Plagiando o forista ghost4u, e também entendendo ser salutar romper com a monotonia da matéria tratada neste fórum, resolvi escrever sobre algo que me despertou a atenção, um artigo na revista Hi-Fi News & Record Review de Junho, artigo esse com título e subtítulo
»The HD download debacle, Hi sample-rate music downloads are not all they seem«
Traduzido para português, e como todos saberão, quer isto significar,
»Já há merda no reino da hi-res«.
Desde já gostaria de sublinhar que nada me move contra esta vertente do áudio, bem pelo contrário. Desde há alguns meses para cá que tenho, paulatinamente, começado a passar a minha colecção de vinil para dentro do computador, utilizando a maior resolução possível. Claro que não sendo passagens a partir de masters, após cada digitalização tenho que usar as ferramentas do costume para »limpar« as gravações de clicks, pops, traques, etc…
Isto claro depois de uma lavagem especial antes da boda.
Como podem compreender é uma operação demorada que me tem ocupado muito tempo ― para não falar de cuidar de 9 cachorros nascidos entre 7 de Janeiro e 12 de Abril. Já digitalizei 192 discos, o que significa que antes da chegada da próxima encomenda da MOV, ficam a faltar 27.349.
Estando portanto, penso eu, absolvido de qualquer pensamento mal intencionado quanto à minha posição face ao áudio no PC, passo a descrever aquilo que me preocupou ao ler o artigo acima referido.
Através de escutas e confirmação por medidas efectuadas, foram detectadas algumas gravações ― de vários fornecedores ― cuja hipotética hi-res não passava de upsampling puro e duro. Ou seja, vigarice.
O que me preocupa não é o facto de existir vigarice em mais uma vertente do áudio. Não sei qual é a identificação genética da vigarice no ADN humano mas que está presente, está. E estará sempre.
O que me preocupa é que para haver vigaros, terão sempre que existir paspalhos que comem tudo o que se lhes enfia pelos, neste caso, ouvidos.
Cumpre-nos a nós frequentadores deste tipo de fóruns publicitar estas aberrações, alertar o pessoal para que a indústria nos respeite e se deixe de tretas, porque nem todos comemos gato por lebre.
Devo salientar que algumas das editoras cujos produtos foram detectados como sendo »falsos« ― alguns desses produtos inclusivamente, adquiridos a terceiros como sendo genuínos ― acusaram o toque assumindo que passarão a estar mais atentas e vigilantes.
É um bom princípio. De um suporte de reprodução musical que também está no princípio. Que bom que teria sido que o mesmo se tivesse passado com outro tipo de suportes e equipamentos em que muita gente foi ― continua a ser ― deslumbrada e enganada. Eu, pela parte que me toca, tenho um quadro preto onde escrevi 100 vezes o(s) nome(s) e as situações em que fui »comido«.
E já comprei um quadro novo porque de certeza que voltarei a ser ludibriado.
Mas vai ser mais difícil.
SA,
MJC