. O álbum tem uma grande carga dramática (ambiente gótico... foi o que me fez pensar em Bauhaus, não sei explicar melhor, saltou a memória...), percebo essa descrição que o Aníbal partilha. Aconselho a escuta depois do jantar, isto para quem não conhece.
anibalpmm Membro AAP
Mensagens : 9728 Data de inscrição : 05/03/2012
Assunto: Re: A rodar XLVIII Ter Mar 15 2022, 22:38
TD124 Membro AAP
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Assunto: Re: A rodar XLVIII Qua Mar 16 2022, 09:40
Uma musica calma, limpida como a àgua de um lago de montanha. Um grande compositor que nos deixou demasiado cedo. Esta obra, a sua primeira, continua a apareçer e cada vez mais, com o tempo, como feita da mesma matéria que os sonhos. Deixem-se guiar nesta viagem feita de àgua e de neves eternas reconfortante como uma caricia e incendiaria como um copo de aquavit. A beleza não é tudo mas é necessaria, sobretudo nestes ultimos tempos... Skål!!!
Jóhann Jóhannsson_Englabörn
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 58 Localização : França
Assunto: Re: A rodar XLVIII Qui Mar 17 2022, 08:10
Quando o Oriente encontra o Ocidente, a Asia e a Africa e no lugar das diferenças apareçem as similaridades... o pequeno passo para os musicos é um grande salto para a humanidade. O alaúdista libanês guia-nos através de um labirinto encantado aonde diferentes estilos, até o fado, apareçem em filigrana como pertençendo a um mesmo mecanismo universal. Raramente a osmose entre o jazz e a musica do mundo foi tão intensa, tão pura, tão evidente. Este album tém exactamente trinta anos e a sua luz não se atenua, ao contràrio pois hoje ele encandeia e irradia uma potência singular. O Camelo Azul como os Unicornios não existe... mas quém sabe, talvez não seja assim tão simples no mundo espiritual murmura-nos esta musica!
Rabih Abou-Khalil_Blue Camel
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TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 58 Localização : França
Assunto: Re: A rodar XLVIII Qui Mar 17 2022, 10:38
Mais um encontro entre Oriente e Ocidente, mais exactamente com a musica céltica. Neste espaço historico da cultura oriental na europa (Alhambra) a cantora deixa de lado o seu New Age habitual para enlaçar uma Fusão que funciona perfeitamente. Algo paira no ar nestes concertos que nos mostra a complementaridade da musica, a sua universalidade. Uma obra com um cheiro exotico que nos ajuda a viajar até outros horizontes...
Loreena McKennitt_Nights From The Alhambra
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José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 42 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: A rodar XLVIII Qua Mar 23 2022, 17:42
Depois de tanta conversa sobre um tema que toca guerra, chegado a casa lembrei-me de pegar no álbum que se segue:
Benjamin Clementine - I Tell A Fly...
Alepo e moscas enamoradas, sons que lembram bombas (pesadas baixas frequências), sons que lembram sonhos dos quais não nos queremos lembrar (cravo). Depressa estamos na segunda faixa, God Save the Jungle. O álbum é conceptual, não foi recebido de braços abertos, mas merece cada minuto e milímetro que ocupa.
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Stinkfist86 Membro AAP
Mensagens : 710 Data de inscrição : 08/06/2014 Idade : 38 Localização : Mogofores - Anadia 3780-453
Assunto: Re: A rodar XLVIII Qua Mar 23 2022, 18:33
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 42 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: A rodar XLVIII Sex Mar 25 2022, 17:24
Há partes da estante que recebem poucas visitas dos olhos, das mãos, mas não é por isso que ficam esquecidas. Curiosamente, parte da estante onde se podem encontrar os álbuns dos Rolling Stones (a nossa estante tem uma não-organização) tem sido visitada para pegar em outros álbuns (singer-songwriters) e esta banda tem ficado no sossego do encosto.
Esta semana lembramos momentos que tiveram ligações a este álbum, é sempre um gosto ouvir com calma. A gravação é muito bem conseguida, a nível de produção coloca a banda na sala com bons pormenores.
José Miguel Membro AAP
Mensagens : 9401 Data de inscrição : 16/08/2015 Idade : 42 Localização : A Norte, ainda a Norte...
Assunto: Re: A rodar XLVIII Sex Mar 25 2022, 18:12
Depois de ter voltado a escrever sobre o assunto que preenche parte dos nossos dias, peguei neste álbum:
Tim Buckley abre Goodbye and Hello com No Man Can Find the War, canção que recomento vivamente - especialmente a quem não conhece.
TD124 Membro AAP
Mensagens : 8270 Data de inscrição : 07/07/2010 Idade : 58 Localização : França
Assunto: Re: A rodar XLVIII Sáb Mar 26 2022, 10:58
José Miguel escreveu:
...
Esta semana lembramos momentos que tiveram ligações a este álbum, é sempre um gosto ouvir com calma. A gravação é muito bem conseguida, a nível de produção coloca a banda na sala com bons pormenores.
Para mim é o melhor album dos Stones... apòs o "Exile..." é claro
Ghost4u Membro AAP
Mensagens : 14065 Data de inscrição : 13/07/2010 Localização : Ilhéu Chão
Assunto: Re: A rodar XLVIII Dom Mar 27 2022, 03:23
No âmbito universal, o piano é considerado um instrumento versátil em quase todos os enquadramentos linguístico da música. Joana Sá, complexamente, o coloca à prova no experimentalismo do «Elogio da desordem». Inquietante e, simultaneamente sedutor, este álbum registado no Auditório da Universidade de Aveiro, em Março de 2013, é digerido com um cálice de Cadão Porto Tawny.
(Shhpuma Records, SHH006CD)
fredy Membro AAP
Mensagens : 5130 Data de inscrição : 08/02/2011 Idade : 62 Localização : Casal do Marco - Seixal
Assunto: Re: A rodar XLVIII Dom Mar 27 2022, 10:44
Olá
Por aqui roda...
Fredie
O Audio é tramado... o que uns adoram... outros detestam...