Respeito

        Um amigo, com longos anos em diversos quadros da dura vida de trabalho do mar, surgiu no ilhéu de semblante rude, grave e empalidecido por detestar conviver com a grande e envolvente massa de água salgada nas ilhas desertas madeirenses, porque, qual fantasma, oscila áspera e crispada a ponto de arrepiar experientes homens viventes na nossa orla marítima. Consigo, juntamente com corvina que confeccionamos na brasa, trouxe um Citronic Performer CS300D. Fito o gira-bolachas. É o mesmo modelo que, por ser menos dispendioso que o Technics SL-1200, equipou rádios locais no interior do país. Entrega-mo para afiná-lo, esperando que o seu desempenho venha a gerar empatia. Anoitece e jantamos, mas como a vida não cessa, o marinheiro caparicano despede-se, agendando novo encontro para daqui a quarenta e dois dias, partindo com destino às águas territoriais de Cuba que, segundo ele, comportam-se melhor.



      O gira-bolachas ficou depositado no chão, ao lado do meu equipamento de alta-fidelidade. Volvidos quinze dias, decidi iniciar o trabalho de beneficiação. Limpei contactos interiores/exteriores, lubrifiquei o braço e a polia com uma loção oleosa feita de algas e fígado de bacalhau, reposicionei a célula de leitura Shure M71MB, conferindo-lhe o peso de 2,25 g, abri o meu pré de phono configurando para MM e voilà!



         Em 31 anos possui quatro gira-discos. Neste período, têm passado muitos exemplares pelas mãos, entre os quais alguns descritos por TD124 no seu admirável olhar sobre a selecção de «Dez giras para a história...». Nessa dezena, não escorrego na casca de banana de afiançar que o Y ou Z é o melhor gira-discos do mundo. Nem creio que nenhum deles seja o melhor em termos absolutos, porquanto a meu ver é tudo uma questão de gosto pessoal. Simultaneamente, é verdadeiro e pragmático que nestas fontes analógicas, existem exemplares que soam de forma diferente, sem que isso seja sinónimo de inferioridade. Ora, neste capítulo, a par do "Pionés" (vulgo Pioneer) PL-12D, o Citronic é uma antologia de observações curiosas sobre a bolacha provada (disco), obrigando o ouvinte a uma leitura aparentemente ingénua, remetendo sempre para a musicalidade que pretende contribuir para transformar o mundo analógico regido pelo absolutismo da monarquia das marcas e pelo despotismo de quem olha com desdém para o equipamento profissional. A sua diferença reside no olhar implacável como recolhe informação do disco, tal como afirmou o seu proprietário depois de levá-lo e ouvi-lo inserido no seu sistema, cujo coração é o amplificador integrado Creek 4140 s2, que possui uma unidade de amplificação de qualidade para agarrar o micro-sinal saído de células de tipologia MM/MC, amplificando-o até ficar ao nível de linha. Em suma: muitas vezes, o respeito é um sentimento que tem que ser conquistado; eu e o proprietário respeitamos este gira-discos de origem britânica. Depois de ouvido, o CS300D não se esquece tão depressa, visto que garante prazer na audição. Não se fica a pensar noutros modelos. Fica-se lhe grato pelo generoso convite feito ao amante de vinilo a recostar-se, escutando quer seja Patricia Barber («Modern cool»), Getz/Gilberto com António Carlos Jobim ou Red Hot Chili Peppers («The getaway»), maravilhando pela reprodução conseguida.

Voilà!!!

Olá

No audio o que uns adoram outros detestam...

Não me canso de dizer isto...
Não é por ser desta ou daquela marca que um gira por vezes toca melhor ou pior, por vezes o grande problema é não estar afinado, principalmente a cabeça, pois se estiver fora do local ideal pode tornar um gira inaudível...
Outra questão é o preconceito que muita gente tem... não estou com isto a acusar ninguém, mas ao longo dos anos destas lides já me deparei com muitas afirmações... do género... dessa marca??? nem vale a pena ouvir, pois é... mas por vezes ouvem as marcas de que gostam tocar pior do que as que não gostam, e por vezes o mesmo aparelho inserido num sistema toca muito bem, e noutro sistema muito mal, e acima de tudo o gosto pessoal tem a palavra final... ou deveria ter, e não ser condicionado pela marca...
Fredie

fredy escreveu:

Olá

No audio o que uns adoram outros detestam...

Não me canso de dizer isto...
Não é por ser desta ou daquela marca que um gira por vezes toca melhor ou pior, por vezes o grande problema é não estar afinado, principalmente a cabeça, pois se estiver fora do local ideal pode tornar um gira inaudível...
Outra questão é o preconceito que muita gente tem... não estou com isto a acusar ninguém, mas ao longo dos anos destas lides já me deparei com muitas afirmações... do género... dessa marca??? nem vale a pena ouvir, pois é... mas por vezes ouvem as marcas de que gostam tocar pior do que as que não gostam, e por vezes o mesmo aparelho inserido num sistema toca muito bem, e noutro sistema muito mal, e acima de tudo o gosto pessoal tem a palavra final... ou deveria ter, e não ser condicionado pela marca...
Fredie

Concordo a 100%

Ghost4u escreveu:

 Depois de ouvido, o CS300D não se esquece tão depressa, visto que garante prazer na audição. Não se fica a pensar noutros modelos. g][/center]

Há coisas assim

Quando tiver oportunidade tente ouvir este

JVC Nivico 5240B

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Não há nada como respeitar certos aparelhos menos conhecidos, mas que afirmam bem a sua postura.
Também sou daqueles que acho que a afinação das células é o ponto de maior importância em qualquer gira discos, tirando também a sua afinação normal.
Boa partilha amigo Fantasma

Ghost4u escreveu:

...Em suma: muitas vezes, o respeito é um sentimento que tem que ser conquistado; eu e o proprietário respeitamos este gira-discos de origem britânica. Depois de ouvido, o CS300D não se esquece tão depressa, visto que garante prazer na audição. Não se fica a pensar noutros modelos. Fica-se lhe grato pelo generoso convite feito ao amante de vinilo a recostar-se, escutando quer seja Patricia Barber («Modern cool»), Getz/Gilberto com António Carlos Jobim ou Red Hot Chili Peppers («The getaway»), maravilhando pela reprodução conseguida.[/color][/font]

Belíssimo GHOST4U

Tens toda a razão e na realidade o que importa mesmo é detalhes pequenos mais importantes que fazem de maquinetas simples, bons Ferraris musicais.
Por vezes pequenos acertos fazem a diferença em sí...