TD 124 !!!...

Venho de ofereçer uma Stanton 500 à minha TD124, e digo minha, pois voçês jà sabem que em françês um gira é feminino (La Platine), e adoro o facto que uma cultura veja-os como mulheres. Hoje é um grande dia, pois a minha TD124 festeja 48 anos de existência,  sem que o tempo tenha imprimido alguma ruga no seu rosto…

Faz apenas 8 anos que vivemos juntos, mas jà a conheço hà muito tempo. A primeira vez que a vi, foi no seu pais natal em Suiça, na casa de um amigo. Ironia do destino, esta pessoa era importador da Linn LP12, e qual não foi o meu espanto, de ver uma sala cheia de gémeas dela de todas as épocas…
Confesso que o primeiro encontro não foi inolvidàvel. Não a achei bela nesse momento e sobretudo a sua idade não me agradou, pois preferia as mais novas, mais jovens e exuberantes… erro de juventude ! Apesar das insistências do meu amigo para que a traga para França, e apesar de me contar a ilustre historia dela, não cedi aos seus charmes e continuei fiel a uma jovem inglesa com quém vivia !... mas desde esse dia, nunca deixei de pensar nela, e reflectir neste erro de julgamento.

Alguns anos depois, qual não foi o meu espanto de vê-la apareçer em França, exactamente no dia dos meus quarenta anos… tocado, excitado e perturbado pela sua presença não tive olhos para ninguém de outro nesse dia. Senti e sabia, que a minha vida ia mudar complétamente e a sua também, e abençoei os anjos quando ela me disse, que ficaria em França para sempre, ou ao meu lado para a eternidade...

Ao contràrio das suas ilustres irmãs, que correram o mundo de estudio em palàcio, a minha nunca tinha abandonado a sua pàtria natal. Teve um destino estranho e triste, pois a sua profissão era ser a supelente da mediatéca de Zurique, e como a sua colega nunca faleceu, então nunca tinha trabalhado, e passou a sua vida no cartão aonde tinha nascido. Era virgem então quando a conheci, e fui eu que lhe apresentei os seus primeiros braços e células. Compreendi ràpidamente que era uma aristocrata, e que sò aceitava de viver com quém ela escolhia. Altiva, desdenhosa e majestuosa, ela recebia com desdém e desinteresse, tanto os braços que as células, dando-se ao luxo de recusar com violência, de viver com o meu braço e célula favoritos…

A nossa relação é forte, profunda e complicada, sempre foi, pois tudo nos separa e finalmente pouco nos reune, mas talvez seja este pouco o essencial, pois é o amor e o respeito ! Às vezes penso para comigo o que lhe pode interessar nesta relação, pois ela é um mito eterno e eu apenas um homém, ela nasceu nobre frente ao Mont Blanc, e eu pequeno frente a Lisboa… mas a nossa simbiose é pura, pois eu cuido dela e protego-a e ela em troca dà-me, sensações unicas que nenhuma outra consegue…

O seu nome compléto é complicado e em françês, pois chama-se Tourne Disque  124 Thorens, mas os intimos tratam-a de La 124. Os meus amigos batizaram-a afectuosamente A velha, e assim todos a chamam aqui em casa. Regularmente é chamada a cantar, pois todos gostam da maneira dela de fazer musica… menos eu. Confesso que regularmente lhe fui (sou) infiel, partilhando os seus charmes com Inglesas, Americanas e mesmo compatriotas dela… mas sempre volto para ela com uma ternura especial e unica, que sò os verdadeiros amantes podem compreender…

Então caros amigos, para a (minha) TD124 e para o (vosso) TD124, venham os parabens !!!...