José Cid, Aula Magna, 1 de Maio (reportagem)

         Conseguir a proeza de gerar uma história com 10 000 anos em, apenas, sete faixas, baseada na hegemonia militar e tecnológica da União Soviética sobre os Estados Unidos, é obra! Em 1966, a obsessão entre as duas potências por um tira-teimas, podia ter desencadeado a III Guerra Mundial. Apesar de não ter acontecido – esperemos que no tempo presente também não ocorra – José Cid, destemido, empenhou-se em fazer um álbum conceptual como se tivesse existido a guerra, expondo o último dia vivido na Terra.

         No Primeiro de Maio, os terráqueos que compareceram na Aula Magna, participaram numa dupla viagem: no tempo e no espaço. Observaram a destruição do nosso planeta, optando por viajar pelo espaço, avistando Marte, Mercúrio, Vénus e Plutão, e descobrindo o fantástico planeta Mellotron. Vários espanhóis fizeram muitos quilómetros para virem a este encontro, em Lisboa. Duarte Pio de Bragança e sua esposa, representantes da realiza lusitana, também marcaram presença, juntamente com o delfim Miguel Ângelo. Sem encher, mas bem composta, esta mítica sala ganhou vida às 21h35.



         A actuação começou num périplo pelo álbum «Vozes do além», cuja edição regista o atraso de um ano, abordando a temática da reencarnação, mediante letras de Natália Correia e Sophia de Mello Breyner. Depois de «Medo», seguiu-se «Na minha guitarra», do galardoado «Menino prodígio», considerado pela SPA o melhor álbum de música portuguesa de 2015. Também ouviu-se o tema escrito por Jorge Letria, em 1975, «Onde, quando, como, porquê, cantamos pessoas vivas» e «Vida (sons do quotidiano)», a canção que, a seu ver, Cid considera a mais inspiradora.



        Com os quatro temas iniciais, o público ficou climatizado para imaterializar o álbum editado em 1978. Seguindo tema a tema uma narrativa interpretativa, resultando na receptividade entusiasmante do público, realço o facto de muitos adolescentes saberem as letras de cor. Importa também referir que alguém conhecedor da obra dos Genesis, após a era Peter Gabriel, questionava em jeito elogiante, “será que os Genesis, Supertramp ou os Yes, alguma vez terão ouvido esta obra? É que para a época em que foi feita, o nosso José estava muito à frente!”.



         O espectáculo atingiu o clímace com «10.000 anos depois entre Vénus e Marte», cujo início foi entoado por uma das sobrinhas-netas do cantor e, seguidamente, pela assistência. Este tema, juntamente com «O caos» preencheu o encore, onde novamente o publico executou o trecho musical, enquanto que Cid e os restantes elementos despediam-se com vénia.



         Comparativamente ao concerto de 11 de Abril de 2014, realizado no mesmo local, nesta actuação os temas foram revelados com novos e elaborados arranjos, denotando transformação progressiva bem alicerçada na banda (Xico Matias: guitarra; maestro Augusto Vintém: piano e sintetizador; Pepe: baixo; Samuel Henriques: bateria; Gonçalo Tavares: teclas e voz; Carlota e Sofia: vozes), constituindo uma máquina bem afinada, oleada e timbrada, destiladora de enorme experiência e talento. Por tudo isto, a aclamação final foi merecida!

Soberba crónica bem apreciada por não poder estar nesse belo concerto.

E o Chico também merece um aplauso, os tiros ao boneco ficaram de se lhe tirar o chapéu.

Como sempre, excelente reportagem escrita

Peca pela fotográfica, pois das 7 expostas, faltam 693 que o Chico tirou... Nem deve ter tido tempo de ouvir alguma coisa do concerto

Apesar de não gostar muito do dito cujo, não deixo de salientar a excelência da reportagem.

Prezados,

Agradeço as simpáticas palavras referentes à reportagem.

Com melhores cumprimentos,
4u

Também lá estive

E deve estar a chegar o álbum Delux que custa 100 paus, com desconto de vinte perante a apresentação do bilhete