O meu humilde sistema estéreo

Aqui começo a saga do meu pequeno sistema estéreo que tenho montado no escritório cá de casa.

Tudo começou quando me lembrei que o sistema multi-canal não era suficiente, nem simples o suficiente para ouvir música. Além disso, precisava de qualquer coisa para quando estou no escritório.


O DAC
A saga começou com a compra de um DAC relativamente barato, de um pequeno construtor no UK, que diziam ter a performance superior ao DAC Magic: Beresford Caiman. Liguei ao AVR, mas a mudança não foi grande.

O pequeno sistema
Em paralelo comprei umas QA 2010i que iam servir para ligar ao computador. Branquinhas lacadas, mesmo a matar! A verdade é que tocam muito bem para o preço. Para amplificar, comprei um pequeno amplificador doutro pequeno construtor no UK (estão a ver o padrão) o muito falado ampastic mini-T. O som é porreiro para o preço, o tipo é porreiro e passa férias no Algarve!

Liguei estes três componentes na secretária do computador e fiquei muito impressionado com o som!

A Rega
Entretanto fizemos umas mudanças cá em casa, e ouve espaço para algo mais. Foi ai que vieram as Rega RS3. Liguei ao mini-T e vinha som! Mas não era exactamente o que procurava, nem muito menos percebi alguma coisa da coisa - passo a redundância. Porém, estava eu a passar pela FNAC de Alfragide, quando ouvi umas Rega RS3 amplificadas com o Brio-R. O som era... uma porcaria, as colunas pareciam ter uns agudos insuportáveis! Mas na minha casa nada disso se passava. Na altura discuti noutro fórum donde viria o problema e a solução foi ir à Audioteam ouvir as ditas.

Sempre fui muito bem recebido, nas poucas, lojas de audio a que fui. A Audioteam não é excepção e mostrou-me que aquela combinação de "estridente" não tinha nada. Aliás, até ouvi as RS3 com amplificação VTL para satisfazer a curiosidade. Devo dizer que na altura o meu ouvido ainda estava pouco treinado. Resultado, no dia a seguir fui buscar o Brio-R.


A resolução
Liguei tudo, mas o volume parecia ter vida própria. Às vezes ligava o dito e ele subia sozinho. Passado pouco tempo, fui à Audioteam, deixei lá o Brio-R para corrigir o problema. Entretanto descobri o que é resolução. O mini-T está a léguas da resolução do Brio-R. Só notei, pois estava habituado a ouvi-lo e com a mudança de amplificador a música não era a mesma.



O Thorens
Como qualquer criança que quer um brinquedo, ver aqueles gira-discos na Audioteam deixam-me de água na boca. Mas estavam fora das minhas possibilidades. Pelo que deambulei pelo ebay e encontrei um Thorens TD160 mkI, em bom estado, com agulha, um braço que parecia engraçado e o vendedor parecia sério. Lá consegui licitar o mesmo e ganhar (já tinha perdido outros entretanto).

O vendedor disse-me que o valor tinha sido surpreendentemente baixo para o braço em questão. Na altura não liguei...

Chega o Thorens e uau... um gira-discos! Limpo-o, dou uma polidela onde podia e toca a tocar. Claro que tive que recorrer ao AAP para perceber que o braço estava "em baixo" e que o tinha que subir. Lá subi e já tocava, mas os fios do braço estava muito muito em mau estado. Entretanto, o António ajudou-me na compra do kit do Joel. Aquilo estava a tocar razoavelmente. Ah, até lhe fiz um fundo que ficou uma porcaria!

Precisava de amor e um dos fios da célula partiu-se, o que me fez ainda mais depressa recorrer aos serviços de um senhor chamado Rui Borges.


Rui Borges
Depois de alguma insistência, consegui contactar o "Mestre". Levei-lhe o gira-discos. O Rui na sua grande boa vontade e simpatia, fez uma visita guiada pela sua oficina. Foi sem dúvida uma tarde bem passada. Para mais gostamos muito de cães, pelo que a Yuska ajudou à festa! O Rui disse-me duas coisas importantes. Primeira, "vocês não imaginam o que isto dá", segunda vai demorar.

E demorou...

Ainda encontrei o Rui no Audioshow, telefonei-lhe e mandei-lhe alguns emails de vez em quando, para saber o estado da coisa. Na realidade não tinha pressa. Estive mais de 25 anos sem gira-discos e não era por mais uns meses que morria.

A semana passada mando um email e... Já está! O Rui descreveu o gira-discos como "soberbo" e tinha razão.


Mais outra tarde bem passada. O Rui é um grande anfitrião, fala-nos entusiasmado sobre o seu trabalho e tenta explicar ao máximo aquilo que faz. Uma coisa é certa, aprendi mais naquele sábado do que num mês a ler coisas na net...


O Rui liga o gira-discos e uau! Temos Voodoo! Pelo caminho encontrei uma Goldring 1012 no ebay que comprei a um preço simpático, embora pudesse estar em mau estado. O Rui diz-nos que devemos ter tido sorte e monta a dita. Imediatamente se notam as diferenças. Da Ortofon OM10 para a Goldring vai um grande espaço. Para relatar isto levo sempre a "Maria". Se há diferenças ela identifica na hora e diz o que não gosta ou gosta. Neste caso foram notórias as diferenças para melhor.

Um grande bem-haja ao Rui por todo o trabalho feito e recepção. O trabalho foi soberbo, o resultado também o é. O braço parece ajudar à festa e segundo o Rui aquele peso que comprei parece contribuir muito para o som.

A fonte digital agora está a léguas, parece-me que para ser equiparável não deva estar ao meu alcance.

Bem... já vou contei a minha história. Isto agora quer é fotos!


O dito a tocar:



A famosa placa de ligações à lá RB:



A mesa que o Rui fez, com esferas:



Uma geral:


Mais de perto:



O sistema:



Espero que tenham gostado da minha aventura.

que bela história e que belíssimo Gira

Fantástica narrativa, dá trabalho escrever assim, mas vale a pena para quem lê.

Gosto bastante dessas colunas com cones de papel, belíssimo som especialmente com válvulas.
O gira tem um braço que tive muitas vezes para comprar. É um uni-pivô que acho com muita pinta e é bem afamado. O gira ficou esplêndido.

Agora é comprares bolachas dignas do sistema e cuidares da higiene das bolachas negras.

Muito bom, um cantinho muito especial, agora é só disfrutar!

Uma "estória" cheia de paixão, sente-se!
O gira está fantástico e esse braço é lindo, já agora, qual o nome do "bracito"?

ARRE GAITA !!!
Vocês uniram-se pra me atazanarem o juizo !!!
Olha tu e o Fredy...



Coisa mai linda....e esse bracinho então.....

Parabéns.

Tens aí um giradiscos à maneira... do RB

Obrigado a todos pelos comentários.

O braço é um Hadcock GH288, de uma construção muito simples.

Toda a gente me indica que as Rega gostam de válvulas. Embora o projecto do meu amp venha do Quad II, um dia poderei pensar nisso. Agora só estou autorizado a comprar bolachas

tfonseca escreveu:

Agora só estou autorizado a comprar bolachas

O que diga-se de passagem, é o mais importante. Ainda por cima pareces estar satisfeito.

Estou mesmo muito satisfeito. Nunca pensei que a fonte fizesse tanta diferença.

Claro que minha cabeça já anda a pensar nos próximos upgrades, mas isso faz parte da audiofilia. O upgrade é principalmente na parte digital. Embora me pareça que para ter uma fonte digital ao mesmo nível que o gira-discos, tenho que gastar mais do que posso. É engaçado, normalmente é ao contrário!

tfonseca escreveu:

Estou mesmo muito satisfeito. Nunca pensei que a fonte fizesse tanta diferença.

Claro que minha cabeça já anda a pensar nos próximos upgrades, mas isso faz parte da audiofilia. O upgrade é principalmente na parte digital. Embora me pareça que para ter uma fonte digital ao mesmo nível que o gira-discos, tenho que gastar mais do que posso. É engaçado, normalmente é ao contrário!

Ou então, investir o dinheiro em melhorar ainda mais o analógico.

Belas fotos e soberba descrição...o gira-discos ficou lindo! Mais uma grande intervenção do Mestre...

Parabens

Tendo em conta que "utiliza" a sua cara-metade para avaliar o desempenho dos equipamentos parece-me legítimo concluir que vossa mercê é melómano e não audiófilo.

R

Ora aqui está um sistema "bonito" e que com paciência acabou por ficar espectacular.
Esse mestre eu também gostava de conhecer, nem que fosse só para ganhar informação sobre gira discos.

fernando3728 escreveu:

Ora aqui está um sistema "bonito" e que com paciência acabou por ficar espectacular.
Esse mestre eu também gostava de conhecer, nem que fosse só para ganhar informação sobre gira discos.

Num próximo almoço AAP, pode ser que o conheças.

ricardo onga-ku escreveu:

Tendo em conta que "utiliza" a sua cara-metade para avaliar o desempenho dos equipamentos parece-me legítimo concluir que vossa mercê é melómano e não audiófilo.

R

Mas olha que é a melhor maneira... assim não se compra nada para ganhar só 1 ou 2%. Têm que ser incrementos audíveis. Nunca mais me hei-de esquecer dela dizer que umas Xavian não estavam a ser bem conduzidas musical fidelity a1. Como ela diz: estava alguma coisa errada no som. Assim que as ditas foram conduzidas por um senhor amplificador, o problema desapareceu. Acredito que muitos "audiófilos" não ligassem ao problema se em vez do a1 fosse um amplificador caro, mas igual ao a1.

Olá
Parabéns pelo sistema... claro que o gira tem um destaque especial, principalmente por ter passado pelas mãos do Mestre, eu gosto muito dessas colunas, todas as vezes que as ouvi gostei.
Fredie

Mas que grande saga amigo Fonseca!

São essas constantes (in)definições que fazem deste um hobby apaixonante... embora considere que em determinado momento temos que fazer ouvidos de mercador ao que ouvimos por aí sobre upgrades (esses, poderão existir sempre... mesmo num sistema de 100mil Euros...) e passar a concentrarmo-nos em definitivo no que realmente pode fazer justificar o investimento... a música.

Parabéns pelo sistema que foi moldando a seu gosto e que decerto deve soar muito bem.

N.B. Esse braço é um espectáculo!

parabens pelo sistema!
e pela bela narrativa.

guilherme escreveu:

Belas fotos e soberba descrição...o gira-discos ficou lindo! Mais uma grande intervenção do Mestre...

Parabens

Desculpem o Off topic, mas caro Guilherme aonde arranjaste esse sistema automatico de mudança de disco descrito no teu Avatar?

quero um aqui para casa!! e já!!

microseiki escreveu:

guilherme escreveu:

Belas fotos e soberba descrição...o gira-discos ficou lindo! Mais uma grande intervenção do Mestre...

Parabens

Desculpem o Off topic, mas caro Guilherme aonde arranjaste esse sistema automatico de mudança de disco descrito no teu Avatar?

quero um aqui para casa!! e já!!

Ele arranjar, arranjou, mas não sabe ao certo (ou já nem se lembra) como se usa.

Já passaram uns aninhos desde que comecei este sistema. Muita evolução houve desde então. Mudanças profissionais obrigaram a ter um sistema principal totalmente digital.

Assim, o gira-discos ficou num sistema secundário que tenho vindo a construir. As Rega RS3 foram vendidas muito antes de começar este sistema (se calhar casavam bem nesta pequena sala?).

Sempre tive achei piada a estas colunas, mas, ao contrário das versões mais modernas, a parelha com amplificador é muito difícil. Depois de muitos testes (até um Accuphase testei), acho que cheguei a bom porto. É um sistema pouco convencional por estas paragens à parte do Aria.

O DAC é provisório, mas acho que o resto dificilmente será trocado. Ainda hei-de fazer alguns tweeks mas o principal já está, incluindo tratamento acústico nas paredes frontal e traseira.

Espero que sirva de inspiração para alguém que queria seguir caminhos mais sinuosos do que os tradicionais.

Afinal, alguém tem razão, quando profere "Novidades? Só no continente!"

A sala e sistema estão muito catitas, mas há umas peças que me deixam

Por cima do DAC e Pré de Phono estão batentes de porta?

José Miguel escreveu:

A sala e sistema estão muito catitas, mas há umas peças que me deixam  

Por cima do DAC e Pré de Phono estão batentes de porta?

Mais massa, menos vibrações!

galvaorod escreveu:

José Miguel escreveu:

A sala e sistema estão muito catitas, mas há umas peças que me deixam  

Por cima do DAC e Pré de Phono estão batentes de porta?

Mais massa, menos vibrações!

Ora nem mais! Há uns bonecos engraçados cheios de areia, mas ainda não tive coragem em os comprar!

Eu não quero abrir um debate sobre a utilização dessas peças e o que elas podem ou não podem fazer em termos de efeitos positivos e/ou negativos, mas estranhei o uso.



Se resulta para si, então é usar!!!

José Miguel escreveu:

Eu não quero abrir um debate sobre a utilização dessas peças e o que elas podem ou não podem fazer em termos de efeitos positivos e/ou negativos, mas estranhei o uso.



Se resulta para si, então é usar!!!

Em peças leves, como o DAC, o principal objectivo é não se mover quando mexo nos cabos. Claro que pode ajudar a não receber vibrações devido à microfonia. Há marcas que vendem coisas parecidas a preços absurdos.

tfonseca escreveu:

José Miguel escreveu:

Eu não quero abrir um debate sobre a utilização dessas peças e o que elas podem ou não podem fazer em termos de efeitos positivos e/ou negativos, mas estranhei o uso.



Se resulta para si, então é usar!!!

Em peças leves, como o DAC, o principal objectivo é não se mover quando mexo nos cabos. Claro que pode ajudar a não receber vibrações devido à microfonia. Há marcas que vendem coisas parecidas a preços absurdos.

https://www.stoneaudio.co.uk/?product=artesania+audio+high+mass+dampers

Os preços que pedem por uma rodela de ferro é do outro mundo...
Também se pode usar um gato, mas é difícil fazer com que fique quieto em cima do DAC. A não ser que seja a hora da sesta, eles normalmente gostam de dormir em cima de coisas quentes.

"With digital reader sources, dampers act as "armour" against radiofrequency signals and other types of waves, and consequently reduce vibrations. When dampers are installed in all electronic components of a sound system, clearer and more defined sounds are achieved across all frequencies."

Um peso serve para reduzir vibrações, não percebo é como é possível que faça uma "blindagem" às radiofrequências. Se calhar é por isso que é tão caro.