Streaming para insatisfeitos - pt 2 - Roon

Ontem aproveitei a promo Roon e mergulhei. É basicamente uma outra camada que podemos meter em cima do streamer que descrevi aqui.

O Roon tem uma arquitectura muito interessante, desenhada para ser modular e alta fidelidade.

Roon Core - este é o servidor. Literalmente um servidor de coisas. É o cérebro que liga aos nossos serviços de streaming, à nossa biblioteca local no Pc ou num NAS e orquestra tudo. No meu caso uso o meu portátil como Core, instalei a aplicação e configurei. Podemos montar um mini PC e instalar só para correr o Roon do mesmo modo, ou podemos ainda montar o PC a correr o sistema operativo do Roon. É o que é um Roon Nucleus, um PC todo bonito a correr o SO deles.
infelizmente não podemos correr isto num raspery pi.

Roon Bridge - mais uma vez bastante literal, uma ponte. É uma aplicação pequenina que permite a uma instalação de roon core encontrar um outro dispositivo (endpoint) para onde enviar os dados. Isto sim, podemos instalar no nosso Pi4, dentro do Moode por exemplo.

Roon Remote - uma app que podemos instalar em qualquer dispositivo para controlar o roon. Literalmente um telecomando. Instalei no telemóvel.

Tudo isto funciona através da internet, seja wifi ou ethernet. Tem é que estar tudo na mesma rede.

Resultado, o meu setup ficou assim

Browse no Telm ou no PC a app do Roon, que abre todos os meus serviços de streaming e os meus ficheiros locais, de modo unificado e enquiquece com metadados deles. Seleciono uma obra, e escolho onde quero ouvir. No meu caso tenho o streamer a correr a bridge e ligado ao core, pelo que aparece como opção para saida de áudio. Podemos ter várias saídas, para vários sistemas, e controlar tudo a partir da mesma app.

O Core recebe os dados de onde for (stream, Nas, lê do disco) e envia ao bridge, que passa ao dac. Tudo isto é transparente para o Roon, que nos mostra toda a cadeia, e o que entra e sai de cada um, e nos avisa se alguma coisa estiver a alterar o sinal (upsampling, etc). Permite confirmar se temos lossless em toda a cadeia.

Como fazer para o RPi4 a correr o Moode?

Temos que instalar a Roon Bridge no Moode. É simples. Na página do Moode vamos a Configure -> System e abrimos o terminal de SSH (digno de um filme de hackers, é divertido)



User: pi
Password: moodeaudio (não vai mostrar os caracteters na consola, é escrever e carregar no enter)



Temos que escrever 3 comandos para descarregar e instalar a Roon Bridge

wget http://download.roonlabs.com/builds/roonbridge-installer-linuxarmv7hf.sh -> isto descarrega o script de instalação dos servidores da Roon Labs

chmod +x roonbridge-installer-linuxarmv7hf.sh -> isto permite correr o script

sudo ./roonbridge-installer-linuxarmv7hf.sh -> isto corre o script. Teclem Y e enter quando perguntar

Fechem a janela da consola depois de tudo acabado, reiniciem o Moode na página dele. Ao voltar a entrar, se tiverem uma opção de RoonBridgeRenderer em Configure->Audio->Audio Renderers liguem se não estiver ligado. Se não tiverem têm uma versão do Moode anterior e está a correr sem precisar de ajuda.

Agora abrem o Roon, vão a Settings->Audio e devem ver algo no Moode



Selecionem a saida que quiserem (um DAC ligado, o dac interno do rpi4, o vosso PC) e siga a música

E o resultado sonoro

Não tive tempo de fazer uma comparação, que se exige cuidada. Como reflexo imediato fica o 'isto soa bem pra xuxu'. Mas já soava antes

O que fica para já é de facto a limpeza, certeza e maturidade da operação, e a mais valia da informação sobre tudo (a obra, os intérpretes, a edição, o ficheiro).

Viva Ricardo,

Óptimo post sobre o ROON  



Algumas notas:

Ropieee

Para usar um Raspberry PI como Roon Bridge a maneira mais fácil penso que é usar o Ropieee:

      https://ropieee.org


ROON e ROON SERVER
A parte referente ao core existem duas versões para download uma só com o ROON SERVER e outra que com o ROON SERVER + ROON APPS que aparece como ROON (penso que foi a que instalou).

O ROON SERVER (ou ROON) deve ser instalado num disco SSD por causa dos acessos à base de dados local, os ficheiros de música podem estar num disco HDD ou num NAS. A ligação à rede é aconselhável ser por cabo e não WI-FI.

ROON APPS
Caso necessite de instalar só o ROON APPS para controlar a partir de outro PC ou MAC tem de instalar a versão ROON e algures no processo de configuração diz que não quer ativar o ROON SERVER.

Notas Pessoais
Quando testei à uns anos também usei o meu portátil para CORE (SERVER + APPS) e instalei a APP no telemóvel, deste modo podia controlar tanto com o portátil como o telemóvel. Penso que devo ter usado o MoOde no inicio mas acabei por usar o Ropieee no meu Raspberry PI (penso que modelo B+ ou 2B) com um HAT das Hifiberry. Na altura quando o portátil estava por WI-FI surgiram esporadicamente alguns problemas (o WI-FI em zonas densamente povoadas com o Router em outra divisão tem destes problemas).

Depois de alguns testes e de ler um bocado resolvi colocar o CORE numa máquina dedicada. Chegou-me às mãos um PC já com uns 4 anos com um disco SSD e processador i7. Para instalar:

 1- Formatei o disco e instalei o Windows 10.
 2- Desabilitei tudo o que podia e não precisava.
 3- Configurei o PC para arrancar e fazer login automático.
 4- Instalei o ROON SERVER, sem a parte de APPS. O PC não tem Ecrã, teclado nem rato.
 5- Ativei o acesso por Remote Desktop.
 6- Adicionei um disco HDD de 2TB e coloquei lá os ficheiros (FLAC, DSD, etc) que tinha.
 7- Configurei o ROON para fazer o scan da directoria do disco HDD em que coloquei as musicas.
 8- Coloquei debaixo da secretária e esqueci.

Window 10 Porquê?
 A razão foi que o ROON foi desenvolvido em .NET e os módulos de .NET em Linux estavam ainda, na altura, com alguns problemas e em fase de desenvolvimento.

ROON ROCK
 É um pacote com tudo, ROON SERVER + Sistema Operativo Linux, otimizado para os NUC da Intel. Para quem não quer perder muito tempo e sem grandes conhecimentos de informática é talvez a forma mais fácil de ter o CORE. Se não quer mesmo perder tempo com estas coisas e pode despender o valor tem a opção de comprar o ROON Nucleus (NUC Intel + Caixa com dissipação de calor passivo).

 O que não gosto no ROON ROCK é a gestão dos discos internos, quando é adicionado um segundo disco este é formatado e a única forma de colocar lá os ficheiros e por rede e só funcionar num NUC Intel.

LINUX
 Neste momento penso que poderá ser uma boa opção. Os módulos de .NET estão mais estáveis e a última versão do ROON SERVER já suporta multicore.
 Talvez um projeto para quando tiver tempo, instalar um versão server Ubuntu LTS (sem ambiente gráfico, gestão por linha de comando por SSH) e colocar lá o ROON SERVER.

Metadados
 O ROON é na sua essência um gestor de Metadados que consegue fornecer alguma informação adicional referente às musicas que temos na nossa livraria. Facilita as pesquisas, do que está na livraria local ou externo caso tenha o Tidal ou o Qobuz), principalmente em musica clássica.
 Utiliza um protocolo proprietário para os devices que o suportam (ROON Ready) mas também suporta outros como o Airplay da Apple, Sonos, Google Cast...

DSP
 Existe a possibilidade de manipular o sinal com a função DSP, só é aconselhável se o CORE estiver instalado num processador potente como um Intel i7 (é possível que um i5 de nova geração possa servir). Pessoalmente só uso esta função para converter para DSD o que é PCM, o que é MQA deixo ir para o DAC.
 Chamo a atenção que esta é uma função secundária e não se pode avaliar o produto por ela como já vi em alguns sítios. Se a intenção é manipular o sinal existem outros softwares que quase de certeza o fazem melhor.

TD124 escreveu:

E o resultado sonoro

O resultado sonoro é o mesmo  o interesse deste software não é manipular o som. No entanto tem algumas possibilidades de manipulação, eu só uso a conversão para DSD dos PCMs porque o DAC que tenho soa melhor assim.

ricardo.canelas escreveu:

Não tive tempo de fazer uma comparação, que se exige cuidada. Como reflexo imediato fica o 'isto soa bem pra xuxu'. Mas já soava antes

O que fica para já é de facto a limpeza, certeza e maturidade da operação, e a mais valia da informação sobre tudo (a obra, os intérpretes, a edição, o ficheiro).

Dear Ricardo,

I'm very curious what you find about Roon sound. In short, Roon has soundwise not a very good reputation among audiophiles.
But it is said, that the sound gets better when the DSP functions of the playing device (which are deactivated by default) are actually deleted.

Só não precebi onde se coloca a agulha

mannitheear escreveu:

Dear Ricardo,

I'm very curious what you find about Roon sound. In short, Roon has soundwise not a very good reputation among audiophiles.
But it is said, that the sound gets better when the DSP functions of the playing device (which are deactivated by default) are actually deleted.

Well, after a few weeks, I can report that I'm really happy with Roon.

Sound wise, I'm hard pressed to find fault here. As usual if you disable software sound management (volume control, dsp) you gain something in clarity as you're not obfuscating word depth for that operation, but even with the volume control on (have no need or desire to try their dsp, could be great for headphones), for the first time in any software I've tested, it is really difficult to be sure you're really gaining anything. It is so close I can't really say I'm not just being biased, as my blind test apparatus (my partner) is not patient enough these days to entertain my audio shenanigans.

Music wise, it is fantastic. I have never consumed and been consumed by so much good music, been exposed to new stuff that just both matches my tastes and expands them at the same time. The suggestions are truly great and it is very easy to keep track of everything.

Might be a keeper

Now I'm relieved, because that's what I hear, too. I can't really distinguish the sound via Cocktail Audio GUI or via Roon and the Cocktail Audio as simple Roon endpoint.
I already thought that I'm probably quite deaf, because I can't either distinguish between local files and the same album edition via Qobuz streaming.