TABULA RASA...

Disse que iria tentar arranhar mais algumas qualidades a este projecto e assim fiz. Estava frustrado pela perda de algumas qualidades subjectivas e ao mesmo tempo contente de ter encontrado mais linearidade e neutralidade. Fiz vàrias experiências com componentes de diferentes gamas no filtro e acabei por encontrar um compromisso que me deu o sorriso. As colunas ganharam em coerência que actualmente està fantàstica (como se espera de umas mono-via) assim que no delineado musical. Existe uma melhor sensação de abertura e de vivacidade que se acompanham de uma bela transparência. Os ataques e extinção das notas são coerentes no tempo e na dinâmica o que contribui a uma escuta rapida, clara e impetuosa. A ausência de agressividade ném de brilho ponctual, acompanhado por uma banda baixa bem articulada, conduz a uma escuta credivel, realista. A energia é boa devido ao tamanho dos drivers e das colunas distilando uma escuta generosa e estimulante. Estou muito contente e vou-me ficar por aqui no que diz respeito a estes grandes cubos ...

O entusiasmo de alguns audiofilos levou à criação de dogmas técnicos e mesmo a sobrevalorisar umas quantas tecnologias ... as mono-vias são uma delas. A pretendida relação de amor entre as mono-vias e os aparelhos a vàlvulas de fraca potência (SE sobretudo) são um dos mitos audiofilos e na realidade muito poucos destes sistemas dão uma compléta satisfação musical. As pessoas que vivem com esta tecnologia gabam as qualidades e omitem os defeitos ... ora estes ultimos podem ser inaceitàveis, mas é aqui que a subjectividade entra em jogo e a maxima do Fredie torna-se implacàvel, e verdadeira. As colunas mono-vias não são colunas como as outras, são uma tecnologia marginal como as cornetas, os painéis electroestàticos ou os isodinâmicos ... mas, se a grande maioria das colunas são electrodinâmicas de vàrias vias não é por acaso. Eu segui este caminho pelas razões que expuz no inicio sém nunca pretender que ele fosse ou possa ser universal, pois não o é. Apesar dos bons resultados que obtive nas minhas experiências desde o inicio desta saga, ainda não cheguei ao ponto que me tinha fixado:

Estas ultimas experiências ajudam-me a pensar que talvez possa chegar a bom porto, mas em contrapartida criam convições profundas. Um par de colunas mono-via poderà eventualmente pretender à excelência sonora se o projecto for visto do angulo do sistema e não das colunas. Quero dizer com isto, que o amplificador deve ser integrado (mesmo a sala) na incognita afim de pensar o tudo em sistema e não nos elementos individuais. Se eu conseguir fazer as colunas definitivas com um amplificador que as enalteça e vice-versa ... é possivel que chegue a bom porto e que o sistema seja diferente subjectivamente, mas objectivamente tão equilibrado quanto o que tinha dantes. Evidentemente que esse sistema não poderà ser replicado e tal não é o objectivo ... mas terei encontrado um sistema que me corresponde e que terei prazer a escutar quotidianamente. trabalho sém pressão actualmente pois as minhas colunas com o Arno dão-me muito prazer ... mas jà tenho um olho nas colunas mais grandes com um amplificador Single Ended hibrido. Serà esse o momento de verdade e o possivel sistema definitivo. Se não funcionar como quero, um par de ProAc Ref8Sig com o Arno II é o paraiso e ocupa pouco espaço    !!!...

Tudo isto para dizer que tens razão nas duvidas quanto às mono-vias, pois muito raramente funcionam tão bem quanto se pretende e raramente sobrevivem ao teste do tempo. Se um dia ouvires um par que te entusiasme tém cautela, pois não serão que as colunas mas o sistema que serão a considerar. O que venho de dizer jà é vàlido num sistema convencional ... mas num sistema mono-via é primordial !!!...

Apòs algumas semanas com os grandes Cubos voltei às minhas colunas e com grande prazer. Apesar de uma pressão sonora inferior, tudo o resto é bem melhor e sém comparação. Trabalhei um pouco a posição das colunas assim que a orientação em direção do ponto de escuta e enfim enchi o compartimento inferior com areia ... jà estão mais pesadas. Encontro de novo um palco independente das colunas e com um excelente recorte, a posição nas três dimensões dos musicos é estàvel e coerente. As vozes são vibrantes e incarnadas dando o sentimento de estarem na sala, a ilusão de vida e o natural são patentes. O DAC do amigo Manfred tém uma grande influência no resultado é certo, mas volto a ficar impressionado com o Arnoamp. Este DAC é um produto elaborado e muito mais pretencioso técnicamente que o amplificador, seria de esperar que este ultimo se encontre ultrapassado pela associação ... e não é o caso, diria mesmo que ele sublima a fonte digital. Encontro-me a redescobrir muitas obras e a encontrar sensações proximas da escuta com os auscultadores. Uma escuta rapida, definida, vibrante, espacializada e com um toque orgânico ... arriscaria mesmo a expressão de toque analogico...

Tudo isto são boas novidades que anunciam um futuro radioso ... e no entanto não posso me impedir de estar circunspecto, diria mesmo timorato em relação aos proximos passos. Não hà nada mais dificil no audio do que encontrar um bom equilibrio ... e não hà nada mais simples do que estragar esse equilibrio, mesmo e sobretudo com boas intenções. Não sei se o amplificador definitivo terà as mesmas qualidades e possa ultrapassar este ... não sei se as novas colunas podem ir mais longe que estas em todos os pontos. Fazer melhor em alguns pontos é sempre possivel, fazer melhor em todos os pontos quando se està no equilibrio é ousado e muito complicado. Mais do que arruinar o equilibrio, temo perder a atração que o sistema provoca em mim, a maneira como ele me convida à escuta das obras e o deleite nas suas nuances. Tenho o sentimento de estar muito perto do objectivo que me tinha fixado, ora que estou apenas a um terço do caminho ... este paradoxo incomoda-me!...