Possibilidade de adquirir um Lenco L 78

Na loja onde compro os discos o proprietário tem lá um Lenco L 78 á venda por 200€ em bom estado e a trabalhar, de acordo com ele levou uma reparação geral há poucos meses. Não sei até que ponto valerá a pena adquirir, ou se depois me mêto "numa carga de trabalhos" devido á idade do giradiscos...

Vale bem a pena se estiver em condições! Esses gira-discos são muito bons!

Caro “nbaptista”, a sua questão está colocada de forma muito incompleta, desde logo por que aqui ao lado, em outro tópico, fala em vender ou arrumar coisas que estão em excesso.

Permita-me algumas perguntas breves:
Está a pensar vender o Rega P2?
Não está satisfeito com ele e que mais ou quer diferente?

Coloco estas duas perguntas a socorro-me de uma imagem para dar algumas pistas.



Nós tivemos durante anos um Lenco em estado original, todo arrumadinho e muito bem tratado, tocava lindamente. Depois apareceu a possibilidade de termos um Rega Planar 3, esteve em estado original durante um par de meses, tocou esse tempo todo sem chatear e sem ser incomodado. No final decidimos fazer isso que se vê na parte superior da imagem.

Como tem um Rega, vou referir-me ao Planar 3 primeiro, pois todos os Rega que escutei parecem ter o mesmo tipo de “assinatura”. A forma do som do Planar 3 era esta: “n”.
A letra “n” simboliza uma curva de apresentação que dá enfase à região intermédia do espectro e deixa um pouco atrás os extremos desse mesmo espectro de som. Ou seja, o Rega Planar 3 tinha uma gama média rica, muito bem apresentada, cheia de pormenor e ligeiramente avançada. Nos extremos alto e baixo o Planar 3 perdia em extensão, até onde chegava não tenho muito a apontar, talvez alguma falta de peso nas baixas frequências e falta de fineza nas altas – creio que tudo devido ao tipo de apresentação (talvez reconheça isto no P2… ou não).

O Lenco original tem uma apresentação de som diferente, algo mais isto: “≠”.
O símbolo de diferente simboliza que o som é mesmo diferente, o Lenco chega mais longe nos extremos do espectro, nota-se nas altas e baixas frequências, mas nas baixas algum do peso que consegue apresentar é indevido – não é do álbum, é dele. Nas altas frequências chega mais longe, mas não deixa de ser um pouco opaco – pode parecer estranho dizer que apresenta mais agudos e ser opaco, mas é mesmo assim, chega lá e retira dos discos o que eles têm, contudo apresenta com alguma imprecisão. Na região média ele consegue dar algo mais texturado que o Rega, pois bem, menos preciso, mas com aquele jeito que parece “orgânico” e é, bem entendido, distorção (atenção, eu gostava). O Lenco, com todos os seus defeitos, apresenta o som de uma forma mais linear, não é que faça muito melhor ou melhor, faz diferente e em toda a largura (mais largura que o Rega).


Quando compramos o Lenco já pensávamos fazer isto que pode ver na imagem, fazê-lo evoluir. O braço é o ponto mais fraco e datado, o resto é bom para a idade. Pois bem, já que tínhamos o Rega e ela não nos tinha convencido, tiramos dele o que ele tem de melhor.
Assim que o Lenco alterado chegou a casa, mesma célula, deu logo para perceber que as coisas estavam diferentes. Havia maior precisão na apresentação, havia uma leveza extra nas baixas frequências e o controlo destas permitia que o resto do espectro respirasse melhor. A gama média ficou mais natural e a gama alta, que já chegava longe, passou a apresentar-se mais fina e leve, os detalhes eram mais facilmente compreensíveis.

O Lenco não deixou de ser o Lenco, mas fez dieta e perdeu parte do excesso de peso que tinha.


Dito tudo isto, restam as perguntas que lhe deixei e mais uma para o final:
Até onde e como quer ir com a reprodução de vinil?

A célula que se vê no Lenco/Rega é uma Ortofon 2M Bronze, substituiu a enganadora Goldring Elektra, que parecia ter a capacidade de chegar mais fundo, mas era apenas imprecisa na região das baixas frequências. Também substituiu uma Shure M75-6 (quatro agulhas diferentes para esta célula, uma delas original), que era muito agradável, mas faltava pormenor e precisão, faltava clareza (nunca experimentas e agulha SAS).
Vejo ainda que quer testar um novo pré de phono, escreveu num outro tópico. Pois bem, essa pequena peça do sistema fará uma enorme diferença e sugiro que pense bem no que vai comprar, escute sempre primeiro e pense até onde quer ir em termos de objectivos (neste fórum aprendi que por vezes é melhor investir apenas uma vez e não dar passos para o lado).

Por falar em escutar primeiro: já que o Lenco está numa loja que conhece, peça para experimentar em casa. 24 horas são mais do que suficientes para perceber como o Lenco e o Rega são diferentes, podem não ser suficientes para analisar o que muda e reconhecer se é isso que quer – caso só queira um deles. Tente escutar com calma, muita calma e pondere para lá do “melhor/pior”, pois não é nesse território que deve decidir - não estou a espalhar a conversa do "gosto", apenas digo que deverá saber que tipo de qualidades e defeitos aceita ter na reprodução.


Fica a opinião para lá do óbvio, o Lenco é uma peça carregada de história e estórias, é uma peça capaz de apaixonar e inebriar, experimente e depois decida.

Caro José Miguel,
Realmente estou satisfeito com o Rega e a questão como a colocou é até onde quero ir com a reprodução do vinyl.Pensei no Lenco pq é um gira disco com história e que me poderia dar aquela sensação do som “cheio” do vinyl, que alguns dizem que é devido á distorção.Seria mais uma experiência com um clássico, e a sua sugestão de o pedir emprestado é a mais acertada.Efetivamente estou com falta de espaço, ainda hoje estive a retirar alguns aparelhos da rack.E tão cedo não vou fazer um segundo sistema, mas aparecerem estes clássicos ainda em bom estado é sempre uma oportunidade.Vamos a vêr o que decido depois de o ouvir.Em principio seria para manter os 2 gira-discos. Até onde quero ir na reprodução do vinyl? Estou satisfeito com o meu Planar 2.O Lenco seria para ligar a um receiver av que está no sótão, e depois levaria alguns dos vinyl para ouvir. O Planar 2 continuaria no sistema stereo.Obrigado pelas suas observações.O sistema de pesos no braço do Lenco é que me pareceu um pouco “old fashioned “ e não muito simples.

O Braço do Lenco é muito simples de regular/ajustar, se estiver bem, não terá problemas com ele.

Acho curioso que já pense no Lenco para um "segundo" sistema, e se o Lenco for melhor do que o Rega!?!

O vinil, em princípio, quando bem reproduzido não deverá ter "um som", deverá permitir que a Música se eleve. Eu compreendo, até por experiência, que se procure um som mais "analógico", mas isso normalmente só se consegue em troca de algo, diria em troca de "fidelidade". Nada de grave, se é esse o tipo de som que quer, o Lenco poderá ser uma bela surpresa.
Sabe que célula tem esse tal Lenco?


Em todo o caso, para mim é sempre a mesma coisa: até onde se quer ir?

Nós já tivemos um segundo sistema e até mais peças paradas, mas optamos por concentrar tudo e ter o melhor possível em um sistema só - afinal só se ouve um. No fundo essa imagem que partilhei retrata bem o nosso trajecto, não temos um gira-discos perfeito, mas temos um que nos agrada mais do que cada um dos outros em separado.
O mesmo raciocínio vale para a escolha de célula ou pré-de-phono, pois o sistema será tão melhor quanto melhor for o elo mais fraco.

Penso que a célula será uma AT 3200 .

nbaptista escreveu:

Penso que a célula será uma AT 3200 .

Caso ainda mantenha a Carbon no Rega, a comparação será mais simples (a célula é basicamente a mesma).

Tente experimentar no sistema onde tem o Rega, logo verá se gosta.

Peço desculpa, é uma AT 3600, de certeza, estive a confirmar em fotos da Net. Básicamente é igual á Carbon que tenho no Rega.Ainda mantenho a Carbon, não é fácil substitui-la pq o P2 não tem anti skating regulável, aquilo vem com um ajustamento fixo para a Carbon, a Rega seguiu uma filosofia de plug and playtanto para o P1 como o P2.