Baerwald e Löfgren

Parte 1


Começo aqui hoje algumas inserções sobre o sempre interessante tema do alinhamento da célula/braço para a melhor possível leitura das ranhuras do nosso ouro negro. Um pouco de história e técnica nunca fizeram mal a ninguém. Como não sou nenhum "expert myself", serve este pesquisa para uma mutua aprendizagem.

Os dois pontos "zero" (quase) universalmente usados de 66,0mm e de 120,9mm são conhecidos como os dois pontos zero de Baerwald. Muitos fabricantes de protractors (escantilhão) referem-no como tendo sido o primeiro a resolver este problema. Também há alguns que usam a solução de Löfgren nos seus protractors.
Mas qual a razão de haver a necessidade de se usar um protractor para o alinhamento braço/célula? Então cá vai um pouco das razões. Como sabemos, aquando do corte da matriz, a cabeça de corte (ou a mesa) corta em linha recta da parte de fora até à parte de dentro do disco.(sendo o extremo exterior considerado r2, e o extremo interior r1) Mas quanto ao movimento feito por um braço de pivô, a leitura é feita num movimento de rotação havendo assim um desvio em relação ao corte tangencial. Dá-se portanto um desvio angular (δ) que vai provocar distorção. (resumidamente)
A primeira pessoa a preocupar-se com o problema da redução do erro angular, foi Percy Wilson que se propôs a descobrir os erros existentes na leitura do disco, e proceder à tentativa da sua minimização. Começou a adoptar o over-hang (1)e a o angular da cabeça/heashell na ponta do braço. Estas medidas permitiram-lhe reduzir o erro de leitura num braço de 9" para menos de dois graus. O objectivo de Wilson era manter o erro angular "absoluto" o mais baixo possível.
Mas em 1938, Löfgren chegou à conclusão de que a quantidade da distorção comporta-se inversamente proporcional ao diâmetro da ranhura a percorre, o que significa que a distorção vai aumentando cada vez mais conforme as ranhuras vão diminuindo de tamanho, (parte interior do disco) o que o fez chegar à conclusão, de que contrariamente a Percy Wilson, o importante não era a redução do erro angular "absoluto", mas sim a redução do erro angular em relação ao diâmetro percorrido na altura pela agulha. (δ/r)

(1)over-hang - Distancia "a mais" que a ponta da agulha tem em relação ao spindle. Como exemplo, a distancia de montagem do pivô do braço ao spindle, 215.60mm, distancia total pivô do braço ponta da agulha, 230mm, o que dá um over-hang de 14.40mm)

(a continuar...)

Por acaso faz-me confusão a quantidade de diferentes protactors, ditos universais, que existem...fico sempre na dúvida de qual utilizar..
E outra coisa que também me intriga, é porque razão a industria/tecnologia não evoluíram de maneira a que os estiletes de gravação percorram um arco igual ao dum braço de leitura...

Penso que a razão principal é o facto de ser a mesa/cabeça a mexer. No fundo a máquina parece um torno mecânico onde a cabeça está fixa. Penso que seria tecnicamente muito difícil fazer algo que tivesse um movimento circular. Todavia, Löfgren fez um excelente trabalho e podemos dizer que uma célula bem afinada produz uma distorção tão mínima que se torna desprezível.

(...continuação)

Parte 2


Então Löfgren propôs duas situações. A primeira teve como objectivo manter a distorção o menor possível em toda a extensão do disco, portanto, tentar que a distorção se mantivesse igualmente baixa tanto na zona maior quando na menor da circunferência, chegando assim aos pontos "zero" de 66mm e 120.9mm. (os dois pontos em que a agulha passa que correspondem à linha de gravação da cabeça de corte) Esta solução ficou conhecida como "solução A de Löfgren"

A segunda solução baseia-se na ideia de que a distorção é menosprezável em certas zonas e que nessas zonas se poderia tolerar valores maiores dando uma tolerância mais apertada nas zonas de maior distorção. Chegou assim aos pontos "zero" de 70.29mm e 116.6mm que ficou conhecido pela "solução B de Löfgren" e que é utilizada pela Feickert Analogue. (por ex.) Nesta solução, a afinação angular da célula mantinha-se mas o over-hang aumentava 0.5mm

A solução "A" mantém a distorção igual em toda a extensão do disco, enquanto a "B" apresenta menos distorção entre os pontos "zero" e um pouco maior fora dessa zona. (zona menosprezável)

Graeme F. Dennes analisou esta situação em 1983, chegando à conclusão de que Löfgren, Baerwald, Seagrave e Stevenson, chegaram a conclusões idênticas, para a melhor possível afinação angular da cabeça e do over-hang, mas frisou claramente que mesmo que os resultados de Löfgren fossem os únicos publicados até hoje, teríamos à mesma uma afinação optimizada das nossas células.

A seguir vamos ver a razão do nome de Baerwald ter pouco a ver em relação com este tema e ser demasiadamente mencionado.

(a continuar...)

Assim é que é! O analógico merece!