Caros amigos,
O meu primeiro texto no audioanalogicodeportugal vai ser original e um pouco provocatorio. Poucos de voçês imaginariam que o meu primeiro texto neste forum (quase exclusivamente ) analogico fosse sobre os CD’s !!! Mas assim vai ser e isto por três razões :
Em primeiro lugar porque gosto da provocaçao saudavel, ou seja, aquela que consiste a fazer as coisas com humor, honestidade e objectividade, mas de uma maneira diferente daquela que fazemos habitualmente, ou que os outros esperam de nos ...
Em segundo para provar que este espaço é verdadeiramente um lugar de tolerância e abertura de espirito, aonde todo tema audio pode ser abordado, enquanto o respeito mutuo for o nosso fio conductor, coisa que deve ser uma regra de vida, mesmo fora deste forum no quotidiano ...
E enfin porque todos temos necessidade de um leitor CD, que seja para escutar (ouvir ???) os discos novos que não existem em vinilo, ou para evitar situaçoes muito graves como :
* A sua mulher que cada vez que ouve um vinilo na Garrard 301, desliga a maquina em deixando a velocidade embraiada, o que destroi a roldana em três ou quatro dias …
* O seu filho mais velho que para fazer o vaidoso com os amigos, e saltar de faixa em ouvindo o « Amused to death do R. Waters », riscando o disco e destruindo ao mesmo tempo o estilete da Ortofon SPU SG que voçê montou à dois dias …
* O filho mais novo de dois anos e imperador em casa, que se assenta ao lado da Pink Triangle Anniversary e utilisa o braço DP6 da MØRCH como travão de mão, e que vém vos ver no duche com o que resta do braço na mão, feliz da caça do dia … (situação horrivel !!!)
* O amigo audiofilo e ligeiramente embriagado que arrebenta a rolha do Champagne no ar e que cai directamente sobre o braço REGA RB 700 com uma Dynavector DXX II montada e destruindo imediatamente o seu exemplar unico, primeiro a sair da prensa do « Déjà vu dos Crosby Stills Nash & Young » … e a célula também !!!
* A sua esposa que tendo deixado o travão da TD124 actionado e exasperada que o gira não rode, mete-se a sacudi-lo como se fazia nos bares com os flipper’s , na esperança de um bonus ou que caia uma garrafa de Coca Cola como nos distribuidores automàticos …
Como dizia então, por todas estas razões e outras que não conheço, e que não quero conhecer, um leitor de CD’s é um mal necessario num sistema. Mas trata-se de escolher um bom ( ou menos mau …), de preferência não muito caro, pois é sempre triste de gastar dinheiro com coisas inutéis, mas bom là tém que ser, e neste caso é para evitar algumas situações dramàticas podendo destabilisar a sua saude mental, e ou, a integridade fisica dos que vivem consigo no dia em que voçê perder essa sagrada saude mental …
Mas, o amador de analogico é um ser sensato e esperto, e para ele a primeira coisa que vai pensar no momento da compra de um CD, é a um constructor de gira discos, pois este duplo estatuto sera uma garantia que este CD deve ser mais analogico à escuta que os outros …
Vamos là ver então juntos se isto é uma realidade em comparando dois leitores de CD, vindos da primeira série de dois construtores veneràvéis de giras, ou seja, da Rega e da Roksan …
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O Rega Apollo tém uma estética radical, que é algo especifico à marca desde a nasçensa do gira-discos Planar nos anos setenta. Mistura unica de simplicidade e de facilidade de utilização. O disco carrega-se por cima e fixa-se directamente ao eixo de rotação pelo meio de um sistéma de clipagem do tipo PlayStation One. Visto sobre este ângulo o Apollo é um digno descendante da originalidade conceptual da familia analogica da Rega.
O Roksan Kandy 2 é mais classico infelismente. Quase feio, é um leitor a gaveta como muitos outros, mas muito bem construido, bem ajustado e feito com materiais de qualidade. Mais tecnologico, ele possede saidas cinch e XLR, facilitando a integração num sistema de topo de gama. Evidentemente o « charme » estético unico da Xerxes està ausente, mas bom é assim !
O Apollo é à escuta doce, meigo e fràgil. A banda encurtada em cima e em baixo, cria uma sensação de coerência rara e permite as escutas longas sém fatiga auditiva. O médio é liquido, harmonioso com uma boa sensação de matéria no baixo médio, o que dà às vozes uma presença quase analogica. O gira Planar da marca é reputado pela esponteneidade assim que pela rapidez dos médios, ora que o Apollo aposta na doçura e no feltrado para obter um « charme » pessoal, que é evidente e de uma grande beleza. Na compléta oposiçao de estilo entre o Planar e o Apollo, este ultimo dà a sensaçao de ser a arma da vingança entre a Rega e a Linn, e faz do CD Apollo o alter-ego do LP12 (com todas as diferenças que se impoém …) no mundo numérico, o que é um grande elogio …
Denso, voluptuoso e tenebroso o Roksan Kandy 2 vai caçar no terreno de certos Naim que custão quatre vezes o preço dele. E um guerreiro Viking capaz de metamorfosar certos sistemas pouco energéticos e com tendência à moleza. A banda é enorme para um leitor desta categoria e nos dois sentidos, agudos e graves. No entanto é capaz de modulação fina e elegante quando a gravação exige. O palco sonoro é bom nas três dimensões, rigoroso e estàvel. E um leitor em antinomia total com o veneràvel gira Xerxes, e dà a impressao que Touraj Mogaddam, na impossibilidade de se aproximar da sua màquina analogica, escolheu a via da oposição, oferecendo um som complétamente diferente no seu leitor de CD’s. O Kandy é um leitor que faz cantar a polvora, mas algo o reune ao Xerxes, mesmo se é em campos opostos, é que ambos soam como nada de outro sobre a planeta terra.
Como véem, a escolha de um leitor de CD’s no catàlogo de um construtor historico de giras, não é obrigatoriamente uma escolha na continuidade sonica, mas geralmente uma oposição de estilo. No entanto qualquer destas màquinas, segundo a sensibilidade de cada um, é quentemente recomendada afim de evitar os problemas acima citados, e mesmo para ouvir musica (de vez em quando) …
Até+