Drogaria Central Loja de Discos

      Por ocasião do IX Festival Sons de Almada Velha, caminhando pela Rua Capitão Leitão para aceder à Rua Dom José de Mascarenhas, em direcção à Igreja da Misericórdia - onde o tubista Sérgio Carolino, graças ao seu génio, transcenderia as convenções da célebre Partita em lá menor de Johann Sebastian Bach, criando uma leitura inédita dessa suite escrita para cravo - paro em frente de um estabelecimento, reconhecendo os discos de vinil expostos na montra. Entro. Observo sem minúcia. Inquiro sobre o horário de funcionamento, prometendo regressar na hora seguinte.

        Retorno ao estabelecimento que outrora foi uma antiga drogaria, agora transformada em loja de discos novos e usados. O interior do amplo espaço mantém a arquitectura original, porquanto, Sérgio Milhano (sonoplasta profissional) e Cristina Morais, nada obcecados com remodelações baseadas nas típicas tendências da moda inerentes ao género “Querido, mudei a gaiola!”, mantiveram o mobiliário, o balcão e acessórios relacionados com o anterior ramo. A decoração denota uma personalização interessante, conjugando uma série de elementos figurativos com aparelhos de outros tempos, materializando a criativa ornamentação e encantando o público masculino e, principalmente, o feminino, que gosta de alimentar a vista com cenários de beleza.

       Mal entramos na loja, se Cristina percebe que somos estreantes, torna inteligível a arrumação dos discos pelas diversas linguagens musicais. Fá-lo com dicção pausada e perfeita, revelando largo sorriso. Efectivamente, a organização dos LPs em nada é nublada (não se vê discos no chão), levando o visitante a procurar entusiasticamente os títulos que anseia possuir.

       É perceptível que a dupla Sérgio/Cristina têm boa auto-estima e, consequentemente, colocam à vontade o cliente para ouvirem algum disco usado, dando segurança ao comprador que nada teme, pois tem a certeza que as individualidades que gerem a loja, têm em grande conta o cliente.

      Na minha primeira ida à Drogaria Central, encontrei dois discos conservados na minha memória, fruto de inúmeras audições realizadas no gira-discos dos meus pais e na residência de familiares. Fui para casa, mas fixei o local. Entretanto, num trio de ocasiões, regressei à loja, que também vende discos em formato CD, sobretudo edições de autor - «Gnosis», da Lokomotiv (Carlos Barretto, José Salgueiro e Mário Delgado) é exemplificativo.

     Perante o horário acessível e pensado para quem sai do trabalho, à noite, depois do jantar, com o(a) namorado(a) ou marido/esposa, em vez de se sentar no sofá em frente à televisão a ver novelas, ridículos concursos ou comentários antes e depois dos jogos de futebol e subsequentes análises, ide à Loja de Discos de Almada e deleitem-se.

Que bela reportagem e que regalo essa loja de discos novos e usados em vários formatos físicos!!

Louvo a ousadia do horário, espero que muitos apaixonados por Música sigam as pisadas do nosso repórter.

Ghost4u escreveu:

(...) Por ocasião do IX Festival Sons de Almada Velha, caminhando pela Rua Capitão Leitão para aceder à Rua Dom José de Mascarenhas, em direcção à Igreja da Misericórdia ... paro em frente de um estabelecimento, reconhecendo os discos de vinil expostos na montra. Entro. Observo sem minúcia...

... ide à Loja de Discos de Almada e deleitem-se.

Obrigado amigo Ghost por me ofereçer a leitura de algo que me desperta uma grande nostalgia e recorda-me ruas muito percorridas durante a adolescência. Curiosamente, existiu no inicio dos anos 80 no alto dessa rua uma loja de discos que vendia novos e usados ... era uma loja pequenita e ai comprei o Led Zeppelin II e um pouco mais tarde o London Calling se a memoria é boa. Não durou muito tempo infelismente, então desejo que essa nova loja tenha uma longa e prospera vida...

Não poderei visità-la nos tempos a vir, mas serà com grande prazer que voltarei à minha Almada desde que possivel e que com grande prazer farei um salto a essa linda loja ... aonde encontrarei de certeza uma ou duas delicias ao meu gosto!

Muito obrigada por esta cativante reportagem e por partilhar connosco essa sua descoberta...

Mais uma vez a escrita do Fantasma transporta-nos para o local, fazendo-nos ter vontade de visitar /conhecer os locais que reporta.
Lembro-me do tempo em que determinados profissionais da Rádio nos prendiam aos seus programas com a sua capacidade de comunicação e informação ,ROCK IN STOCK com o Luis Filipe Barros ou o SOM DA FRENTE com o
saudoso António Sérgio são para mim dois icones do que atrás referi.

Bravo amigo Fantasma

Grande reportagem, amigo fantasma. Terei mesmo de me deslocar da terra Saloia, ao lado de lá do Rio

Excelente reportagem, obrigado!

Tive o prazer de passar por esta casa já duas vezes, e não só recomendo como pretendo lá voltar com regularidade.

O ambiente é fantástico, ouve-se e fala-se de música, e há lá algo para (quase) todos os gostos.

São também super pacientes, e estiveram-me a aturar enquanto eu pedia para procurar discos específicos para tentar encomendar!

Finalmente, prezam a qualidade e fazem questão de ouvir tudo o que vendem. Trouxe uns discos com a minha idade que estão como novos.

Muito Bom

Obrigado pela Dica. Não estou em Portugal e é dificil ir a outros sitios que não à minha terra Natal, Castelo Branco ou à terra Natal da minha esposa, Portimão. Infelizmente, nem uma nem outra cidade têm casas deste calibre... melhor, que eu saiba, não têm.

Cumprimentos e boas esperanças para os donos da loja, e para o reporter.

Bons sons!