Enquanto ouvia o único álbum que editaram - Aldeia dos Tristes - fui à procura de notícias desta banda e tal não é o meu espanto quando dou de caras com o comunicado que anuncia a cessação de actividade da mesma
O comunicado pode ser lido aqui: https://www.facebook.com/notes/andersen-moli%C3%A8re/comunicado/10150377179436369
Das palavras escritas transparece uma luta inglória por ganhar espaço num mercado que não dá tréguas a quem tenta fazer algo diferente/inovador...é triste concluir mais uma vez estes projectos não têm o apoio que merecem em prol da música nacional, ficando o sucesso dos mesmos limitado ao capital próprio dos seus membros.
É com pena que vejo cair por terra um projecto que me parecia bastante promissor e que tive esperança de ainda poder ver ao vivo.
Fica o álbum de originais (comprado na Worten por 4€) com um artwork belíssimo e uma recordação daquilo que eram os Andersen Molière:
MJC Membro AAP
Mensagens : 3625 Data de inscrição : 03/07/2010 Idade : 73 Localização : Lisboa
Assunto: Re: Andersen Molière Seg Dez 19 2011, 21:17
Caro Bulldozer,
Dado que não tenho conta (será este o termo correcto?) no Facebook, não sei como aceder ao texto.
Assunto: Re: Andersen Molière Seg Dez 19 2011, 21:21
Peço desculpa, pensava que o link era público. Aqui fica a transcrição:
Citação :
Comunicado by Andersen Molière on Wednesday, September 7, 2011 at 7:16pm
A todos os que, no tempo que tem passado, acompanharam o percurso dos Andersen Molière, começamos por agradecer com um abraço sincero a vossa amizade. Este post é para todos vós...
Serve esta mensagem para vos informar (profissionais, fãs e amigos) que os Andersen Molière cessaram actividade. É com pena que a transmitimos mas com a certeza de que a música fará sempre parte das nossas vidas. Das nossas e das vossas.
Para nós, os Andersen Molière serão uma memória muito mais intensa do que apenas uma banda... Foi um projecto de vida que infelizmente não se concretizou na sua plenitude por razões várias.
Sentimos que "partimos" com a certeza de termos empreendido, num esforço hercúleo, um projecto ambicioso a tantos níveis mas cujos sucessos não bastaram para a sua sustentabilidade. Ambicioso porque quisemos arriscar, ser totalmente livres na nossa abordagem criativa, mudar mentalidades, contribuir para a variedade e estímulo do mercado musical português, mas acima de tudo partilhar do prazer com que compusemos as músicas que vos fomos apresentando.
O que desejamos é que, mesmo que por pouco tempo, todos possam desfrutar desse prazer e dessa liberdade criativa e que ela se expanda porque, mesmo efémero, vivemos este projecto tão intensamente como quem vive uma longa batalha... e sai vitorioso!
Os projectos acabam mas a música fica para sempre...
A todos vós, obrigado por nos darem as breves mas robustas alegrias de acompanharem os concertos, de aplaudirem, de sentirem connosco as histórias, de viverem todos esses momentos connosco.
Acima de tudo, obrigado por nos terem ouvido...
Até breve.
Sá G.
MJC Membro AAP
Mensagens : 3625 Data de inscrição : 03/07/2010 Idade : 73 Localização : Lisboa
Assunto: Re: Andersen Molière Seg Dez 19 2011, 21:48
Obrigado Bulldozer.
Infelizmente no nosso país, neste momento, tudo o que não cheire a fado, está condenado.
É uma pena e continua a ser um indicador do estado na nossa cultura musical.
Entenda-se que apesar de não gostar de fado, nada tenho contra este género musical. Fiquei muito feliz com a recente distinção.
Não posso é entender que a reboque de uma moda se »pape« tudo. E que com a garantia de um sucesso comercial, se edite todo o tipo de fadista e composições tramposas em detrimento de projectos de outras áreas musicais.
Cumprimentos, MJC
Bulldozer Membro AAP
Mensagens : 481 Data de inscrição : 12/11/2010
Assunto: Re: Andersen Molière Seg Dez 19 2011, 22:03
Subscrevo na íntegra as suas palavras Mário e acrescento ainda que o fado será mesmo o melhor exemplo daquilo que não se deve fazer a um género musical que deveria ser dignificado e nunca banalizado da forma que o estão a fazer.
Vamos aguardar por melhores dias no panorama musical (poderia aqui rematar com "nacional", mas lá fora as coisas não me parecem muito melhores se colocarmos as coisas numa perspectiva de escala).
EDIT: e aproveito para deixar um video de uma actuação ao vivo
Ulrich Membro AAP
Mensagens : 4947 Data de inscrição : 06/10/2011 Idade : 45 Localização : Aveiro
Assunto: Re: Andersen Molière Seg Dez 19 2011, 22:27
Viva, vou dar a minha, modesta, opinião: Eu penso sempre que quem quer vender tem de ir de encontro ao cliente, senão tem de dar...
A criação, sobretudo a subjectiva e mais vanguardista, tem de ser assumida por quem a faz.
Utilizando o exemplo da curva de Gauss, se alguém quer vingar num determinado meio tem se situar na média senão tem, naturalmente, mais dificuldades.
Dos fracos não reza a História, esta é a minha maneira de ser.
Se alguém faz qualquer coisa que lhe sai da imaginação não pode esperar que as pessoas estejam no mesmo cumprimento de onda, como tal não se pode queixar de ser incompreendido.
As carreiras, de formações musicais, com maior sucesso são relatos de trabalho/perseverança/talento e sobretudo humildade.
Na Europa temos muito orgulho, só para dar um exemplo, no Cinema de autor que em muitos casos não passa de "mesadas" para os amigos.
O público tem sempre razão, cada pessoa tem o seu gosto músical (com mais ou menos formação ); quem rotula as pessoas pelo estilo de música que ouve , definitivamente não gosta/compreende de música.
Isto sou eu
Abraços
Bulldozer Membro AAP
Mensagens : 481 Data de inscrição : 12/11/2010
Assunto: Re: Andersen Molière Seg Dez 19 2011, 22:54
Caro Ulrich, compreendo perfeitamente o ponto de vista e até concordo em parte com o mesmo.
Não se trata de rotular as pessoas pela música que ouvem mas sim a falta de oportunidade que é dada aos projectos minoritários, independentemente se as massas preferem ouvir pimbalhada ou não. Cada um ouve o que quer e ainda bem que assim é.
A história está cheia de exemplos de bandas no seu tempo vanguardistas que só chegaram onde chegaram porque alguém lhes deu a mão e tiveram oportunidade de mostrar o seu trabalho (na altura, esse alguém teria que ser obrigatoriamente uma editora que fizesse chegar o trabalho dos artistas à população, pois não havia internet nem meios de divulgação alternativos). Se assim não fosse, se não houvesse editoras dispostas a arriscar e a divulgar certos trabalhos, provavelmente os tópicos "A rodar" não revelariam um quadro tão rico no que ao reportório musical dos membros do AAP diz respeito.
Hoje em dia temos mais meios de divulgação alternativos e cada vez menos vontade das editoras em abraçar a creatividade e criar uma reputação de suportar bons músicos e acima de tudo boa música. Por muito que uma banda como a que se refere neste tópico tenha pretensões de ir mais longe certamente não será fácil manter um emprego a tempo inteiro para sustentar a família e conseguir o tempo/dedicação/ritmo necessários para evoluir musicalmente e apresentar um trabalho de qualidade para apresentar ao público, já para não dizer que o mais certo é ter que disponibilizar o mesmo gratuitamente na internet se quiser ter alguma visibilidade e com um pouco de sorte angaria meia dúzia de concertos...nada disto abona a favor daqueles que apreciam a música como uma arte.
Já nem vou enveredar pela problemática da educação musical que desempenha um papel essencial nas tendências musicais de cada geração e população no geral. Se as crianças são desde cedo impregnadas com géneros musicais pobres, uma educação musical na escola fraca, e uma ausência generalizada de contacto com as artes, não se pode esperar que no futuro saibam apreciar e valorizar aqueles que criam arte na música.
Ulrich Membro AAP
Mensagens : 4947 Data de inscrição : 06/10/2011 Idade : 45 Localização : Aveiro
Assunto: Re: Andersen Molière Seg Dez 19 2011, 23:04
Viva Bulldozer, eu penso da mesma maneira.
Eu só quis relevar o facto de muitas vezes os artistas, numa atitude "autista", se queixam de ser incompreendidos em vez de trabalharem mais a forma de chegar ao coração do público.
Eu gosto do espírito Americano :primeiro pagam-se as contas e depois é que se tem um pouco de liberdade criativa.