Filipe Mendes aka "Phil Mendrix"

Sei que este nome é conhecido nestas paragens e já foi referido no tópico "conheces?" mas desta vez calhou-me a mim ter a oportunidade de ouvir tocar este grande senhor da guitarra eléctrica.

Foi de forma acidental que durante a passada semana fiquei a saber que este guitarrista ia estar aqui na minha cidade Natal (Marinha Grande) num concerto de angariação de fundos para uma colectividade desportiva que já viu melhores dias.

O concerto decorreu ontem no velho pavilhão desportivo da Embra - a 600m de minha casa - e verdade seja dita foi graças ao AAP que o nome "Phil Mendrix" me despertou a atenção quando vi o cartaz afixado no refeitório do meu local de trabalho. E apesar da expectativa para a noite não ser muito alta (não conhecia as bandas que iam actuar nem tão pouco o estilo de "rock" que iria ouvir) a verdade é que saí de lá com um sorriso de orelha a orelha.

A banda local "Dozz rock covers" fez o convite ao Filipe Mendes e tratou de brindar os poucos presentes ("poucos mas muito bons" confessou Filipe antes do encore) com um repertório de rock e blues à moda antiga. O excelente guitarrista e vocalista do trio, Carlos Vicente, entregou-se à guitarra de forma apaixonada em longos solos, momentos grandiosos que só foram superados pelo dueto com Phil Mendrix.

A hora já ia avançada (e a "garotada" já tinha abandonado o recinto) quando daquele palco se ouviram pérolas como "While my guitar gently weeps" de George Harrison ou "Cocaine" de JJ Cale (esta última cantada pelo próprio Filipe), entre outras, homenageadas por duas grandes guitarras que se respeitaram de forma mútua e cordial.

A faixa etária da esmagadora maioria da audiência e da banda, juntamente com os 63 anos do Filipe e a sua cabeleira agora grisalha, fizeram-me recuar 20 ou 30 anos para uma época em que naquele pavilhão de terrível acústica passaram os grandes nomes do bom rock nacional conforme me fez saber o actual baixista da banda numa agradável conversa no final do concerto.

Alguns poderão achar que a ocasião não justifica o tópico, mas enquanto assim me for permitido terei sempre o privilégio de vir a este espaço deixar o meu testemunho, divulgar e prestar homenagem a todos aqueles que ainda vou tendo a honra de ver (e ouvir) tocar música com alma e paixão.

Um grande bem haja à organização do SCM Embra pelo evento que, apesar de a adesão não ter sido a melhor, espero não ser o último.

Não encontrei nenhum vídeo com a formação actual dos Dozz, mas deixo aqui uma informalidade do grande Phil

Obrigado Bulldozer, não só por apareceres aqui no AAP (já tinha saudades da tua presença), mas também por apareceres logo com uma reportagem de se lhe tirar o chapéu.
Basta ler o que escrevestes para ver que ficastes deslumbrado com os "velhotes" no palco.

ja la vao uns anos ...

ainda com ar de mosqueteiro

António José da Silva escreveu:

Obrigado Bulldozer, não só por apareceres aqui no AAP (já tinha saudades da tua presença), mas também por apareceres logo com uma reportagem de se lhe tirar o chapéu.
Basta ler o que escrevestes para ver que ficastes deslumbrado com os "velhotes" no palco.

Obrigado pelas palavras António Infelizmente a minha ausência recente ficou marcada pela partida de um ente querido...
São momentos como os de ontem que nos enchem a alma e ajudam a seguir em frente

Abraço

Bulldozer escreveu:

António José da Silva escreveu:

Obrigado Bulldozer, não só por apareceres aqui no AAP (já tinha saudades da tua presença), mas também por apareceres logo com uma reportagem de se lhe tirar o chapéu.
Basta ler o que escrevestes para ver que ficastes deslumbrado com os "velhotes" no palco.

Obrigado pelas palavras António Infelizmente a minha ausência recente ficou marcada pela partida de um ente querido...
São momentos como os de ontem que nos enchem a alma e ajudam a seguir em frente

Abraço

Amigo, os meus sinceros pesamos. Decerto que o ente querido desejaria muito que os amigos que cá deixou continuem a ser felizes.

Abraço e força.

Bonito,
Como já o referi, e na minha opinião, o melhor guitarrista português de sempre
Thanks pela descrição sentida.

E os meus sinceros pêsames.

Um abraço e força

PS : só um pequenino reparo, Cocaine, é do JJ Cale, ainda que tenha sido a versão do Clapton, que projectou este tema para a ribalta ... o seu, a seu dono

Fran escreveu:

PS : só um pequenino reparo, Cocaine, é do JJ Cale, ainda que tenha sido a versão do Clapton, que projectou este tema para a ribalta ... o seu, a seu dono

Santa ignorância a minha Corrigido!

Obrigado pelo vosso apoio

Mais uma "achega", esse senhor também chegou a ser " cognomizado" de Filipe " Zappa" Mendes, também concordo com o amigo Fran, no que respeita ao melhor "guitarman" Português, já o expressamos aqui, AAP.
Espero que consigas superar a terrível perda, Caro Bulldozer. Força.
Abç

Afinal até há videos! Aqui fica um cheirinho do que por lá se ouviu.

Crossroads (originalmente "Cross Road Blues" de Robert Johnson gravada em 1936) posteriormente celebrizada por Cream, Lynyrd Skynyrd, entre outros.
https://www.facebook.com/photo.php?v=498754616805526

Bulldozer escreveu:

Afinal até há videos! Aqui fica um cheirinho do que por lá se ouviu.

Crossroads (originalmente "Cross Road Blues" de Robert Johnson grava em 1936) posteriormente celebrizada por Cream, Lynyrd Skynyrd, entre outros.
https://www.facebook.com/photo.php?v=498754616805526

Os bons guitarristas quando atingem uma idade de maturidade, ficam com o som ainda mais melódico.

Bulldozer escreveu:

Afinal até há videos! Aqui fica um cheirinho do que por lá se ouviu.

Crossroads (originalmente "Cross Road Blues" de Robert Johnson gravada em 1936) posteriormente celebrizada por Cream, Lynyrd Skynyrd, entre outros.
https://www.facebook.com/photo.php?v=498754616805526

Coitado do Robert Johnson, deve dar voltas à tumba cada vez que ouve isto...

Abraço,
MJC

MJC escreveu:

Bulldozer escreveu:

Afinal até há videos! Aqui fica um cheirinho do que por lá se ouviu.

Crossroads (originalmente "Cross Road Blues" de Robert Johnson gravada em 1936) posteriormente celebrizada por Cream, Lynyrd Skynyrd, entre outros.
https://www.facebook.com/photo.php?v=498754616805526

Coitado do Robert Johnson, deve dar voltas à tumba cada vez que ouve isto...

Abraço,
MJC

Se fosse só esse tema

Eu estou a referir-me a esta versão/recriação/interpretação (???) em particular. É má demais. Pior que isto só eu a dançar o Lago dos Cisnes de tutu com a leveza de uma retroescavadora John Deere.

Cumprimentos,
MJC

MJC escreveu:

Eu estou a referir-me a esta versão/recriação/interpretação (???) em particular. É má demais. Pior que isto só eu a dançar o Lago dos Cisnes de tutu com a leveza de uma retroescavadora John Deere.

Cumprimentos,
MJC

MJC escreveu:

Eu estou a referir-me a esta versão/recriação/interpretação (???) em particular. É má demais. Pior que isto só eu a dançar o Lago dos Cisnes de tutu com a leveza de uma retroescavadora John Deere.

Cumprimentos,
MJC

Epah, para incultos na matéria como eu sempre foi melhor conhecer esta versão do que nenhuma. Ao menos fiquei a conhecer o autor bem como a versão original.

Na minha opinião, qualquer versão eléctrica dos temas de RJ, fá-lo-á dar voltas na tumba (penso eu de que), sejam elas boas, ou más, aos nossos ouvidos/sentidos.

No entanto, não será por causa disso, que se deixará de continuar a produzir versões horríveis, menos boas, mais ou menos, boas ou excelentes, sejam do Clapton, do Phil Mendrix, do Joe Boa na Massa, do Patrick Page, do SRV, do melhor guitarrista de todos os tempos, do Mike Sergeant, Roy Buchanan, seja de quem for ...

Cpts

Bulldozer escreveu:

MJC escreveu:

Eu estou a referir-me a esta versão/recriação/interpretação (???) em particular. É má demais. Pior que isto só eu a dançar o Lago dos Cisnes de tutu com a leveza de uma retroescavadora John Deere.

Cumprimentos,
MJC

Epah, para incultos na matéria como eu sempre foi melhor conhecer esta versão do que nenhuma. Ao menos fiquei a conhecer o autor bem como a versão original.

Nmmo, o problema desta versão não está propriamente nas notas tocadas mas sim na forma de as tocar (ou não tocar).
De Blues, não há lá nada. É um desfilar (vomitar) de notas para preencher tempo. A secção rítmica parece que está a trabalhar com uma rebarbadora. O sentimento não está está lá. De Blues, népia; de »Crossroads«, menos ainda.

No exemplo abaixo (sonoridade parecida), um gajo começa a bater o pé mesmo antes da música começar. Como afirmava o meu falecido mentor/professor de blues:
― Blues é o único género musical onde um tipo pode ter a mágoa como parceira de dança.



Cumprimentos,
MJC

MJC escreveu:

― Blues é o único género musical onde um tipo pode ter a mágoa como parceira de dança.

Cumprimentos,
MJC

Essa é genial, amigo Mário.
E, God.... não tem comparação!
Abçs

MJC escreveu:

Pior que isto só eu a dançar o Lago dos Cisnes de tutu com a leveza de uma retroescavadora John Deere.

Ai está algo que eu gostaria de presenciar.

MJC: concordo plenamente com a análise, mas convém também limitar a extensão da mesma ao contexto da banda em si. Todos eles tocam actualmente por carolice e tanto quanto sei nunca fizeram disto carreira profissional (exceptuando talvez o vocalista/guitarrista em tempos idos).
A secção rítmica foi para mim o ponto baixo de toda a actuação deles e notou-se claramente que se alguém ali tinha alguma noção de blues era o Filipe Mendes.

A subjectividade das opiniões varia imenso com a cultura e formação musical de cada um como se pode aqui provar. O que para mim foi uma noite bem passada ao som de bons temas, para o Mário provavelmente teria sido uma tortura agonizante

Já agora aqui fica o original de Robert Johnson:



Acho que o John Mayer devia dedicar-se a beber bagaço de Lanhelas durante uns largos meses antes de sequer se atrever a tentar o Blues...o Blues não deve ser tocado nem cantado por meninos...

Acho que um Homem deve ser encornado várias vezes por diversas mulheres diferentes, ser um bêbado do caraças, ter sido preso pelo menos uma vez na vida, e ter mais de 50 anos, e então ai sim está pronto para cantar e tocar o Blues.

Jorge Ferreira escreveu:

Acho que um Homem deve ser encornado várias vezes por diversas mulheres diferentes, ser um bêbado do caraças, ter sido preso pelo menos uma vez na vida, e ter mais de 50 anos, e então ai sim está pronto para cantar e tocar o Blues.

Portanto, um grupo alargado de pessoas que vive nos States enquadra-se com facilidade na tua descrição.

Bulldozer escreveu:

MJC: concordo plenamente com a análise, mas convém também limitar a extensão da mesma ao contexto da banda em si. Todos eles tocam actualmente por carolice e tanto quanto sei nunca fizeram disto carreira profissional (exceptuando talvez o vocalista/guitarrista em tempos idos).
A secção rítmica foi para mim o ponto baixo de toda a actuação deles e notou-se claramente que se alguém ali tinha alguma noção de blues era o Filipe Mendes.

A subjectividade das opiniões varia imenso com a cultura e formação musical de cada um como se pode aqui provar. O que para mim foi uma noite bem passada ao som de bons temas, para o Mário provavelmente teria sido uma tortura agonizante

Não tem nada a ver com a cultura. Tem a ver com a disposição de cada um. Se eu lá tivesse estado teria curtido de certeza e, eventualmente, até teria gozado com o Filipe, com quem tive o prazer de tocar muitas e muitas horas. e que conheço de ginjeira.

Aliás, creio que ninguém vai para um concerto para zurzir os artistas. Mas aqui é diferente. Estamos a debater um dos bons guitarristas portugueses (haviam de ter escutado o, na altura, cunhado do Filipe, Pedro Romeiro) e o exemplo dado não abona.

Não é preciso ser um entendido para se tirar partido de coisa alguma. Eu, por exemplo, sempre fui um nabo a andar de mota, sempre tive motas porreiras e sempre disfrutei das bichas. Teria tido mais prazer se soubesse conduzir melhor? Talvez.

Cumprimentos,
MJC

António José da Silva escreveu:

Jorge Ferreira escreveu:

Acho que um Homem deve ser encornado várias vezes por diversas mulheres diferentes, ser um bêbado do caraças, ter sido preso pelo menos uma vez na vida, e ter mais de 50 anos, e então ai sim está pronto para cantar e tocar o Blues.

Portanto, um grupo alargado de pessoas que vive nos States enquadra-se com facilidade na tua descrição.

Bem...o Robert Johnson morreu com apenas 27 anos, mas era um negro do Mississipi Delta e isso faz toda a diferença.

Além de que para um jovem de apenas vinte e tal anos ele teve a sua cota parte de blues, pois casou aos 18 com uma rapariga de 16 anos que morreu pouco tempo depois ao dar à luz (foi a partir daqui que surgiu o boato do seu pacto com o Diabo).

Na última meia duzia de anos da sua curta vida ele percorreu várias cidades como Bluesman a tempo inteiro, onde teve pelo menos 8 nomes falsos diferentes e várias mulheres diferentes que mantinha nessas diferentes cidades.

A sua evolução como guitarrista ainda fez aumentar mais o rumor do seu pacto com o diabo.

Dizem que a sua morte se deveu a uma garrafa de whisky envenenada por um marido ciumento que não gostou que ele se tivesse metido com a sua mulher num baile.

A melhor parte de Robert Johnson é todo o Mito em torno dele.

As suas gravações dos anos 30 apenas se tornaram conhecidas com a edição do seu primeiro LP em 1961.
Que inspirou muito o Eric Clapton entre outros músicos.


Abraços,
Jorge Ferreira

Só agora vi este post ?!

O Phil é um dos melhores guitarristas da nossa praça, além de mendrix existem outros cognomes do Sr..

Já vi 2 x este eterno rapaz, uma na 1ª parte de Abrunhosa vai uns valentes anos no Barreiro e outra no saudoso Johny Guitar há mais tempo ainda.

Um dos resistentes para lá dos Chinchilas.

MJC escreveu:

Não tem nada a ver com a cultura. Tem a ver com a disposição de cada um. Se eu lá tivesse estado teria curtido de certeza e, eventualmente, até teria gozado com o Filipe, com quem tive o prazer de tocar muitas e muitas horas. e que conheço de ginjeira.

Aliás, creio que ninguém vai para um concerto para zurzir os artistas. Mas aqui é diferente. Estamos a debater um dos bons guitarristas portugueses (haviam de ter escutado o, na altura, cunhado do Filipe, Pedro Romeiro) e o exemplo dado não abona.

EDIT: suponho que seja este Pedro Romeiro, não? http://www.reverbnation.com/pedroromeiro

Bulldozer escreveu:

MJC escreveu:

Não tem nada a ver com a cultura. Tem a ver com a disposição de cada um. Se eu lá tivesse estado teria curtido de certeza e, eventualmente, até teria gozado com o Filipe, com quem tive o prazer de tocar muitas e muitas horas. e que conheço de ginjeira.

Aliás, creio que ninguém vai para um concerto para zurzir os artistas. Mas aqui é diferente. Estamos a debater um dos bons guitarristas portugueses (haviam de ter escutado o, na altura, cunhado do Filipe, Pedro Romeiro) e o exemplo dado não abona.

EDIT: suponho que seja este Pedro Romeiro, não? http://www.reverbnation.com/pedroromeiro

Correcto.