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 Reflexões de H. M.

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MensagemAssunto: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyDom Jan 05 2014, 11:37

A pedido do amigo Holbein Menezes, fica aqui aberto este tópico onde o nosso colega de fórum irá colocar alguns dos muitos pensamentos e reflexões que foi juntando ao longo dos anos. Fica desde já o primeiro e o Holbein depois irá continuar esta Saga.


Reflexão nº 1.

Tudo partiu da reflexão sobre o caminho que o sinal de áudio segue no seu périplo eletrônico. Já conhecia bem que o sinal de áudio nasce débil, alguns milivoltes, é amplificado centenas de vezes pela eletrônica do sistema de leitura, amplificação que alcança em média os 500 milivoltes; daí vai ao pré-amplificador que o eleva para a casa dos voltes; e do pré ao amplificador, que o entrega aos falantes em termos de watts.


Ora, o registro nas mídias (LP, CD, DVD, Blu-Ray) é quase puro, quase isento de contaminação espúria: desgraçada contaminação que se materializa por quatro meios: distorções eletroeletrônicas, vibração, campo magnético e ondas hertzianas.


Por isso que não há na Terra lugar onde não exista a presença invisível de campo magnético e ondas de rádio; não há. Em especial, depois do advento do telefone celular!


Assim, portanto, o débil sinal de áudio que nasce quase puro pode ser contaminado por ondas hertzianas e campo magnético existentes na sala doméstica de escuta musical, captados campo e ondas por meio dos cabos de interconexão que podem funcionar ou está a funcionar como antenas. Daí a necessidade de blindagem dos ditos cabos condutores.


A blindagem (ou shield) é, pois, um mal necessário ou indispensável; ao ponto de alguns construtores de cabos de interconexão usarem o shield como elemento condutor, negativo (!?!?); a criar, destarte, uma anomalia para a ótima circulação dos elétrons, os quais, com o shield a conduzir, ficam a ziguezaguear entre um condutor em linha reta e outro condutor em formato de trança.


A partir do artigo do Professor Jean Hiraga, publicado na revista inglesa Hi-Fi & Record Review, em agosto de 1977, a moderna técnica de construção de cabos de interconexão passou a deixar o shield em apenas no papel de blindagem: porquanto os dois condutores do sinal de áudio, positivo e negativo, passaram a ser idênticos em material e topologia; e o shield trançado, a flutuar... desde que ligado ao negativo apenas numa das pontas do cabo!


Elementar se não fora o diabo do custo/benefício...


Abstraindo-me desse mal-aventurado “diabo”, cocei a cabeça chata e pensei: ora, essa técnica de construção de cabos, ainda que diminua o efeito prejudicial do shield como condutor, “pesa” ainda no circuito R/L/C que gera a impedância do cabo: ou seja, um “circuito”representado pela resistência, capacitância e indutância existente na geometria da construção do cabo. Melhor, pois, seria eliminar de vez o shield. E foi o que fiz.


Nas minhas condições particulares, e na do meu amigo-irmão George Magalhães, cujas impedâncias de saída, baixas, dos nossos pré-amplificadores, eliminar totalmente o shield do cabo de interconexão não gerou zumbido algum! Louvado seja nosso santo pade padim ciço! Mas...


É isto aí: cabo de interconexão sem shield vira cabo de antena...merde! E cria-se a possibilidade de captação de ondas de rádio ou campos magnéticos. Ou seja: ou entra inda que de forma inaudível, mas entra rádio frequência e zumbidos provenientes de campos magnéticos (transformadores). Inaudíveis, eu disse, mas “à luz dos holofotes da amplificação final”, saem em forma de nasalidade nas vozes femininas ou a parecer tênue “cortina de aura” a desmerecer a transparência dos sons instrumentais e prejudicar, assim, sobretudo a ilusão de palco.


Quer dizer: cabo de conexão sem shield efetiva sobremaneira a dinâmica, e produz limpeza no som musical; entretanto pode trazer prejuízo à sonoridade se for extenso, e, nas vizinhanças, existir rádio transmissor; também, se na sala de audição houver elementos elétricos que gerem campo magnético.


Foi aí que dei o grito “EUREKA!” Que tal criar um cabo com shield mas sem nenhum contato com os fios condutores do sinal de áudio? Shield só para efeito de blindagem, desconectado das duas pontas do “Interconnect”, mas a blindagem levada para um ponto de “terra” fora do sistema eletrônico; terra de verdade, à moda Jorge Knirsch? Como mostra a fotografia abaixo:

Reflexões de H. M. Snap2014-01-05at113330_zps78054e91

Notem que tanto na ponta direita da foto quanto na esquerda do cabo de interconexão, a blindagem não faz contato com os plugues RCA, metálicos; portanto, o shield não entra em contato com os fios condutores do sinal de áudio e, assim, não “pesam” no sistema do circuito do cabo, que, graficamente, é este:

Reflexões de H. M. Snap2014-01-05at113510_zpse4cff063

Espero que meus bons e generosos 53 leitores da minha coluna, “Achados do Holbein”, venham a apreciar, e experimentar, os bons resultados sônicos destes comentários.

Obrigado.

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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyDom Jan 05 2014, 13:56

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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQui Jan 09 2014, 02:55

Reflexão nº 2 (por Holbein Menezes)


Iniciei a “Reflexão nº 1” com os seguintes dizeres:

Tudo partiu da reflexão sobre o caminho que o sinal de áudio segue no seu périplo eletrônico. Já conhecia bem que o sinal de áudio nasce débil, alguns milivoltes, é amplificado centenas de vezes pela eletrônica do sistema de leitura, amplificação que alcança em média os 500 milivoltes; daí vai ao pré-amplificador que o eleva para a casa dos voltes; e do pré ao amplificador, que o entrega aos falantes em termos de watts.

É verdade que volte e watt são unidades diferentes que se não “somam” nem se “comparam”, mas, ainda assim, que se pode inferir da minha Reflexão nº 1? Que o ELO ESSENCIAL de um sistema eletrônico para a reprodução do som musical consubstancia-se no momento da leitura das várias mídias; insisto: O ELO ESSENCIAL! Uma vez que é exatamente aí, isto é, no momento da leitura que se opera o maior índice de amplificação em todo o caminho da corrente de áudio.

Grosso modo: numa relação de 2 milivoltes (produzidos pelo sistema laser após a leitura das mídias) para 2 voltes (nas tomadas output dos ledores), a ordem de amplificação é de 1.000 vezes! Enquanto que entre os ledores (output = 2 voltes) e os amplificadores (saída para falantes = 15 ou 20 ou 30 etc. watts), essa ordem, se a pudéssemos matematicamente calcular – e não podemos uma vez que são unidades diferentes – seria muito, muito menor!

[Com paciência examinei e refleti sobre essa coisa do elo essencial também conhecido como essência específica. Ora, todo fenômeno da Natureza é composto de partes, e entre essas partes há uma que é dominante. Mui próximo, aliás, do que ocorre com a curva de harmônicos de uma nota musical: nessa curva há um harmônico que predomina e que dá ao tom o seu caráter, também conhecido como timbre. A nota Fá produzida pelo clarinete possui timbre diferente da mesma nota Fá gerada por um oboé porque diferentes são as dominantes das curvas dos harmônicos da nota Fá de um e outro instrumentos.

Aprendi nas minhas leituras de filosofia dialética que o elo essencial (dominante) de qualquer fenômeno também dá ao fenômeno seu caráter, ou seja, sua característica; e por via desse elo essencial pode-se compreender, e resolver problemas atinentes ao fenômeno; ainda que ele só, isoladamente, não represente o fenômeno total – que é sempre composto de partes – lembremo-nos – mas a sua do fenômeno especificidade.]

Daí voltei a refletir sobre o fator da amplificação acima mencionado. Raciocinei: pelo fato de a amplificação do sinal de áudio ser muito, muito maior “no seio” (nos circuitos) dos ledores de mídias (mil vezes), isso leva a que qualquer espúrio no sinal de áudio no âmbito do ledor seja amplificado também por mil vezes!  

Que terrível contradição! Posto que: o aparelho que produz o som musical é o mesmo aparelho que amplifica ruídos espúrios! E ambas as ações em medidas iguais!

Contradição essa que requer nossa atenção dos audiófilos, muita atenção. Por isso que, em vez de preocuparmo-nos maiormente com marcas e griffes  dos nossos aparelhos, ou das nossas caixas sonofletoras, mais sensato e mais racional e mais proveitoso será cuidarmos para que nossos ledores não venham a sofrer contaminação na corrente de áudio ou a sofrer o mínimo possível.

E como ocorrem as contaminações?

Por via de vibrações que entram na corrente de áudio via capacitores eletrolíticos das fontes de retificação dos aparelhos.

São dois tipos de vibrações: as internas, decorrentes dos motores de rotação dos gira-discos, sejam os discos de longa duração, sejam compactos, ambos precisam girar para transformar as saliências mecânicas ou os bit em corrente elétrica chamada “corrente de áudio”.

No caso das vibrações internas, pouco podemos fazer; a não ser adquirir gira-discos com motores desacoplados das fontes do sinal de áugio; esse desacoplamento pode ocorrer, no caso dos discos de longa duração, posicionando o motor do gira-discos fora e distante do chassi do toca-discos (por meio de uma correia de transmissão e dotando o gira-discos de um prato robusto de alta massa). No caso dos modernos player para compact disc, aqui “sorte” teremos se a “gaveta” do player for sólida e robusta, e, desgraçadamente, não conheço nenhuma!

Lembrei-me: quando eu usava só discos de longa duração, num “surto psicótico” construí na minha sala de escuta de 50 m², no Rio de Janeiro, um suporte para meu Garrad 301 conforme a figura abaixo:

Reflexões de H. M. Snap2014-01-09at025052_zps011744a5

Já em Florianópolis, na minha sempre lembrada sandfilled construí em um dos cantos traseiros da sala de 36 m² closet de 4,5 m³ com tijolos maciços e porta acústica dupla, recinto destinado a abrigar dois toca-discos Garrard 301. A corrente de áudio produzida pelas cápsulas fonocaptoras tinha sua impedância rebaixada para dois Ohms – através de um dispositivo eletrônico chamado Input Phobe; a poder, assim, correr por um longo (cinco metros!) cabo sem blindagem, e trafegar essa distância isento de qualquer contaminação por RF ou indução magnética; essa experiência pode também ser materializada posicionando-se os gira-discos fora do recinto de escuta, ou seja, em outra sala contígua.

Mas para enfrentar as vibrações dos motores dos gira-discos o jeito foi construir dentro do closet uma mesa de suporte quase do tipo do desenho acima.    

Essas loucuras mansas deram bons resultados, mas apenas bons... em especial para “amenizar” as vibrações geradas pela pressão das ondas sonora dos alto-falantes dentro da sala de escuta; chamadas vibrações air borne, que também ocorrem no caso dos compact disc player, embora as vibrações internas nos CD players sejam mínimas mercê de os motores de tais ledores serem pequenos e otimizados (suficientes para fazer girar as mídias compactas). Ainda: as vibrações air borne ou externas agem sobre os chassi tanto de gira-discos quanto dos ledores de discos compactos, e se tais chassi vibrarem as vibrações entrarão na corrente de áudio, contaminando-a...  

E como evitar as vibrações air borne no caso dos CD Players?

Esse foi o principal problema com que me deparei anos posteriores; para as tentativas de “solução” do qual escreverei na próxima “Reflexão”.

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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyTer Jan 21 2014, 20:03

ENTREVISTA de Holbein Menezes com o Engenheiro Paulo Marcelo-td124 (em Montpellier, França).


Pergunta um: Você ainda faz parte do grupo de Engenheiros projetistas que na Europa criava, a pedido dos fabricantes de aparelhos de áudio, circuitos para equipamentos para a reprodução do som musical?

Resposta: Sou demasiado jovem (48 anos) para ter pertencido à “idade de ouro” e ao movimento audiófilo europeu que englobou tanto à volta da BBC quanto da ORTF, e tantos outros designeres célebres, todos quantos puseram o seu saber ao serviço das marcas que criaram para empresas independentes... Não! eu concebo aparelhos para outros (e para a minha empresa) mas numa ótica mais moderna. Desse modo, concebo um produto e aconselho comercialmente às empresas; então sou uma espécie de “consulting designer”, mais do que um puro designer!...


Pergunta dois: Você prefere o sistema valvular; por quê? O sistema transistorizado, por quê? O sistema digital, por quê? Ou um blend de todos os sistemas, por quê?

Resposta: Na realidade nem um nem outro, pois uma tecnologia tem sempre uma “aparência sonora” que vai marcar o som reproduzido de uma maneira mais ou menos colorida. Uma mistura das duas tecnologias (híbrido) com o objetivo de anular a “componente sonora peculiar” de cada uma das tecnologias (verdadeiro híbrido); parece-me uma via de razão e de avanço real na busca da neutralidade e da verdadeira fidelidade. O que é o objetivo primeiro da Alta-Fidelidade como o seu nome indica... Bem entendido, fidelidade ao disco e não à musica uma vez que os aparelhos de áudio reproduzem uma mídia (ficheiro digital, CD, banda magnética, disco vinil etc.), e não a música ao vivo.


Pergunta três: Enquanto ser escutador, você se classifica em que categoria: Musicista (que gosta da música sobre todos os outros aspectos do som?). Audiófilo (que habita ou pertence à família do áudio?). Equipamentófilo (participante do clã dos que adoram equipamentos de grife?). Engenheiro (que acredita sobretudo na teoria eletrônica?)

Resposta: Não gosto do termo “musicista” porque implica em comportamento quase técnico em relação à música; como forma de arte primeira prefiro o termo “melômano” que implica em atitude intelectual e sensitiva da música. Sim! sou melômano antes de toda outra coisa, e o áudio para mim só tem sentido se ele respeita a mídia que reproduz dando um prazer ao auditor, qualquer que seja a cultura deste e o tipo de música que ele escute.Portanto, excluindo o meu trabalho, quando ouço música não quero ser perturbado (parasitado) por nenhum aspecto técnico nem audiófilo, mas simplesmente viver e escutar a música gravada.


Pergunta quatro: Que, em música, mais justifica seu dispêndio financeiro em equipamentos de som: Bach ou Beatles? O Erudito ou o Jazz? Popular ou rock? O bom samba brasileiro ou o fado lusitano? Por favor, diga o porquê de cada escolha.

Resposta: Não sou “maneirista ou elitista” nem no consumo financeiro nem sensitivo da música; então, quando compro uma mídia musical é porque esta me provoca sensações bem distinguíveis e me toca emocionalmente. A partir dai considero que o dinheiro gasto para um disco que me agrade é sempre bem gasto. No entanto considero que Bach, Mozart, Coltrane, Monk, Jobim, Amàlia etc. pertencem ao patrimônio artístico da humanidade; visto assim, a musica deles deveria ser subvencionada pelo Estado (como os museus), a fim de que todas as pessoas, a um custo moderado, possam ter acesso a essas obras fundamentais para a formação do ser humano e da sua personalidade.


Pergunta cinco: Segundo observações que fiz ao longo dos meus mais de sessenta anos que me interesso pela reprodução eletrônica do som musical, jamais estive em sala de distribuidor ou revendedor de aparelhos de som (e estive em muitas!) que o som fosse musical e confortável; é a prática do anexim “casa de ferreiro, espeto de pau”? Ou o quê?

Resposta: Penso que a maior parte das pessoas veem os distribuidores e revendedores como especialistas em áudio, e “raramente” é o caso pois essas pessoas são antes de tudo “comerciantes” e contentam-se em “expor os produtos” ao publico. Visto assim, uma sala de distribuidor ou de revendedor é uma sala de “exposição” e não uma sala de “degustação”. Este fenômeno é internacional e não específico de um pais (na generalidade), e se ninguém critica então continuará a ser assim para sempre. Há vários anos atrás tinha o propósito de fazer um “guia crítico” dos auditórios e lojas especializadas, em França, para ajudar o consumidor a escolher um bom especialista na venda de aparelhos de áudio. Ninguém quis fazer, pois seria “dar um pontapé num ninho de vespas”, como diz um ditado francês...


Pergunta seis: No sentido do método dialético materialista de conhecimento (Hegel e Marx), para você qual o elo essencial da corrente da reprodução do som musical doméstico, o qual (elo) em se resolvendo bem ter-se-á resolvido grande parte dos outros elos da cadeia: qual o essencial, a sala de audição? o ledor da música em conserva? o tipo da mídia? a qualidade técnica dos aparelhos do sistema eletrônico? o elo final da corrente, ou seja, os alto-falantes? ou a condição sine qua non são os nossos ouvidos?

Resposta: Se quer dizer por ouvidos a capacidade a correlacionar análise/sensibilidade e ser um melômano/audiófilo sapiente, então este é o “elo” principal para a obtenção de bons resultados de escuta. Cada vez que escutei um sistema Hifi com um grande resultado sonoro, havia por trás uma pessoa sensível e sábia, que apesar do local, dos elementos de áudio e outros parâmetros diretos e indiretos, tinha buscado o equilíbrio sonoro e a neutralidade. Como sempre, portanto,o elo principal “de tudo”, é o homem!


Pergunta sete: Você, Engenheiro Eletrônico PAULO MARCELO (td 124), concorda com a assertiva do Professor Ken Pohlmann que, em seu livro “Principles of Digital Audio”, afirma que as vibrações (internas e externas, airborne ou geradas pelos motores de rotação dos ledores) entram na corrente de áudio dos aparelhos para a reprodução do som musical via capacitores eletrolíticos da fonte de retificação? Se não concorda, por quê?

Resposta: De modo geral estou de acordo com a ideia, que os condensadores eletrolíticos são sensíveis às vibrações e que podem injetar sinais espúrios (uma parte) na alimentação e assim contaminar o sinal. Talvez não seja tão assertivo quanto o Professor Pohlmann uma vez que há possivelmente outros fatores em jogo, mas no global estou de acordo, como já afirmei.


Pergunta oito: Qual a pior praga que destrói qualquer sistema eletrônico para a reprodução do som musical: a) as vibrações (air borne) que geram ressonâncias nocivas? b) o excesso de reverberação na sala de som que torna o som musical desarticulado qual “torre de babel”? c) o exagero de produtos absorventes que converte a sala em ”sala morta”, e produz um som sem brilho nem dinâmica? d) a sala viva, de concreto, que não vibra e se não vibra não gera ressonâncias, mas redunda num som musical ininteligível? Para você, qual o “resumo da ópera”?

Resposta: Para mim a maior praga atual que destrói a reprodução sonora doméstica é a falta de adequação entre as colunas e o ambiente de escuta, pois muitas pessoas esquecem esta lei fundamental: “pequena sala pequenas colunas e grande sala grandes colunas!!!”; desconformidade que tem íntima ligação com a geração de vibrações incontroláveis; o que pode querer significar que as vibrações (por via aérea ou sólida, indiretas e diretas), podem vir a ser a pior praga para uma reprodução equilibrada.


Pergunta nove: Parafraseando a Bíblia, você Musicista concordaria se eu dissesse que Leos Janacek (1854-1928) gerou Bèla Bartók (1881-1945), que gerou Igor Stravinsky (1882-1971), que gerou Sergei Prokofiev (1891-1953), que gerou Aaron Copland (1900-), que gerou Alberto Ginastera (1916-1983), que gerou Bill Halley, que gerou os Beatles, que gerou Pink Floyd e este gerou Frank Zappa?

Resposta: Cada homem, seja ele artista ou outra coisa qualquer, é sempre fruto direto e indireto de outros homens que o precederam, formando destarte uma continuidade histórica/intelectual à qual chamamos cultura. Assim, pois, os artistas que cita,de uma maneira mais ou menos marcada são efetivamente o resultado da influência dos seus antepassados e contemporâneos, assim como também da sua própria sensibilidade, evidentemente.


Pergunta dez: Qual sua opinião sobre a técnica “blu-ray”? Veio para substituir cedês e devedês como estes vieram para substituir os “long-playing” e as fitas VHF, que substituíram os antigos discos de cera? É essa a ordem de desenvolvimento crescente rumo à ilusão da mídia de “replicação exata”?

Resposta: Técnica e historicamente a sucessão dos formatos operou-se assim como descreveu, mas se a pergunta é para saber se concretamente a evolução dos formatos corresponde a uma evolução qualitativa da reprodução da música, nesse caso não creio que tenhamos evoluído muito após o CD!!!


Pergunta onze: Se você tivesse que dar ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama – por seus dele insucessos e por isso considerado um autêntico “lame duck” -, fosse compelido a obsequiá-lo pelos “eficientes” serviços de espionagem “prestados à Humanidade”, doar pois um sistema eletrônico para a reprodução do som musical, que setup escolheria?

Resposta: Certamente um par de Rogers LS3/5ª com um amplificador QUAD II, e um gira-discos Pink Triangle PT1 com célula DL103... Ora, esse sistema, pela beldade sonora e envolvimento emocional, poderia transformar Obama em alguém melhor... ele o raciocinar sobre ele mesmo e a sua humanidade.


Pergunta doze: E que presente (o Ideal do Ego) do mesmo gênero se daria a si, Paulo Marcelo, se possuísse os recursos ilimitados do Bill Gates? Com a fortuna do Bill, como montaria sua “sala de som” doméstica?

Resposta: Na realidade conservaria o meu sistema exatamente como é, mas aproveitaria do dinheiro para cobrir as paredes com milhares de discos vinil e CD, o que faria um amortecimento “natural” da sala...


Pergunta treze: Que pergunta não fiz mas que você gostaria de ter respondido? Sirva-se à vontade.

Resposta: O que é a musicalidade? a que serve a Audiofilia? Qual a razão da paixão pelo áudio?
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyTer Jan 21 2014, 20:49

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Grande entrevista

Obrigado aos dois
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyTer Jan 21 2014, 22:08

Muito obrigado ao Holbein e ao Paulo pela excelente entrevista !
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyTer Jan 21 2014, 23:51


Ora, Amigos, numa entrevista assim como não existem perguntas indiscretas e sim respostas, não há também perguntas inteligentes mas sim respostas. Parabéns de nós todos à competência do Paulo-td124. Suas respostas claras e de aparência simples, se lidas com atenção possuem lições de Mestre.
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQua Jan 22 2014, 00:16

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Com a devida vénia aos dois.
Obrigado!!
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQua Jan 22 2014, 10:52

Holbein Menezes escreveu:

Ora, Amigos, numa entrevista assim como não existem perguntas indiscretas e sim respostas, não há também perguntas inteligentes mas sim respostas. Parabéns de nós todos à competência do Paulo-td124. Suas respostas claras e de aparência simples, se lidas com atenção possuem lições de Mestre.

é verdade  Reflexões de H. M. 754215 

Obrigado pela entrvista  Reflexões de H. M. 843159 
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Holbein Menezes
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQua Jan 22 2014, 11:07


Minha companheira Hermosa Maria e eu estamos a pensar pagar a minha dívida para com os irmãos lusitanos que de há muito tempo gentilmente toleram-me, e ainda por cima, rendem-me homenagem. Como já vou a completar no próximo setembro 92 anos de vida vivida (em junho, noventa e um de nascido; é que não me apraz comemorar "dores de parto" e sim o prazer da concepção...), estamos, pois, a planificar uma visita à Portugal terra dos meus tetravôs para o decorrer deste ano de 2014.

A maior dificuldade para concretizar esse desejo é meu pânico incurável de aeroporto... De avião até gosto de viajar; mas aquela espera de muitas horas em aeroportos... "PAI, afasta de mim esse cálice...".
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António José da Silva
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQua Jan 22 2014, 11:55

Holbein Menezes escreveu:

... "PAI, afasta de mim esse cálice...".  


Nesse aspeto, só podemos esperar que a carne não seja fraca e que possas finalmente dar um "pulo" a Portugal para podermos usufruir da tua companhia. Reflexões de H. M. 754215 

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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQua Jan 22 2014, 12:39

Holbein Menezes escreveu:

Minha companheira Hermosa Maria e eu estamos a pensar pagar a minha dívida para com os irmãos lusitanos que de há muito tempo gentilmente toleram-me, e ainda por cima, rendem-me homenagem...

...estamos, pois, a planificar uma visita à Portugal terra dos meus tetravôs para o decorrer deste ano de 2014.

... 

Se isso vier a se realisar!... estarei no aeroporto à vossa espera, seja como for !!!...

Até+
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQua Jan 22 2014, 12:45

TD124 escreveu:
Holbein Menezes escreveu:

Minha companheira Hermosa Maria e eu estamos a pensar pagar a minha dívida para com os irmãos lusitanos que de há muito tempo gentilmente toleram-me, e ainda por cima, rendem-me homenagem...

...estamos, pois, a planificar uma visita à Portugal terra dos meus tetravôs para o decorrer deste ano de 2014.

... 

Se isso vier a se realisar!... estarei no aeroporto à vossa espera, seja como for !!!...

Até+


E se marcado com antecedência, estarei decerto em Portugal por essa altura.  Reflexões de H. M. 754215 

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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQua Jan 22 2014, 12:54

Holbein Menezes escreveu:
ENTREVISTA de Holbein Menezes com o Engenheiro Paulo Marcelo-td124 (em  Montpellier, França).

Não sei quem deva felicitar primeiro, se o entrevistador pela sua inteligência ou o entrevistado pela sua sagacidade e modelo de uma prática exemplar.

Ficamos a aguardar que o Paulo responda às perguntas que o Holbein não fez mas cujas respostas ele (Paulo) gostaria de nos dar a conhecer:

14. O que é a musicalidade?

15. Para que serve a Audiofilia?

16. Qual a razão da paixão pelo áudio?


Um abraço a ambos, e até breve em Lisboa,
Ricardo
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQua Jan 22 2014, 14:07

Venho de enviar "treze perguntas" ao Mestre Holbein, de modo a formar uma entrevista cruzada!... e estou extrêmamente curioso das suas respostas, que porei aqui !!!...

Até+
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQua Jan 22 2014, 14:31

TD124 escreveu:
Venho de enviar "treze perguntas" ao Mestre Holbein, de modo a formar uma entrevista cruzada!... e estou extrêmamente curioso das suas respostas, que porei aqui !!!...

Até+


Formidável.  Reflexões de H. M. 754215 

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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQua Jan 22 2014, 17:14

TD124 escreveu:
Venho de enviar "treze perguntas" ao Mestre Holbein, de modo a formar uma entrevista cruzada!... e estou extrêmamente curioso das suas respostas, que porei aqui !!!...

Até+

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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQui Jan 23 2014, 13:24

REFLEXÃO Nº 3. Parte I.

“Não há dois violões que soem iguais”, disse-me numa conversa regada a vinho o grande violinista brasileiro, Nonato Luiz, cujo último disco “Estudos, Peças e Arranjos”, gravado em 2008 e 2009 aqui em Fortaleza, ele deu-me de presente no último dos meus aniversários.

Da mesma forma, não há dois violinos que tenham a mesma sonoridade. Um grande amigo irmão camarada trouxe da Alemanha, e deu-me de presente, um disco assaz interessante. Em o qual o violinista Saschko Gawriloff gravou o mesmo trecho da Partita de Bach, BWW 1004; gravou o trecho no mesmo local (Musikhochschule, em Colônia, na Alemanha) e no mesmo dia (28 de dezembro de 1995), mas tocando em sete (a conta do mentiroso...) marcas diferentes, de violino: Amati (1640), Guadagnini (1771), A. Guarneri (1671), P. Guarneri (?), Horvath (1992), Stadivari (1683) e Vuillaume (1870).

Aviso: eram todos instrumentos perfeitos, perfeitíssimos, que custam milhões de dólares mas... ainda assim não soam semelhantes! Intrigante isso, não?

Pois. O elemento diferencial, ou seja, o porquê de os sons das várias marcas dos violinos da aludida gravação – apesar de a perfeição de cada instrumento – não se equivalerem deve-se a um fenômeno chamado “formante”; fenômeno pouco conhecido uma vez que pouco estudado. Que origina o caráter do som de cada violino (também chamado de “coloração” por “reviewers” mais apressados; termo que em música reproduzida rejeito pelo seu conteúdo algo pejorativo.

Aí refleti: ora, não é vero que de igual maneira comportam-se caixas de som – que em Portugal são conhecidas como “colunas”? Ainda que componentes da mais alta qualidade, e o melhor que cada fabricante pode fazer, mesmo assim não soam semelhantes em uma dada sala e outra.

Sem dúvida um Stradivari soará nas minhas mãos leigas de um jeito; assim como também na minha salinha de 10 m² (“gessofilled”) uma caixa de som de boa cepa, se não “casar” com o amplificador que lhe alimenta, soará desconforme ao som da sala de testes dos fabricantes tanto das caixas quanto do amplificador; isso se um tiver sido produzido para funcionar com o outro. Com isso eu desejo significar que a mesma caixa, o mesmo exemplar, a mesma unidade de caixa de uma mesma grife poderá vir a soar perfeita se o amplificador que a alimenta estiver conforme suas características.

Não é assim, Engenheiro Paulo Marcelo, td124?

Vejamos um exemplo que aprendi a custos altos: uma caixa cujas unidades de falantes são dotadas de alto fluxo magnético (Gauss) “casou” muito bem com meus amplificadores valvulados de baixo fator de amortecimento. Por quê? Em virtude deque duro com duro não faz bom muro: alto fluxo magnético pede amplificador de baixo fator de amortecimento, e a recíproca é verdadeira: um alto-falante de baixo fluxo magnético (como é o caso do falante principal das Martin Logan) alimentado por um amplificador de válvula de baixo fator de amortecimento – como foi o meu caso com as “Clarity” – soará buminoso, isto é, graves sem consistência, baixos médios amorfos. Isso em qualquer sala!

Porque as caixas da Martin Logan foram pensadas, projetadas e confeccionadas para serem alimentadas por amplificadores transistorizados de alto fator de amortecimento, ou valvulados, idem. Que existem, pois, pois. Mas não eram os meus 300B de uma válvula só e 8 watts de potência. Merde! Gastei quase seis mil reais para jogar no lixo! Jogar no lixo, foi o que disse, e fiz: desmontei o par casado e joguei no lixo a parte eletrostática (um dos canais pifara); os dois falantes de cone, dei-os a um Colega.
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MensagemAssunto: Entrevista com o Mestre Holbein Menezes!...   Reflexões de H. M. EmptyQui Jan 23 2014, 13:40

Entrevista com Holbein Menezes (no Brasil) pelo Paulo Marcelo (td124) (em França).

Pergunta um: Você passou mais de sessenta anos (uma vida!) a se interessar e a praticar a Alta-Fidelidade. Qual foi ou é o ingrediente que mais alimentou essa paixão? a música? os aparelhos de áudio? os encontros humanos? ou algo de outro?

Resposta: para dar a devida ênfase respondo em negrito e em MAIÚSCULO: A MÚSICA! Disparado, a música!

Veja, Paulo: no recuado tempo do disco de cera de 78 ips eu já desejava sonoridade musical mas ignorava onde e como buscá-la. Ao tempo (e ponha tempo nisso!) devido ao cinema curtia Bing Crosby, Jeanette MacDonald, Nelson Eddy, Mario Lanza, Paul Robeson etc.; mas na minha vitrola a voz de Jeanette saia aguda e nasalada se comparada com a doce voz de Bing Crosby, e o vozeirão grave de Paul Robenson; som esse de soprano que eu não apreciava. A partir disso comecei a “mexer” na “vitrola” e tornei-me sem o saber, “audiófilo”. Com o surgimento do disco de longa duração (LP) passei a notar que certos discos soavam mais a meu gosto do que outros. Por quê? Trocava de “cartridge” e pouco ou nada melhorava. Por quê?

Foi quando uma fabriqueta de cápsulas fonocaptoras do Japão, a SATIN, de Kyoto, remeteu-me propaganda pela qual conheci o “problema” do “ângulo vertical”. A diferença de musicalidade que eu percebia entre um selo e outro dos LPs da minha coleção de mais de mil discos decorria da inobservância da “norma internacional” dos 15 graus para instalação do “stylus” de corte na etapa do “lacquer original”, norma que quase nenhum fabricante de disco obedecia; adotavam-se ou 10 graus (Decca, Telefunken, Philips etc.) ou 22 graus (U.S.A. Canadá, Brasil etc.). A SATIN, para corrigir esse erro de leitura da minha Satin de bobina móvel remeteu-me dois calços de bambu para serem postos na frente da “cartridge” (a passar assim o ângulo vertical para 22 graus) ou atrás das células de leitura (a alterar o ângulo para 10 graus).

Para encurtar a resposta que já vai longa: dessa maneira nasceu em mim o escutador de música em conserva insatisfeito; até cheguei a detectar, posteriormente, cinco categorias (selos) de discos, e para cada categoria mandei tornear um calço de alumínio, os calços diferentes em espessura. Por outro lado, os célebres Garrott Brothers, da Austrália, dos quais eu era representante para a América do Sul, bateram palmas! John Garrott escreveu-me e afirmou: “A única indicação que você não deve seguir é a da fábrica...”.

Nessa ocasião “gestou-se” o irrequieto Holbein Menezes; até então eu era apenas “Menezes”, tão geral e comum quanto o sobrenome; foi nesse tempo que frutificou o musicista, o que escuta música pela obra musical e não o diletante de harmonias.

Pergunta dois: Durante a minha prática da Audiofilia reparei que a maior parte dos amadores busca um som pessoal, mais do que a “verdade” ou a fidelidade. A fidelidade então, não é musical? não tem interesse? ou simplesmente a busca dos audiofilos é outra coisa?

Resposta: Não sou Doutor, Paulo; não pude formar-me, aos dezoito anos de idade a Segunda Grande Guerra Mundial sacou-me do estudo escolar; saí sargento do serviço militar ao qual tive que servir por quase dois anos! De sargento saltei, no fim da Guerra, para bancário; passei trinta anos e um dia como bancário. Tenho, pois, quase nenhum conhecimento escolar. Mantive-me “amador”, sempre “amador” se por amador toma-se o leigo não formado.

Mas ao envelhecer aprendi que o ser humano tem alguns órgãos em duplicata, porém nenhuma das duas unidades de tais órgãos tem comportamento igual. O hemisfério esquerdo do cérebro, por exemplo, “tem a função de dar coerência lógica às informações que lhe são transmitidas pelo direito”(Andrade. V.M.); já o hemisfério direito tem a tarefa de “transmitir as informações novas de conteúdo afetivo, que podem ser rejeitadas (negadas) pelo esquerdo no seu apego obsessivo à ordem interna estabelecida” (Id. Andrade. V.M.) E o neurocientista M. Gazzaniga escreveu: o hemisfério esquerdo no cérebro humano “... está constantemente em busca de ordem e razão, mesmo quando não existe nem lógica nem razão – o que o leva a cometer contínuos erros.”

Ora, Amigo, quem já fez curva audiométrica dos ouvidos fica a saber que um ouvido tem curva dessemelhante da do outro ouvido; o oftalmologista comprova que o olho direito vê diferente do olho esquerdo; e o urologista atesta que um rim age desigual do outro; etc.

Portanto, se cada um de nós enquanto unidade de indivíduo somos duplicata, por que então haveríamos de ter uma única “verdade” quanto à percepção da música? Minha experiência de vida ensinou-me que o que ouvimos é o que necessitamos ouvir; e é mentira o “ouvido absoluto”. Quem é absoluta é a percepção, que é um conjunto de funções em inter-relação.

Não existe, pois, qualquer percepção da música como substantivo singular (duas pessoas num dado lugar não ouvem de forma igual); porque o som musical chega aos nossos ouvidos em forma de ondas; tais ondas, nas reentrâncias dos ouvidos externos, transformam-se; como as reentrâncias de cada ouvido de uma pessoa são desiguais (e também de uma pessoa para outra) quanto à forma e as saliências, as ondas sonoras que adentram os ouvidos internos já são desconformes à geração (origem) das ondas. O córtex cerebral ao processá-las faze-o, portanto, desigualmente. Onde fica, pois, o seu ouvido em relação ao meu? Quem de nós dois ouve o som “original”?

Assim, que é feita da “alta-fidelidade”? Foi pros quintos!

Pergunta três: São os grandes aparelhos que formam os grandes audiófilos, ou o contrário?

Resposta: Sim, os grandes aparelhos criam não os grandes mas os ricos audiófilos; que em geral não ouvem música, “brincam” com caros equipamentos de áudio. Os discos para esses, ora, os discos para esses são apenas discos, compõem as discotecas dos ricos... tal como livros comprados a metro compõem as suas belas estantes.  

Pergunta quatro: Quando escuta dois aparelhos de áudio, de sonoridade comparável, mas um é fabricado por um artesão e outro por um industrial, qual lhe é mais simpático?

Resposta: se se trata apenas de “simpatia”, como disse Vinicius de Moraes, “as feias que me perdoem mas beleza é fundamental”. Parodiando: os aparelhos antipáticos que me perdoem mas simpatia é fundamental. Isto é, desde que a sonoridade (no sentido de musicalidade) sejam “comparáveis”.

Pergunta cinco: Para si que tipo de musica justifica o investimento pessoal e financeiro na busca de um grande sistema de escuta: a música “dita” erudita ou a musica “dita” popular?

Resposta: nem dita nem desdita, Paulo. Em termos de gosto pessoal tenho pago até 150 dólares por um blu-ray de música erudita e não despendo nem sequer dez dólares para um disco de jazz ou popular. Minha experiência pessoal indica que seria capaz de investir mais de dez mil euros em um “setup”... só para deliciar-me com uma única notação a mais (uma nuança nunca dantes ouvida) nos quintetos de Mozart... se o “setup” de 10 mil escudos ou mais mo proporcionasse.

Pergunta seis: Para si, destas duas qual é a qualidade fundamental para ser um grande audiofilo: a inteligência ou a sensibilidade? Uma só resposta, por favor.

Resposta: por favor, não, por prazer de conversar com você. Para ser um musicista (quem gosta de música) a sensibilidade está muito acima da inteligência; não se faz preciso entender a obra e sim senti-la.

Pergunta sete: Num mundo moderno, onde os audiofilos se classificam em “objetivistas” (que consideram que a técnica pode dar respostas a todas as dúvidas do áudio), e “subjetivistas” (que tentam alargar a visão a outros domínios menos científicos a fim de encontrarem respostas), em que classificação você se insere?

Resposta: Meu estimado Paulo, não conheço fenômeno nenhum na Natureza que não tenha interligações. Objetivistas e subjetivistas compõem a “tribo” dos ouvintes da música em conserva. A Música, pois, como declarei lá em outra pergunta, é o elo fundamental da corrente de musicistas (ouvintes de música), sejam eles objetivos, sejam subjetivos. Dividir o prazer de ouvir música em objetivo e subjetivo é arbitrário, e se é arbitrário é anticientífico.

Pergunta oito: Na sua opinião, um alemão é mais apto a ouvir (compreender) a musica de J.S. Bach do que um brasileiro ou outra nacionalidade? Ou não tem nada a ver uma coisa com a outra?

Resposta: Nada a ver! A música de Bach seria universal se existisse vida em outras galáxias.  É, entretanto, terrenal, pelo menos por enquanto. Aliás, não foi por acaso que os germânicos nazistas deram preferência à música grandiloquente de Wagner à bem-aventurança da matemática musical de Bach; talvez seja porque os alemães são mais bélicos do que matemáticos...    

Pergunta nove: Quando o transistor nasceu os audiófilos meteram-se a venerar a válvula e quando o CD nasceu, a venerar o vinil, e agora que os amplificadores PWM (ditos digitais) apareceram, vejo pessoas começarem a venerar o transistor! Existe um gosto pelo “passadismo” em audiofilia ou, ao contrário, é uma reação natural e lúcida?

Resposta: É “natural” mas não é lúcido, se por lúcido tomamos a sensatez do meio termo. A Psicanálise ensina que os humanos temos a tendência (repito, a tendência) de buscar “o ponto” em o qual nos julgamos estávamos bem “protegidos”; até pode ser, e muitas vezes é “um ponto existencial frágil”. Freud concebeu que os humanos temos a tendência de volver ao útero materno, lugar em o qual experimentamos o conforto existencial supremo e completo: desde a integridade física, a temperatura ideal, a alimentação, a respiração etc. Quando o comum das pessoas sente-se ameaçado, nosso impulso inconsciente é “ir para casa”; e “casa” aqui tem mnemonicamente a conotação de útero materno. Quando desaba uma tempestade, ocorre um incêndio, há uma baderna, em qualquer anormalidade nossa vontade inconsciente é “ir para casa”; ou nos “protegermos” numa casa.

Essa é a base do saudosismo, dos que idealizam o passado em o qual foram ou pensam ter sido felizes, ou “sentem” que o foram. O disco LP teve seus méritos e deméritos, você mais que ninguém sabe disso: o “ploc-ploc”, um deles; o desgaste, outro, a não portabilidade, também; os empenos, idem. O CD ganhou portabilidade mas perdeu extensão frequencial; as fitas VHS criam uma “graxa” que prejudica a leitura, e muitas vezes a impossibilita. Agora estou a experimentar o blu-ray... Depois, portanto, eu conto dessa experiência.

Minha experiência com PWM não foi auspiciosa, além de danificarem-se os dois amps que adquiri, seu som “sólido” e “asséptico” em demasia me pareceu menos prazeroso do que com a musicalidade dos meus amplificadores “single end”, com a 300B.    

Pergunta dez: Se em estado de repouso você decidir escutar o oratório “Mattäus Passion”, do J.S. Bach, e possuir a mesma gravação em CD e vinil, qual, instintivamente, dos dois vai ouvir?

Resposta: Sabe, Paulo, escolho minhas músicas pelo que elas representam como prazer. E considero, pelo menos quanto a mim, que ver e ouvir é mais prazeroso do que ouvir somente. Ademais, não é demais acrescentar que qualquer peça musical foi concebida pelo seu criador para ser “vista” e “ouvida”; quer dizer, foi criada para ser exibida. Ou seja, foi feita para um dado público vê-la e ouvi-la. Portanto, entre “A Paixão Segundo São Mateus” em vinil e CD, prefiro a reprodução em blu-ray.

Pergunta onze: A Alta-Fidelidade evolui com o tempo? ou, ao contrário, anda para trás? ou a questão está mal formulada, e então não tem sentido perguntar?

Resposta: numa democracia toda pergunta merece resposta; não fora assim seria autoritarismo: “L’État c’est moi”, frase atribuída a Luis XIV de França.

A alta-fidelidade evoluiu com o tempo, SIM! Por exemplo: os plugues dos cabos de interconexão do tempo das demonstrações vivo versus replicação, de Gilbert Briggs, da Wharfedale, em as quais os plugues não tinham condição mecânica de realizar os bons contatos dos plugues de agora; portanto, deviam haver perdas e contaminações na qualidade do sinal de áudio, e se perdas havia, a qualidade da condução do sinal de áudio hoje pode ser superior à de antigamente.

Porquanto a topologia dos cabos de outrora, com apenas duas vias (positivo, por via de um cabo reto, e negativo aproveitando o “shield” (malha de blindagem trançada e não reta), com certeza é inferior as três vias de agora preconizadas pelo seu particular amigo Jean Hiraga em artigo de 1970.

De outra parte, a técnica de montagem de um aparelho eletrônico moderno é mais organizada e racional do que no tempo do QUAD II; a topologia de agora (circuito impresso) beneficia sobremodo o caminho do sinal de áudio, com isso a evitar que esse sinal seja contaminado por espúrios quer ocasionados por vibração quer por sinais de RF.

Do ponto de vista da concepção dos circuitos, entretanto, não houve na verdade novas descobertas senão o acoplamento direto entre os estágios. No mais, fonte, entrada, “drive” e saída quase não variaram no modo; ainda que se constate mais organização.  

Pergunta doze: A prática assídua do áudio e da escuta musical nos torna seres sensíveis e melhores ou, ao contrário, nos transforma em “obsessivos-compulsivos”?

Resposta: Por definição, o “transtorno obsessivo-compulsivo é um transtorno de ansiedade em que as pessoas apresentam pensamentos, sentimentos, ideias, sensações (obsessões) ou comportamentos repetidos e indesejados que as fazem sentirem-se forçadas a fazer alguma coisa (compulsões)”.

E por experiência própria sei do que se trata; minha família, minha saudosa primeira mulher com quem vivi 61 anos (!!) fez quinze anos de psicanálise, todos os meus seis filhos fizeram análise e eu próprio fiz; somados os anos registramos talvez um recorde: por mais de trinta anos a família deitou-se num divã freudiano...

Portanto posso proclamar que uma “prática assídua do áudio e da escuta musical”, ao contrário de ser um transtorno é uma terapia; e uma excelente e efetiva terapia.  

Pergunta treze: Qual o maior erro na evolução (histórica) da Alta-Fidelidade, e por quê?

Resposta: Boa pergunta, e por ser boa merece boa resposta, que a não tenho, desafortunadamente. Entretanto arriscaria um palpite: o próprio nome!

A propósito, esse foi o tema de meu primeiro artigo (Alta-fidelidade de quê?) para a revista de Lisboa, AUDIO, do meu querido amigo Jorge Gonçalves (no próximo número bimestral (245-março/abril) voltarei a assinar matéria).

Hoje, já bem mais calejado pela longa vida vivida, a não ser por algum aspecto de natureza formal (sei que escrevo hoje melhor do que escrevia no recuado tempo de minha estreia na AUDIO), ainda hoje continuo a considerar que a replicação eletrônica é uma forma própria de ouvir-se música, como o é também a música ao vivo. Portanto, meu palpite diz que o erro essencial histórico da técnica eletrônica para a reprodução do som musical foi pretender ser a alta-fidelidade dos eventos primários; coisa impossível!
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQui Jan 23 2014, 13:49

Aqui està a entrevista com o Holbein, e o minimo que posso dizer é que:

Tem muito que se diga!... obrigado Mestre!!! Então comentem, digam o que pensam !!!...

Até+
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQui Jan 23 2014, 14:15

AVISO aos leitores, do Paulo e meus:

Falamos os dois, Paulo e eu, a "última flor do Lácio": o Português. E escrevemos nele. Acontece que a língua, qualquer língua viva é mutante; com o tempo e com as situações concretas do desenvolvimento material de cada povo - uma língua é um fenômeno de superestrutura que recebe forte influência da situação concreta de cada país:"assim como o homem vive", ele fala e escreve - por causa dos desenvolvimentos desiguais de Brasil e Portugal nossa linda língua Portuguesa (culta e bela) veio a ser falada e escrita de forma diversa em nossos países.

Paulo mantém a tradição do seu País, escreve no Português antes do "Acordo Ortográfico Portugal-Brasil"; já eu sigo rigorosamente os termos desse acordo.

Daí as diferenças de nossas escritas. Espero que compreendam.
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Rui Mendes
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQui Jan 23 2014, 14:34

Estes textos sobre áudio entre estes dois seres lembram-me a correspondência entre Freud e Einstein sobre a natureza da Guerra.
(convido todos a ler por exemplo em http://areas.fba.ul.pt/jpeneda/FreudEinstein.htm )

Absolutamente deliciosos

Obrigado aos dois
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António José da Silva
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQui Jan 23 2014, 15:32

Fantástica conversa entre duas fantásticas pessoas.  Reflexões de H. M. 754215 

E felizmente, nem é necessário buscar as sábias palavras e conclusões nas sempre chatas, subjetiveis e muitas vezes moldáveis "entre-linhas", está tudo escarrapachado e direto. E são palavras para aproveitarmos (verbum sat sapienti)


Só podemos ficar na esperança que o Holbein e o Paulo continuem a conversar....só entre eles.

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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQui Jan 23 2014, 15:33

Rui, eu é tenho que agradecer a você por ter-me proporcionado o prazer de reler as cartas trocadas entre Freud e Einstein, as quais eu lera, e possuíra copia fazia 50 anos mas as houvera perdido nas minhas muitas mudanças de residência (Fortaleza até 1956, Rio até 1983, Florianópolis até 2007, e de volta à Fortaleza em 2007).

Agora vou conservá-las em "lugar certo e sabido" como gostam de escrever advogados e juízes.

Boa-tarde.

Holbein.
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQui Jan 23 2014, 15:40

António José da Silva escreveu:
Fantástica conversa ...

Só podemos ficar na esperança que o Holbein e o Paulo continuem a conversar....só entre eles.  

Tàs a me tirar as ideias da cabeça, ou a ser adivinho pois estou a preparar o que esperas!...

E vai ser para daqui a pouco!... mas também participara quem quizer!!!... o AAP é democratico, o que é raro....

Abraço
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptySex Jan 24 2014, 07:52

What a great topic! Thank you very much for sharing your thoughts and insights!

Regards
Manfred

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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptySex Jan 24 2014, 08:17

TD124 escreveu:
Pergunta dois: Durante a minha prática da Audiofilia reparei que a maior parte dos amadores busca um som pessoal, mais do que a “verdade” ou a fidelidade. A fidelidade então, não é musical? não tem interesse? ou simplesmente a busca dos audiofilos é outra coisa?

Resposta: Não sou Doutor, Paulo; não pude formar-me, aos dezoito anos de idade a Segunda Grande Guerra Mundial sacou-me do estudo escolar; saí sargento do serviço militar ao qual tive que servir por quase dois anos! De sargento saltei, no fim da Guerra, para bancário; passei trinta anos e um dia como bancário. Tenho, pois, quase nenhum conhecimento escolar. Mantive-me “amador”, sempre “amador” se por amador toma-se o leigo não formado.

Mas ao envelhecer aprendi que o ser humano tem alguns órgãos em duplicata, porém nenhuma das duas unidades de tais órgãos tem comportamento igual. O hemisfério esquerdo do cérebro, por exemplo, “tem a função de dar coerência lógica às informações que lhe são transmitidas pelo direito”(Andrade. V.M.); já o hemisfério direito tem a tarefa de “transmitir as informações novas de conteúdo afetivo, que podem ser rejeitadas (negadas) pelo esquerdo no seu apego obsessivo à ordem interna estabelecida” (Id. Andrade. V.M.) E o neurocientista M. Gazzaniga escreveu: o hemisfério esquerdo no cérebro humano “... está constantemente em busca de ordem e razão, mesmo quando não existe nem lógica nem razão – o que o leva a cometer contínuos erros.”

Ora, Amigo, quem já fez curva audiométrica dos ouvidos fica a saber que um ouvido tem curva dessemelhante da do outro ouvido; o oftalmologista comprova que o olho direito vê diferente do olho esquerdo; e o urologista atesta que um rim age desigual do outro; etc.

Portanto, se cada um de nós enquanto unidade de indivíduo somos duplicata, por que então haveríamos de ter uma única “verdade” quanto à percepção da música? Minha experiência de vida ensinou-me que o que ouvimos é o que necessitamos ouvir; e é mentira o “ouvido absoluto”. Quem é absoluta é a percepção, que é um conjunto de funções em inter-relação.

Não existe, pois, qualquer percepção da música como substantivo singular (duas pessoas num dado lugar não ouvem de forma igual); porque o som musical chega aos nossos ouvidos em forma de ondas; tais ondas, nas reentrâncias dos ouvidos externos, transformam-se; como as reentrâncias de cada ouvido de uma pessoa são desiguais (e também de uma pessoa para outra) quanto à forma e as saliências, as ondas sonoras que adentram os ouvidos internos já são desconformes à geração (origem) das ondas. O córtex cerebral ao processá-las faze-o, portanto, desigualmente. Onde fica, pois, o seu ouvido em relação ao meu? Quem de nós dois ouve o som “original”?

Assim, que é feita da “alta-fidelidade”? Foi pros quintos!


O meu amigo Holbein que me perdoe mas não concordo nada com esta justificação, aliás defendida por muitos audiófilos (da "tribo" subjectivista), que se os nossos equipamentos auditivos são diferentes é natural que um sistema com um bom desempenho técnico ou elevada fidelidade soe "bem" a uns mas não a outros.
A meu ver é imensamente mais provável que isso se deva aos nossos equipamentos sensitivos.

Ora veja, é quase certo que meu cérebro percepcione (ou identifique) o azul utramarino Ives Klein com mais ou menos amarelo e mais ou menos luminosidade que o seu mas na minha realidade e na sua estamos a falar da mesma cor, seja ela observada "ao vivo" ou reproduzida por um televisor.
Ou seja, a quantidade e qualidade da luz é a mesma e mesmo que duas pessoas a vejam objectivamente de modo diferente para ambos aquela passa a representar a referida cor.

O que se passa, a meu ver, no audio é que o "gosto" tem uma enorme preponderância sobre a "razão" e conheço poucos audiófilos que compram os seus equipamentos pelas especificações técnicas.
Julgo que a avaliação subjectiva é uma característica intrínseca da prática audiófila, porque se trata afinal de recriar uma ilusão (e essa quer-se prazenteira) e porque a subjectividade do "gosto" torna essa prática ilimitada no tempo.

Estamos no domínio da "sensação" e não da "percepção".


TD124 escreveu:
Pergunta doze: A prática assídua do áudio e da escuta musical nos torna seres sensíveis e melhores ou, ao contrário, nos transforma em “obsessivos-compulsivos”?

Resposta: Por definição, o “transtorno obsessivo-compulsivo é um transtorno de ansiedade em que as pessoas apresentam pensamentos, sentimentos, ideias, sensações (obsessões) ou comportamentos repetidos e indesejados que as fazem sentirem-se forçadas a fazer alguma coisa (compulsões)”.

E por experiência própria sei do que se trata; minha família, minha saudosa primeira mulher com quem vivi 61 anos (!!) fez quinze anos de psicanálise, todos os meus seis filhos fizeram análise e eu próprio fiz; somados os anos registramos talvez um recorde: por mais de trinta anos a família deitou-se num divã freudiano...

Portanto posso proclamar que uma “prática assídua do áudio e da escuta musical”, ao contrário de ser um transtorno é uma terapia; e uma excelente e efetiva terapia.

Eu diria que depende acima de tudo da nossa capacidade de contenção ou moderação; a incontinência consumista, muito auxiliada pela internet, pode rapidamente transformar a paixão pela música e/ou pelo audio num vício descontrolado e irracional de proporções patológicas.

Um abraço,
Ricardo
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Luis Filipe Goios
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptySex Jan 24 2014, 10:08

Reflexões de H. M. 754215 Reflexões de H. M. 754215 
O que eu aprendo por aqui...
Obrigado a ambos os dois, como dizia o outro.
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Holbein Menezes
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptySex Jan 24 2014, 11:48

É verdade, Ricardo, que há sempre duas "verdades": A QUE É e a QUE NOS PARECE SER. O objeto observado é ele em si mas o percebido (mesmo objeto) é ele e os que o observam. A ciência psicanalítica ensina que a percepção, qualquer percepção é feita a meio-caminho: o objeto expede ondas de luz (ou som) em direção ao observador e este por sua vez expede catexias para o objeto, e ondas de luz ou som encontram-se a meio-caminho com as catexias (cota de afeto ou libido) do observador.

Portanto, meu amigo Ricardo, a percepção (consciência ou impressão ou intuição, que nome se lhe dê) é variável porque pessoal. É possível que em termos gerais todos percebamos aproximadamente semelhante mas ao levar a percepção aos detalhes, aí meu Caro, cada pessoa tem percepção própria e pessoal; a depender da qualidade (e saúde) de seus órgãos analisadores: ouvidos, olhos, paladar, tato etc.

Costuma-se dizer que quando somos novos "vemos" o Mundo de uma forma, mas quando envelhecemos "sabemos" que o Mundo é diferente daquele que mnemonizamos quando éramos novos. Serão, por ventura, dois Mundos diferentes; ou diferentes sãos as nossas percepções (de moço e de ancião) enquanto o Mundo é o mesmo, ou quase?

Ensinou o grande filósofo Jesus Cristo: "Na casa do Senhor há muitas moradas." E eu digo: nas casas dos audiófilos há muitos sons. Qual a morada da Casa do Senhor que melhor nos satisfará? Mutatis mutandis, qual o som das nossas casas audiófilas que mais prazer nos proporcionará?

Costumo responder a essa indagação assim:o melhor som da casa da gente é aquele que TEMOS se dele gostamos.

Não é o reino "de cada cabeça, uma sentença", mas o império de cada "percepção" uma percepção peculiar. Nesse sentido, somos plurais!


Última edição por Holbein Menezes em Sex Jan 24 2014, 12:00, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptySex Jan 24 2014, 11:58

Erro meu; onde eu erradamente escrevi percepção deveria ter antes escrito identificação / captação sensorial ou algo do género…no fundo queria distinguir sensação de interpretação.

Desenvolvendo um pouco mais o tema, tenho observado (nos vários fóruns nacionais e internacionais) que a "fidelidade" é mais importante para os adeptos da música dita "clássica".
Julgo que isso deve principalmente a duas razões: ao facto deste género musical ser tocado em instrumentos acústicos e também por se tratar de um evento musical que tem lugar num ambiente de acústica natural, o que permite uma mais fácil comparação do som reproduzido com o som ao vivo.
Concorda com esta minha ideia?

Existe ainda uma terceira razão, que tem a ver com a qualidade técnica das gravações que é normalmente baixa nas edições de pop e rock...

Um abraço,
Ricardo
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptySex Jan 24 2014, 12:25


Não é que a fidelidade seja mais importante para os amantes da música erudita do que para os amantes da música popular;acho que não é por aí. É que as notações (partituras) da música erudita são mais complexas do que a escrita da música popular.

Luiz de Camões escreveu poesias diferentes das de Fernando Pessoa; Camões é considerado um erudito e Pessoa, popular. Entretanto gosto muito mais da poética de Fernando Pessoa do que da de Luiz de Camões.

É que a linguagem (notação) de um e de outro requer percepção (para entendê-las) diferentes: Pessoa poetou para o contemporâneo, Camões para o outrora. Porém os dois são os maiores vates da língua Portuguesa.

Quer dizer, Ricardo, o fato mesmo são sempre dois: o interior do fato e seu exterior; a Lua para os terráqueos, é o lado dela que vemos cá da Terra, mas ninguém duvida que há um outro lado da Lua, o oculto que só alguns astronautas tiveram a chance de o ver. Todavia, ninguém cá neste planetinha da Via Lactea põe duvida nisso.

A divisão dos audiófilos em objetivistas e subjetivistas peca pelo mecanicismo da conceituação, como se os audiófilos fossem apenas em duplicata, quando na verdade somos plurais, muito plurais! Parodiando poderia dizer: cada ouvido, UM SOM!
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptySex Jan 24 2014, 13:17

Holbein Menezes escreveu:

Não é que a fidelidade seja mais importante para os amantes da música erudita do que para os amantes da música popular;acho que não é por aí. É que as notações (partituras) da música erudita são mais complexas do que a escrita da música popular.

Luiz de Camões escreveu poesias diferentes das de Fernando Pessoa; Camões é considerado um erudito e Pessoa, popular. Entretanto gosto muito mais da poética de Fernando Pessoa do que da de Luiz de Camões.

É que a linguagem (notação) de um e de outro requer percepção (para entendê-las) diferentes: Pessoa poetou para o contemporâneo, Camões para o outrora. Porém os dois são os maiores vates da língua Portuguesa.

Quer dizer, Ricardo, o fato mesmo são sempre dois: o interior do fato e seu exterior; a Lua para os terráqueos, é o lado dela que vemos cá da Terra, mas ninguém duvida que há um outro lado da Lua, o oculto que só alguns astronautas tiveram a chance de o ver. Todavia, ninguém cá neste planetinha da Via Lactea põe duvida nisso.

A divisão dos audiófilos em objetivistas e subjetivistas peca pelo mecanicismo da conceituação, como se os audiófilos fossem apenas em duplicata, quando na verdade somos plurais, muito plurais! Parodiando poderia dizer: cada ouvido, UM SOM!

Concordo com essa dualidade, e a minha prática audiófila é exemplo disso pois compreende um lado "objectivista", outro "observativista" (acabei de inventar a palavra, a menos que já tenha sido escrita pelo Mia Couto) e outro ainda "subjectivista".

Mas neste caso referia-me à "fidelidade" como representação "realista" do som ao vivo.
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptySex Jan 24 2014, 17:07

Ricardo:"Mas neste caso referia-me à "fidelidade" como representação "realista" do som ao vivo."

No HOUAISS, talvez o mais completo e um dos autorizados dicionários da Língua Portuguesa, "realista" significa "conforme à realidade"; portanto, qual é a realidade da música reproduzida?

Primeiro fato: o dia, a hora e o momento.
Segundo fato: os músicos e suas disposições emocionais.
Terceiro fato: a técnica e a tecnologia da gravação.
Quarto fato: o pessoal da técnica.
Quinto fato: o modo da conserva.

Ora, basta um único desses cinco fatos terem cambiado (e é impossível não terem) para que a replicação NÃO SEJA A MESMA; ou seja, não seja o espelho do evento original.

Pergunto: "realidade" do quê?

Continuemos: AO REPRODUZIR O DISCO EM NOSSAS CASAS nem o dia (tempo), nem a hora e nem o momento SÃO OS MESMOS!

Pergunto: "replicação" do quê?

Por fim: a aparelhagem da gravação NÃO É A MESMA da de reprodução portanto o evento original já não será reproduzido tal qual o evento original realizou-se, posto que NENHUM dos aparelhos de gravação e reprodução, sob o crivo de um Áudio Analisador" de laboratório, apresentará gráficos semelhantes;nenhuns.

Ora, pois, a que realidade você se refere, Ricardo?

(Recado para o "td-124": estou elaborando meus comentários ao seu último "post"; aguarde.)
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptySáb Jan 25 2014, 21:51

Caro Holbein,

Uma imagem em duas dimensões, mesmo em movimento, é sempre um parente pobre da realidade.
No entanto julgo ser possível determinar qual das imagens seguintes é uma representação mais realista:

Reflexões de H. M. Beforeafterexample11

Reflexões de H. M. Beforeafterexample12

Porque razão será tão difícil fazer o mesmo tipo de juízo quando se trata de som?
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQua Jan 29 2014, 17:12

Faz talvez mais de uma década que entrevistei o Engenheiro MILAN KARAN, da empresa KARAN ACOUSTICS, na Iuguslávia. Fizemos até boa camaradagem ao ponto do Sr. Milan criar especialmente para mim um “up-sampler”. O que conversamos foi divulgado no meu saite AUDIODICAS, desativado. Reproduzo aqui a entrevista tal como conservada por mim em meus arquivos cibernéticos. a) Holbein Menezes.



Pergunta: Intriga-me que um ótimo produto para a reprodução do som musical tenha sido desenvolvido num país que, até recentemente, viu-se envolvido em trágicos e sangrentos conflitos internos. Em razão disso, pergunto: onde você foi encontrar a calma e o sossego para pensar o KAi180? Ou, em face de sua excelsa qualidade, o KAi180 não foi humanamente pensado e sim inspiração de alguma divindade? Por qual oráculo?

RESPOSTA: Infelizmente, a Iugoslávia passou por um período muito duro durante a última década. A guerra civil interna deixou consequências terríveis no nosso país, centenas de milhares de refugiados, milhares de mortos, o bombardeio da OTAN em 1999, e, de novo, mais refugiados em Kósovo.... Por sorte, todo esse horror não teve má influência na minha inspiração, ao contrário, levou a que eu decidisse transformar meus sonhos em realidade. O amplificador KAi180 é produto dessa decisão, o desejo de estender nossa filosofia de som a outras pessoas, em especial às que não podem, ou não querem, comprar nossos principais modelos (bem mais caros). O KAi 180 nasceu de alterações no nosso modelo popular KAi 1. Passados seis anos do seu lançamento, e bom desempenho, o tempo mostrou a necessidade de se fazer algumas melhorias e modificações. Um grande número das ideias que utilizamos com sucesso nos nossos modelos mais desenvolvidos foram transferidos para KAi 180, que passou a ser o nosso preferido. Como ele funciona? - Bem, melhor você pode dizer.

Pergunta: Faz anos venho sustentado o achado de que, em eletrônica para a reprodução do som musical, qualquer desenvolvimento hoje terá sido a negação do desenvolvimento de ontem, e será negado pelo desenvolvimento de amanhã, que não passará do desenvolvimento de ontem, mutatis mutandis... Dentro desse conceito "involucionista", por que você não desenvolveu um produto a válvula? O estado sólido já não estaria esgotado?

RESPOSTA: Entendo sua pergunta como uma pequena provocação; estou quase certo de que nem você acredita nesse seu achado. Falando tecnicamente, a válvula tem numerosas deficiências e não foi mudada em sua essência desde a época de Hitler (alguns audiófilos Iugoslavos ainda preferem as válvulas alemães desse período). De mais a mais, os amplificadores transistorizados sofreram profundas mudanças, e foram bastante melhorados nos últimos vinte anos. Muitos ainda não esqueceram como um amplificador transistorizado soava 20 anos atrás, ou dez, ou mesmo cinco, e como soa hoje. Nesse particular, deve-se admitir que ocorreram diferenças consideráveis. Entretanto, o ponto mais importante, a meu ver, é saber que a tecnologia transistorizada ainda guarda enormes recursos, que estão para ser desenvolvidos; já a mesma coisa não podemos dizer sobre as válvulas... De fato, a maior qualidade de um amplificador a válvula é a qualidade do seu som, mas a custa de limitações acima e abaixo do espectro de frequência, além de baixo fator de amortecimento que representa um controle dos graves inadequado, e baixa velocidade (dinâmica). Já o estado sólido (transistor) toca muito mais rápido, com mais energia e dinâmica, com melhor controle de grave e melhor qualidade e apresentação do espectro sonoro. Ainda que seja também verdade que à maioria dos amplificadores transistorizados falta qualidade musical, e atratividade, aspectos que a maioria dos amplificadores a válvula em geral oferecem. Embora que, nesses aspectos, a implementação de novas tecnologias esteja a oferecer vantagens aos amplificadores do estado sólido, quase no nível de qualidade dos amplificadores a válvula. Exemplo: todos os meus amplificadores usam tecnologia balanceada, que é mais complexa e mais cara, mas também significativamente melhor. Eu utilizo transistores bipolares, os quais, na minha opinião, oferecem melhor solução. Tenho, eu penso, com relação a transistores uma abordagem bem diferente comparada com a dos outros construtores. O resultado disso tudo é um som que se encaixa com minha sensibilidade, combina com minha filosofia do som e com meu entendimento de música. Em síntese, tentei extrair, em benefício da qualidade musical, todas as vantagens e possibilidades dos transistores. Para mim, o estado sólido não está morto, ao invés, acho que tem ainda muito futuro inda que possa ser fora das atuais tendências.

Na era da esperteza do high-end, em que se tem a audácia de cobrar por um simples par de cabo de interconexão alguns milhares de dólares, por que você optou por um aparelho integrado de custo modesto? Ou você não considera o KAi180 um produto high-end? Na sua opinião, o que é high-end, uma técnica de ponta ou uma enganação?

Na minha opinião, o termo high-end foi inventado para delimitar, de algum modo, qualidade e preço de equipamentos de ponta, em relação aos ditos "comerciais". A maioria dos amplificadores de hoje é mais high-tech que high-end, isso se tais termos signifiquem equipamentos bons, com alta qualidade musical. Meu intento não foi desenvolver amplificadores que pudessem ser classificados de equipamentos high-end. Eu tinha em mente oferecer aos musicistas a possibilidade de terem a música original, com a atmosfera e as emoções que existem no evento musical. Todos os equipamentos high-tech não passam de completo engodo.

Pergunta: Por que despender tanto esforço num projeto eletrônico quando se sabe que o elo mais fraco de um sistema eletrônico para a reprodução do som musical, nestes tempos de moradias precárias (apartamentos), é sempre a sala? Ou você acredita na utopia de que um bom amplificador é bom em qualquer circunstância?

RESPOSTA: A sala é, definitivamente, o maior problema de todo sistema de alta-fidelidade, mas eu penso que uma eletrônica ruim vai tocar ruim inda que numa sala perfeita. É óbvio, é sempre melhor ter uma boa sala com um sistema médio do que o contrário. O verdadeiro audiófilo em primeiro lugar deve escolher com cuidado sua sala de música, e, se possível, tratá-la com boa acústica. Só depois, então, deve escolher os alto-falantes. Os alto-falantes precisam estar de acordo com as dimensões e características da sala. Em seguida, deve vir a escolha do amplificador, providência que requer quase o mesmo grau de cuidado da escolha da sala e acústica. Outras partes do sistema são também importantes; todavia, nos termos da minha experiência pessoal, sala, falante e amplificador são os elos mais importantes. Todos os componentes devem estar no mesmo nível de qualidade. Não obstante o quanto a sala seja adequada, sempre se poderá perceber diferenças, para melhor ou para pior, de algum componente do sistema.

Pergunta: Você crer que aspectos tais como tomadas douradas, soldas de prata, fios livres de oxigênio, circuito impresso, circuito encapsulado, essas coisas são essenciais para um aparelho soar musicalmente bem? Ou o importante é a fonte? Por que então o velho QUAD 22 ainda soa tão bem? Onde está o segredo, na sua opinião?

RESPOSTA: O pré-requisito básico para um amplificador soar bem está nos cuidados de sua construção. Escolher componentes de alta qualidade fará com que o som seja melhor, é evidente, mas nesse caso o custo do amplificador será correspondentemente maior. Todas as vezes que se usam componentes melhores (e mais caros) melhora a qualidade, mas sem uma boa técnica de construção isso deixa de fazer sentido. De acordo com minha experiência, em primeiro lugar vem o suprimento de energia (a fonte). Isso engloba desde a rede elétrica aos alto-falantes. Repito, uma boa construção significa muito, mas sem um adequado suprimento de energia, nada feito. Os velhos QUAD 22 ainda tocam bem devido à sua concepção como objeto destinado ao som musical, apesar de eu achar que se tornaram obsoletos. Embora soem melhor do que uma pá de amplificadores de produção em série. Para mim, 90% da produção em série estão voltadas para a aparência (design) e conforto de manuseio, ou outras bobagens, que se destinam a desviar nossa atenção da coisa mais importante: o bom som. Não desconheço que a aparência de um objeto é importante, mas tal aparência tem pouco a ver com estética. Nunca perco isso de vista.

Pergunta: O melhor som de grave, eletronicamente reproduzido, que já ouvi na minha vida foi via caixas de canto, de 9 pés cúbicos, de tijolo, com alto-falantes Goodmans Axion 80 (4 unidades por caixa), acionadas por um par de QUAD 22, fator de damping reduzido por meio de um resistor em série. Então pergunto: por que se trabalha tanto hoje em dia para lograr-se obter elevados fatores de damping nos amplificadores? As caixas de alto-falantes de hoje é que não são apropriadas?

RESPOSTA: A boa ou má reprodução das baixas frequências depende da conformidade entre a acústica da sala e os alto-falantes, e também dos outros componentes do sistema. Portanto, você está certo quando fala sobre a combinação dos alto-falantes GOODMANS e QUAD 22 - este com o fator de amortecimento reduzido -, como "os melhores graves" que já ouviu, mas só é verdadeiro para esse dado sistema particular, sem generalizar. Mas tal sistema deve, com muita probabilidade, tocar diferente em outro ambiente. De minha parte, acredito que só um amplificador com alto fator de amortecimento - que o torna capaz do seu máximo desempenho, permitindo-nos ouvir o que acontece nas baixas frequências -, pode reproduzir um bom grave. Um grave bem articulado em geral ouvímo-lo como se tivera pouca pressão musical; na prática isso se traduz pela aparência de pouco grave. Mas estamos equivocados. Não se pode esperar ouvir o que não está presente no material de reprodução, incluindo-se aí a sala. Ainda porque a pressão musical nas baixas frequências depende principalmente do tamanho do espaço acústico, e isto é algo que não podemos generalizar de jeito nenhum. Ademais, caixas acústicas (falantes) diferem de fabricante para fabricante, e no final da linha são elas que definem da qualidade do som. Pessoalmente, prefiro um som firme, forte e definido, sem colorações adicionais, não somente nas baixas frequências mas também no resto; e eu penso que a este respeito, os novos modelos de caixas são melhores que os antigos.

Pergunta: Se você só tivesse dinheiro apenas para, ou comprar um equipamento de qualidade para instalar numa sala medíocre ou para construir uma sala de qualidade para um equipamento medíocre, que preferiria? Só vale uma dessas opções.

RESPOSTA: Como eu já disse, a sala é sempre o maior problema na cadeia da reprodução. Se não existir outra escolha, é melhor ter uma boa sala com um sistema não muito bom, que vice-versa.

Pergunta: Você que também constrói DAC - upsampler 24bit / 96 kHz - acredita de verdade que seja possível elevar bit de uma gravação cujo original foi feito em 16bit / 44.1 kHZ? Em termos leigos e jornalísticos, como isso ocorre? Ou é apenas propaganda?

RESPOSTA: Como em qualquer coisa, é preciso publicidade. Um número enorme de CDs foi realmente gravado no velho formato 16 bit/44.1, mas desses teóricos 16 bits só usamos na prática 13. De fato, os novos processadores de 24/96 ou 24/192 foram fabricados para fazer face às recentes gravações já processadas nesses novos formatos, nos quais podemos constatar algumas diferenças. Agora, utilizar esses novos processadores com velhas gravações, é outra história. A resolução dos CDs não pode ser alterada na sua essência, isso é verdade, muito embora que, com um bom algoritmo, consegue-se encontrar certos dados que podem compensar deficiências. Despendi grande parte do meu tempo a trabalhar na eliminação do "erro de base de tempo" - JITTER -, erro comumente percebido quando um disco é tocado. Ainda que o modo de reparar o JITTER seja um paliativo, a reprodução do sinal amostrado por tal modo é melhor, mais detalhada, mais em conformidade com a música e a ambiência, e definitivamente menos DIGITAL.

Pergunta: Na era da imagem e som, a imagem atrapalha a concentração na música? Ou a imagem veio para complementar uma percepção mais próxima do evento original, proximidade perdida ao longo dos tempos com o atraso da tecnologia que só nos oferecia som? Apenas a reprodução do som não se constituía desvio no processo da percepção de um evento composto de imagem e som?

RESPOSTA: No que concerne à combinação do som com imagem, penso que isso só é importante para as jovens gerações, e para os que preferem filmes. Pelo que sei, apenas um pequeno número de audiófilos sérios tem em casa, com exclusividade, o popular sistema HOME THEATER. Talvez eu seja à moda antiga, mas continuo a gostar de ver filmes numa grande tela de cinema, claro que num cinema com adequado sistema surround.

Pergunta: De que cinzas você surgiu para "revolucionar" o esperto mundo high-end? Quais suas qualificações?

RESPOSTA: Bem, para muitas pessoas da Europa não foi assim tão "do nada". Já tenho mais de 15 anos neste ramo, que começou como hobby e findou por ser profissão. Na verdade, estive em outras áreas da eletrônica (medicina, equipamento militar etc.), as quais contribuíram muito para minha vasta experiência, mostrando-me o que a eletrônica pode conseguir. Alguns dos meus amigos me diziam que eu deveria dividir com outros minha experiência pessoal em acústica. Assim, pois, junto com eles estou tentando encontrar meu espaço neste nosso mundo do áudio. Conseguiremos ter sucesso? Claro, estou certo disso.

Pergunta: Qual o seu equipamento de som doméstico, e por que o escolheu?

RESPOSTA: Em casa uso tudo "feito em casa", até o cabeamento. Eu usava caixas JBL para monitores de estúdio, por achá-las muito boas e neutras. O único componente importante, que não é meu (não ainda!) é o CD Transporte MERIDIAN.

Pergunta: Qual equipamento eletrônico (marcas) você mandaria de presente para seu pior inimigo? E se não tiver inimigos pessoais, digamos para Hitler lá nos quintos dos Infernos?

RESPOSTA: Bem, esta é uma questão interessante, e provocante, então minha resposta será genérica. Ao meu pior inimigo daria:
1. Uma pequena sala feita toda de concreto, com pé-direto baixo, muito vidro e poucos móveis;
2. O CD player mais comercial que eu encontrasse para comprar;
3. O cabeamento mais caro, sobretudo se nunca tiver sido antes experimentado. Aliás, um conselho "mais justo" dependeria dos outros componentes;
4. O pré-amplificador comercial que exibir o maior número de lâmpadas inúteis;
5. Um amplificador valvulado, single-end, especialmente se a sala tiver grandes dimensões, e,
6. Enormes caixas de alto-falantes, se a sala for pequena; ou o contrário, pequenas, se a sala for grande.

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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQua Jan 29 2014, 18:13

Holbein Menezes escreveu:
Faz talvez mais de uma década que entrevistei o Engenheiro MILAN KARAN, da empresa KARAN ACOUSTICS, na Iuguslávia. ...

Muito boa entrevista, com anàlises e pontos de vista pertinentes da parte do Sr M Karan!... Bravo aos dois!

Até+
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQua Jan 29 2014, 21:10

Meu Caro Holbein,

tenho lido, com particular apreço, as suas contribuições para este fórum, que elevam a qualidade do mesmo pela pertinência das temáticas abordadas.

No seu último post, uma das perguntas atira-nos inevitavelmente para a dicotomia válvulas versus transístores. O que gostava de lhe perguntar é o seguinte: se é verdade que a física inerente às junções pnp/npn e ao efeito de campo em junções já data da primeira metade do século XX, ao contrário do efeito termiónico, que remonta de finais do século XIX, não será antes que se deveriam discutir topologias de implementação destes componentes, ao contrário do componente per se? É que, a meu ver, é a topologia que se torna determinante....

Cumprimentos,
Luis
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQua Jan 29 2014, 21:29

Nem a propósito hoje desencantei um CD empoeirado da prateleira do Ensemble Nesidu-I-Huda:

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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQua Jan 29 2014, 21:33

ricardo onga-ku escreveu:
Nem a propósito hoje desencantei um CD empoeirado da prateleira do Ensemble Nesidu-I-Huda:


Casa de (um) deus, Ricardo?
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQua Jan 29 2014, 21:55

Música Sufi da Bósnia, Ex-Jugoslávia (Iugoslávia em Brasileiro), terra do Milan Karan.
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQua Jan 29 2014, 21:58

ricardo onga-ku escreveu:
Música Sufi da Bósnia, Ex-Jugoslávia (Iugoslávia em Brasileiro), terra do Milan Karan.

Agradeço-te. Não sabia que o islamismo era a religião com mais expressividade na Bósnia.
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQua Jan 29 2014, 22:07

Apesar de serem a maioria, os muçulmanos foram perseguidos durante a guerra nos anos 90, e muitos morreram em acções etnocídas.
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQua Jan 29 2014, 22:42

Ainda não tive tempo de ler a ultima entrevista/reflexão, mas mais logo já a irei degustar, agradecendo desde já.

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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQua Jan 29 2014, 23:18

greytear escreveu:
Meu Caro Holbein,

tenho lido, com particular apreço, as suas contribuições para este fórum, que elevam a qualidade do mesmo pela pertinência das temáticas abordadas.

No seu último post, uma das perguntas atira-nos inevitavelmente para a dicotomia válvulas versus transístores. O que gostava de lhe perguntar é o seguinte: se é verdade que a física inerente às junções pnp/npn e ao efeito de campo em junções já data da primeira metade do século XX, ao contrário do efeito termiónico, que remonta de finais do século XIX, não será antes que se deveriam discutir topologias de implementação destes componentes, ao contrário do componente per se? É que, a meu ver, é a topologia que se torna determinante....

Cumprimentos,
Luis

Luis, boa-noite.

Infelizmente não sei dar-lhe resposta; não sou Engenheiro nem Físico. Passo a "bola" para o Paulo Marcelo ou Ricardo França, que são Doutores, com formação superior.

Obrigado pela sua participação;visite-nos sempre.

Holbein.
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQua Jan 29 2014, 23:38

Holbein Menezes escreveu:
Na minha opinião, o termo high-end foi inventado para delimitar, de algum modo, qualidade e preço de equipamentos de ponta, em relação aos ditos "comerciais". A maioria dos amplificadores de hoje é mais high-tech que high-end, isso se tais termos signifiquem equipamentos bons, com alta qualidade musical. Meu intento não foi desenvolver amplificadores que pudessem ser classificados de equipamentos high-end. Eu tinha em mente oferecer aos musicistas a possibilidade de terem a música original, com a atmosfera e as emoções que existem no evento musical. Todos os equipamentos high-tech não passam de completo engodo.

Já tinha lido esta entrevista antes, talvez no Audioliberum…
Acho as respostas um pouco mercantilistas, como acontece aliás com quase todas as entrevistas do género; no fundo trata-se de uma oportunidade para fazer propaganda (ou marketing).
Reparem por exemplo na frase que destaquei acima.

Preferia que me falassem nos aspectos técnicos do equipamentos em vez de andarem para ali a filosofar balelas…

R
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQui Jan 30 2014, 01:10

Já li e gostei bastante. Em todas as entrevistas se pode aprender algo, mesmo que não se partilhe das mesmas opiniões.  Reflexões de H. M. 754215 

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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQui Jan 30 2014, 09:17

Ricardo, entrevista, ou seja, vista entre; visto o quê? Os interesses dos agentes: entrevistado, na sua pessoa, nos seus negócios; entrevistador: no quê vão dizer dele. Todo "furo" de reportagem é antes de tudo um furo nos leitores!
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQui Jan 30 2014, 11:08

Holbein Menezes escreveu:
Ricardo, entrevista, ou seja, vista entre; visto o quê? Os interesses dos agentes: entrevistado, na sua pessoa, nos seus negócios; entrevistador: no quê vão dizer dele. Todo "furo" de reportagem é antes de tudo um furo nos leitores!  

Caro Holbein, não interprete o meu comentário como uma crítica negativa pois as suas perguntas foram directas, pertinentes e até provocadoras; mas acho que o Milan se esquivou com habilidade de alguns assuntos mais controversos e dourou um pouco a pílula no que se refere às capacidades e características exclusivas dos seus equipamentos.
Não deixa no entanto de ser uma leitura informativa e agradável.
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQui Jan 30 2014, 11:12

Continuando com a música vocal tradicional hoje estou a escutar A Cumpagnia:

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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. EmptyQui Jan 30 2014, 12:27

Você captou o "ponto", Ricardo"; as perguntas que faço para as minhas entrevistas são astuciosas mas não capciosas. Perguntar bem é inquirir uma pessoa para o que você quer saber e não para o que a pessoa quer dizer...
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MensagemAssunto: Re: Reflexões de H. M.   Reflexões de H. M. Empty

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