Música de Intervenção

Música de Intervenção  é uma categoria de músicas que engloba canções de música popular compostas com o intuito de chamar a atenção do ouvinte a um determinado problema de um certo país, seja ele de origem social, política ou econômica.

Depois e antes do 25 de abril tivemos uma enorme produção, com todos os nossos heróis, Afonso, Sérgio e afins, muitas delas com a intervenção dos nossos amigos de Angola, Moçambique e acima de tudo do Brasil.

Algumas vezes tenho saudades dos temas que nos obrigavam a pensar.

Esta rubrica é para ser completada com aqueles temas mais ou menos conhecidos. Mas por favor coloquem só aqueles que são em Português, não necessariamente de Portugueses.

Aqui vão dois, recentes e com muita pinta:

Olá.

Aprecio bastante a boa música de intervenção e protesto.

Não aquela politiqueira, populista ou que procura inculcar uma qualquer visão do  mundo ou posição.

Só daquela que, sendo arte, bela, sensível, afectuosa, trata da vida das pessoas comuns.

Por exemplo: gosto de algumas canções do José Mário Branco de um disco editado nos seus tempos de exílio em Paris; mas detesto muitas outras  mais recentes, do tipo politiqueiro de baixa qualidade. (o Zé Mário Branco, que conheci em 1960 ou 1961 dos tempos do "Juvenil" do 'Diário de Lisboa', que perdoe a minha sinceridade e opinião...)

Um cantor de cujas canções de protesto e indignação muito aprecio, é o monegasco Léo Ferré, do "il n'y a plus rien", do "Paris, je ne t'aime plus" (creio que é o título exacto; é sobre o Maio de 68).

A grande arte, mesmo se provém da 'cultura de massas' (nome de uma cadeira de que gostei muito, leccionada pelo Prof. Ramalhosa Guerreiro - que será feito dele?), toca-nos muito, ajuda-nos a sentir melhor a vida e os outros, faz-nos melhorar e crescer por dentro...

Muito cordiais saudações.

td125mkii

E não é mesmo o que todos queremos?

Mário Franco escreveu:

José Mário Branco FMI

Se estas palavras tivessem sido ditas ontem seriam perfeitamente atuais...
Não há maneira do FMI ir embora!

agorgal escreveu:

Mário Franco escreveu:

José Mário Branco FMI

Se estas palavras tivessem sido ditas ontem seriam perfeitamente atuais...
Não há maneira do FMI ir embora!

Hoje já não são ?

Nada para ninguém

Separa o Lixo...

LuisMGS escreveu:

Não conhecia

Um homem com um coração enorme. O amor que tinha pelos presos é notável. Seguiu sempre o seu caminho, sem olhar para o lado. Uma vida de referência.

Uma excelente visão deste tema que se torna ainda mais sinistro.

Fabuloso concerto cujo vinil original já por aqui.

Obrigado Zeca, obrigado a todos os que ajudaram a libertar a palavra, as ideias. Pena estarmos tão mal entregues a este medíocres políticos. Ou se calhar não merecemos melhor...

Alexandre Vieira escreveu:

Fabuloso concerto cujo vinil original já por aqui.

Obrigado Zeca, obrigado a todos os que ajudaram a libertar a palavra, as ideias. Pena estarmos tão mal entregues a este medíocres políticos. Ou se calhar não merecemos melhor...

Sim, cada um tem aquilo que merece mas também é verdade que a miséria gera mais miséria.

Mas vamos lá ver o copo meio cheio e digamos que o português é muito versátil (característica que em SAC constitui uma qualidade).

"Viva eu viva tu"como reza a canção do Sérgio Godinho.



E já agora viva o 25 de Abril porque o 24 de Abril já tinha construído a sua própria cova com as suas próprias mãos.

Quanto ao resto, se não for bom a culpa é de todos.

Esta terra ainda se tornará um imenso portugal...

Houve alguém um dia que disse "um povo sem memória não é povo".

A música de intervenção surgiu da necessidade de se esclarecer minimamente um povo inculto, com uma taxa de alfabetização medíocre, com uma iliteracia enorme e que ouvindo as canções se podia melhor aperceber da situação caótica em que o Portugal de então se encontrava.

Desse tempo destacaram-se (entre outros) José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, José Mário Branco, Padre Fanhais, José Jorge Letria, José Barata Moura, Sergio Godinho, Francisco Naia, Fernando Lopes Graça, António Macedo, Luis Cilia, Manuel Freire, José Carlos Ary dos Santos (poeta), Manuel Alegre (poeta), Luisa Basto, Fausto entre outros. (Até o Jose Cid e o Quarteto 1111 tiveram um disco que a censura considerou de intervenção proibido)

Em Portugal durante alguns anos houve (a seguir ao 25 de abril) uma proliferação de músicas chamadas de intervenção (O Jose Mario Branco detestava esse nome) com o aparecimento de novas formações como o GAC - Grupo de Acção Cultural Vozes na Luta, grupo Outubro, e cantores como Fernando Tordo, Carlos Mendes, Paulo de Carvalho, Pedro Barroso, Carlos do Carmo, Vitorino, Carlos Alberto Moniz e Maria do Amparo, Tonicha, Afonso Dias, Samuel, Alberto Julio, Ermelinda Duarte que não sendo cantora teve um enorme sucesso com o sgl "somos livres" e toda a gente se pôs a gravar aquilo a quem alguém chamou "os sons de abril", até a Amália gravou o Grândola Vila Morena. Seria fastidioso aqui estar a elencar os vários intérpretes que na maioria dos casos se limitaram a gravar 1 ou 2 eps.

Depois o mundo mudou, e durante muitos anos a música de intervenção em Portugal praticamente não existiu fruto da resignação do País e começa um pouco a ressurgir em algumas canções de critica social onde Pedro Barroso é eximio e também com o Rap em especial na região de Lisboa onde as condições de vida são mais dificeis e onde a rejeição social das minorias é um facto preocupante. Aliás há muitos escritos em que o Rap é considerado a nova canção de protesto em analogia com os anos 70.

O que é lamentável é que muitas dessas canções de protesto se tenham perdido no tempo e só estão disponiveis em vinil para os "malucos coleccionadores destas coisas" e as novas gerações não tenham consciência dessa enorme luta que cantores conhecidos e outros anónimos travaram contra a ditadura que nos amordaçou durante demasiados anos.

joevalve escreveu:

Houve alguém um dia que disse "um povo sem memória não é povo".

A música de intervenção surgiu da necessidade de se esclarecer minimamente um povo inculto, com uma taxa de alfabetização medíocre, com uma iliteracia enorme e que ouvindo as canções se podia melhor aperceber da situação caótica em que o Portugal de então se encontrava.

Desse tempo destacaram-se (entre outros) José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, José Mário Branco, Padre Fanhais, José Jorge Letria, José Barata Moura, Sergio Godinho, Francisco Naia, Fernando Lopes Graça, António Macedo, Luis Cilia, Manuel Freire, José Carlos Ary dos Santos (poeta), Manuel Alegre (poeta), Luisa Basto, Fausto entre outros. (Até o Jose Cid e o Quarteto 1111 tiveram um disco que a censura considerou de intervenção proibido)

Em Portugal durante alguns anos houve (a seguir ao 25 de abril) uma proliferação de músicas chamadas de intervenção (O Jose Mario Branco detestava esse nome) com o aparecimento de novas formações como o GAC - Grupo de Acção Cultural Vozes na Luta, grupo Outubro, e cantores como Fernando Tordo, Carlos Mendes, Paulo de Carvalho, Pedro Barroso, Carlos do Carmo, Vitorino, Carlos Alberto Moniz e Maria do Amparo, Tonicha, Afonso Dias, Samuel, Alberto Julio, Ermelinda Duarte que não sendo cantora teve um enorme sucesso com o sgl "somos livres" e toda a gente se pôs a gravar aquilo a quem alguém chamou "os sons de abril", até a Amália gravou o Grândola Vila Morena. Seria fastidioso aqui estar a elencar os vários intérpretes que na maioria dos casos se limitaram a gravar 1 ou 2 eps.

Depois o mundo mudou, e durante muitos anos a música de intervenção em Portugal praticamente não existiu fruto da resignação do País e começa um pouco a ressurgir em algumas canções de critica social onde Pedro Barroso é eximio e também com o Rap em especial na região de Lisboa onde as condições de vida são mais dificeis e onde a rejeição social das minorias é um facto preocupante. Aliás há muitos escritos em que o Rap é considerado a nova canção de protesto em analogia com os anos 70.

O que é lamentável é que muitas dessas canções de protesto se tenham perdido no tempo e só estão disponiveis em vinil para os "malucos coleccionadores destas coisas" e as novas gerações não tenham consciência dessa enorme luta que cantores conhecidos e outros anónimos travaram contra a ditadura que nos amordaçou durante demasiados anos.

Excelente!